Desde que me meti no negócio do automobilismo, sempre achei fascinantes as corridas que faziam e fazem em Angola. Sendo a terra natal da minha mãe, e com (cada vez mais) familiares nas zonas de Benguela e Lubango (antiga Sá da Bandeira), li muito sobre o automobilismo que se fazia nos tempos coloniais, e descobri virtualmente algumas das personagens que marcaram esse tempo, como o Helder de Sousa e o Armando de Lacerda, um dos membros do Automóvel Clube do Huambo, e organizador daquele que se calhar era das mais importantes provas de Endurance da altura: as Seis Horas de Nova Lisboa (actual Huambo).
No caso do Armando de Lacerda, li atentamente as suas crónicas que postava no Fórum do Autosport português (hoje em dia uma sombra do que já foi. Mas a vida continua...) especialmente a odisseia que foi organizar a edição de 1972, que contou com participantes estrangeiros, alguns deles vindos directamente das 24 Horas de Le Mans. Ainda hoje causa-me algum espanto saber que pilotos do calibre de Hans Stuck, por exemplo, tenham vindo um dia ao Planalto angolano para correr uma prova de Endurance no meio da cidade...
Também nesse Fórum conheci o António Carvalhal, vulgo o mits 650 que, morando na então Lourenço Marques, viu de perto boa parte dos pilotos internacionais que iriam correr no circuito da Costa do Sol, grande parte deles sul-africanos e rodesianos (Basil van Rooyen, John Love, Sam Tingle, Peter de Klerk...) mas também outros de calibre internacional como Jochen Mass ou Niki Lauda. Já disse por algumas vezes que as histórias que coloca nos Fóiruns do Autosport merecem um espaço melhor, como um blogue especifico ou um site, mas enquanto achar melhor colocar ali... quem sou eu para o convencer do contrário?
Depois da Descolonização, e com a saída de boa parte da população europeia e das consequentes guerras civis nesses países, agora em tempo de paz, ambos os países reerguem-se. No caso angolano, conheço um site, o Car Vice, onde se fala a actualidade do automobilismo angolano. Sem as condições de Europa ou América do Norte, o entusiasmo é o mesmo, talvez mais.
Confesso que nunca abordei estes episódios do passado por diversas razões. A principal é o meu pouco conhecimento sobre estes assuntos, e como não quero "passar vergonha" perante senhores melhores conhecedores desse passado do que eu (só nasci em 1976), deixei que outros mais capazes falassem sobre isso.
No inicio da semana, recebo um simpático e-mail do senhor Fábio Pankowsky, de Porto Alegre, e que viveu durante dois anos em Angola. Ele descobriu a história do automobilismo local, especialmente do Clube Tuku-Tuku, de Benguela, e adquiriu o CD com imensas imagens de corridas ao longo dos 50 anos que o clube já leva, e entusiasmado com o que via, decidiu elaborar um blog onde colocou essas fotos, especialmente dos tempos coloniais. Gosto de saber que tal período da história não foi esquecido, e saber que outras pessoas, especialmente as estrangeiras, se entusiasmem com um periodo da história num país africano que agora começa a acordar de um pesadelo com mais de 30 anos.
O nome do blog é Motorsport in Angola, pois aparentemente que fazer a coisa de modo bilingue (inglês e português). Só lhe posso desejar boa sorte nesta aventura, pois o mais fácil já está feito.
Iaew Speeder, quanto tempo hein......
ResponderEliminarno you tube tem um pequeno trecho de uma largada das 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa de 1972 onde uma ponte caiu em frente ao Pace Car com os carros se aquecendo... essa tragedia matou 6 pessoas.... queria fazer um post mas carece de fontes....mas parece que esse acidente parece que foi um atentado terrorista.... mas pouco sei sobre esse episodio.....
http://www.youtube.com/watch?v=8agNuI-c2UY
Pela parte que me toca, obrigado pela referência. Um dia, quqndo tiver tempo, faço um Blog ou um Site para as provas de Moçambique que tenho publicado no autosport. Bom 2010 para ti e continua o teu excelente trabalho aqui no Contitental Circus. ac/mits650
ResponderEliminarKakazu:
ResponderEliminarEsse vídeo está mal datado. A queda da ponte ocorreu em 1974. E não morreu ninguém (parece milagre, né?). E a queda deveu-se ao elevado número de pessoas que se posicionou na mesma para assistir à largada da prova. Falou-se em bombas, sabotagem, mas nada disso se passou.
Tasqueiro
ResponderEliminarPois é, lembro de ter assistido há muito tempo esse video em um VHS, lembro de ter visto Jochen Mass dando entrevista...mas realmente falta informação.
Cogitou sobre atentado terrorista por causa da guerra civil...como nw sei muito sobre a angola fico por aqui pra nw perder o respeito....rsrsrsr