segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O piloto do dia - Jenson Button (2ª parte)

(continuação do capitulo anterior)

Contudo, o sucesso de Jenson Button nas pistas disfarçava um problema nos bastidores: a meio de 2004, Button assinava um contrato de duas temporadas com a Williams, fazendo um regresso à equipa que o acolheu quando começou a sua carreira na categoria máxima do automobilismo. David Richards, o seu patrão na BAR, lutou para anular o contrato de Button, que Frank Williams considerava como perfeitamente legal. A disputa chegou até ao Contratual Recognition Board da FIA, sediada em Milão, e a 16 de Outubro desse ano, chegou à conclusão de que para a temporada de 2005, Button estava veiculado à BAR. Um pouco contrariado, Button aceitou prosseguir na equipa.


Contudo, o início de 2005 foi péssimo para ele e para a BAR. A temporada teve um começo pobre, que culminou com uma desclassificação em San Marino, numa corrida onde a terminou na terceira posição. Mas a FIA inspeccionou os seus carros e verificou que o sistema de combustível “escondia” algum desse líquido, permitindo que pudesse andar abaixo do peso mínimo do carro, algo não permitido nos regulamentos. Sendo assim, a FIA decidiu punir de forma severa e excluir a BAR por duas corridas, ficando de fora nos Grandes Prémios de Espanha e do Mónaco. Depois disto, fez uma pole-position no Canadá, e a partir de França, pontuou consecutivamente nas dez corridas seguintes, incluindo dois pódios. No final de 2005, Button tinha conseguido 37 pontos e o nono lugar na classificação geral.


No final desse ano, a BAR decidiu “comprar” o contrato que Button tinha feito à Williams, para que pudesse alinhar ao lado do seu novo companheiro de equipa, o brasileiro Rubens Barrichello. Alegadamente, o preço por essa compra rondou os 30 milhões de dólares, mas numa equipa que iria ser rebaptizada de Honda, o dinheiro parecia não ser problema.


A temporada de 2006, agora a correr sobre a marca nipónica, até nem começou mal, com um pódio na Malásia, e uma pole-position na Austrália, mas uma série de cinco corridas sem pontuar parecia quebrar o ímpeto inicial. Volta a chegar aos pontos quando termina no quarto lugar no GP da Alemanha, em Hockenheim, 15 dias antes da corrida seguinte, no Hugaroring.


O Grande Prémio da Hungria de 2006 iria ser o seu 113º Grande prémio da sua carreira, e as coisas tinham começado mal quando nos treinos teve de mudar de motor, causando uma penalização de dez lugares, obrigando-o a partir da 14ª posição da grelha de partida. Essa posição, num circuito como o Hugaroring, estreito e sem grandes pontos de ultrapassagem, não lhe dava grandes chances de brilhar, caso a corrida se disputasse sob um céu claro e sem nuvens. Mas nesse dia a chuva caiu sobre Budapeste, e as coisas tornaram-se atípicas e imprevisíveis.


Com um arranque excepcional, tinha conseguido ultrapassar alguns pilotos, entre os quais Michael Schumacher, e na volta dez, já era quarto classificado. Os seus feitos na corrida só eram superados pelos de Fernando Alonso, que eram superiores. Mas o espanhol da Renault teve um problema com uma das rodas na saída das boxes, na volta 51, beneficiando Button, que já tinha sido beneficiado anteriormente quando Kimi Raikonnen sofreu uma colisão com o Toro Rosso de Vitantonio Liuzzi.


A partir dali, Button só tinha de levar o seu carro até à bandeira de xadrez, para vencer a sua primeira corrida na carreira, e dar à Honda a sua primeira vitória desde o GP de Itália de 1967, com John Surtees. A sua vitória na Hungria era a primeira de um britânico desde David Coulthard, no GP da Austrália de 2003.


Até ao final do ano, conseguiu mais um pódio no Brasil, mas no final daquela temporada tinha obtido 56 pontos e o sexto lugar no campeonato de pilotos. Tudo indicava que as temporadas seguintes iriam ser melhores para a marca japonesa, um trampolim para os lugares da frente e quem sabe, os títulos mundiais.


Era essa a expectativa que tinham quando foi lançado o modelo RA107. Com uma decoração fora do vulgar, (a primeira vez em 30 anos que um carro iria correr sem patrocinios na sua carenagem), pois tinham pintado o planeta Terra na sua carenagem, julgava-se que as coisas iriam melhorar. Pelo contrário, foi uma espiral em descendente. Um carro mal planeado e mal trabalhado fez com que Button e o seu companheiro Barrichello lutassem para conseguir bons resultados na grelha. E para piorar as coisas, a Super Aguri, a equipa B da Honda, conseguia ser melhor graças ao facto de terem uma evolução do carro do ano anterior, onde por vezes, os pilotos Takuma Sato e Anthony Davidson conseguiam ser melhores do que eles. Quando Button pontuou pela primeira vez, em Magny Cours, com um oitavo lugar, já Sato tinha pontuado por duas vezes.


Button conseguiu depois mais cinco pontos para a Honda (de facto, foi ele que conseguiu os unicos pontos da marca em 2007), caindo no final para um embaraçante 15º lugar na classificação geral, com seis pontos. Em 2008 entra em cena Ross Brawn, ex-engenheiro e projectista da Ferrari, esperando inverter as coisas no panorama geral. Mas como não tinha sido ele a planear o RA108, outro projecto mal nascido pouco se podia fazer senão fazer a evolução possivel. Para Button, este foi um bater no fundo, pois somente conseguiu um sexto lugar em Espanha como melhor classificação do ano, e um 18º lugar na geral.


Este era um bater no fundo para Jenson. Para além dos problemas que passava na Honda, a sua estrela como "piloto favorito de sua Majestade" tinha sido retirado a um jovem novato que tinha surpreendido tudo e todos, chamado Lewis Hamilton. Para melhorar as coisas, era mestiço, estava na McLaren, e tinha afrontado logo na sua primeira temporada todo o "establisment", roçando até o título mundial. Em 2008, numa última volta de uma corrida emocionante, em Interlagos, conseguiu aquilo que a Grã-Bretanha suspirava desde 1996: o título mundial. E numa sexta-feira do inicio de Dezembro de 2008, quando se preparava para gozar uns dias de férias em Lanzarote, o seu "manager" manda um SMS a dizer que a Honda tinha anunciado abruptamente que iria retirar da Formula 1, com efeito imediato.


(continua amanhã)

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