Foi um dos chassis mais usados no inicio dos anos 70, quando estavam em alta. O seu motor V12 conseguia rivalizar, e por vezes bater os dominantes Cosworth V8, e deu à marca fundada por Raymond Mays as suas últimas vitórias na Formula 1. Guiado por pilotos como Jo Siffert, Pedro Rodriguez e Jean-Pierre Beltoise, hoje vou falar do BRM P160 e das suas variantes, um dos bólides marcantes da primeira metade dos anos 70.
O BRM P160 foi a evolução natural do P153, o chassis usado na temporada de 1970. Desenhado por Tony Southgate, que chegara à equipa no final de 1969, era um carro mais refinado em termos de linhas aerodinâmicas. Um chassis monocoque feito em aluminio, tinha um duplo triângulo na suspensão dianteira e um triângulo inferior na suspensão traseira, com o sistema de travões instalado junto às rodas dianteiras e junto ao lugar onde estavam a caixa de velocidades, na traseira do carro. O motor V12 era capaz de debitar cerca de 440 cavalos de potência, conseguindo ser competitivo contra os dominantes Ford Cosworth V8 de 3 litros.
A estreia do carro aconteceu em Kyalami, palco da primeira corrida da temporada de 1971. Pedro Rodriguez foi o piloto escolhido para andar no novo modelo, enquanto que o seu companmheiro de equipa, o suiço Jo Siffert, corria com o P153. Contudo, um segundo chassis estava pronto em Espanha, palco da segunda corrida da temporada, e Siffert pode disfrutar do chassis. Nessa corrida, Rodriguez marcou os primeiros pontos do ano, com um quarto lugar.
Rodriguez conseguiu o primeiro resultado de relevo em Zandvoort, palco do GP da Holanda, onde após uma batalha épica com o belga Jacky Ickx, terminou a corrida na segunda posição. Infelizmente, este foi o seu último resultado de relevo para o piloto mexicano, pois foi morto numa prova da Interserie a 11 de Julho daquele ano, no circuito alemão de Norisring. Pouco depois, foi substituido pelo britânico Peter Gethin, que pouco tempo antes tinha sido despedido da McLaren.
Mas o potencial do carro foi confirmado nas corridas seguintes, principalmente nos circuito de alta velocidade. Agora com a equipa nas mãos de Siffert, o primeiro grande momento de glória foi no circuito de Zeltweg, na Austria, onde Siffert dominou o fim de semana por completo, ao conseguir não só a pole-position, como venceu a corrida e fez a volta mais rápida.
Na prova seguinte, noutro circuito veloz, o de Monza, a BRM esteve em destaque ao dar ao seu outro piloto a sua unica vitória em competição. E que vitória! Numa das médias mais altas de sempre, e numa prova absolutamente disputada ao milésimo, Peter Gethin teve o seu "one hit wonder" ao bater por pouco mais do que um nariz o March do sueco Ronnie Peterson e o Tyrrell do francês Francois Cevért, numa das chegadas mais disputadas da formula 1: os cinco primeiros ficaram separados por 0.2 segundos!
Por esta altura, a BRM tinha um terceiro piloto nas suas fileiras, o australiano Hownden Ganley, que ajudou a marcar mais alguns pontos para a marca, enquanto que na última prova do ano, em Watkins Glen, Jo Siffert levou o seu carro ao segundo lugar final, ajudando a BRM a ficar com o segundo lugar no campeonato de construtores, apenas batido pela Tyrrell. Contudo, isto iria ser sol de pouca dura, pois algumas semanas depois, a 24 de Outubro, quando se disputada a Corrida dos Campeões no circuito britânico de Brands Hatch, o carro de Jo Siffert despista-se, causando um grave incêndio e a morte do piloto de 35 anos. Siffert tinha sido tocado na primeira volta, quando ultrapassava o March de Peterson, causando estragos na suspensão, que cedeu na 14ª volta da corrida, que servia para comemorar o bicampeonato de Jackie Stewart.
Por esta altura, Lord Owen, vendo o potêncial do carro, queria fazer algo inédito a partir de 1972: tendo conseguido o patrocinio da tabaqueira Marlboro, desejava alargar o seu programa para seis carros, uma incrivel soma para o seu tempo. A ideia era que a equipa sustentava três carros, enquanto que os outros três seriam fornceidos a outros, pilotos pagantes, num esquema semelhante ao que fazia a March. E à partida para a temporada de 1972, existiam três carros oficiais para Gethin, o novo recruta, o francês Jean-Pierre Beltoise, vindo da Matra, e Ganley. Os carros privados iam para o veterano espanhol Alexander Soler-Roig, o austriaco Helmut Marko e o sueco Reine Wissel, vindo da Lotus.
O resultado foi uma tremenda confusão. O potêncial do carro foi desbaratado, com os meios a serem dispersos pelos vários carros, e os resultados ressentiram-se. A unica nota de destaque foi a vitória de Beltoise no Mónaco, que viria depois a ser a última vitória da equipa na Formula 1. A meio do ano, a equipa estreou o modelo P180, uma variante do P160, mas era inferior e foi abandonado no final da época.
Em 1973, a BRM decidiu reduzir a sua equipa para três carros, dois oficiais e um privado. Contratou-se o suiço Clay Regazzoni, da Ferrari, para correr ao lado de Beltoise, e um jovem austriaco, de seu nome Niki Lauda, adquiriu um lugar na equipa, pagando do seu próprio bolso. Soube-se depois que foi através de um empréstimo bancário... Nesse ano, estreou-se uma versão D do carro, com um novo bico, e este correspondeu logo, quando Regazzoni faz uma pole-position surpresa no GP inaugural, na Argentina. Em Jarama, palco do GP de Espanha, surgiu a "versão E" do modelo, mas isso foi "fogo de vista" pois ao longo da temporada, a falta de desenvolvimento foi nitida, e os resultados ressentiram-se. No final, a equipa apenas conseguiu 13 pontos na temporada, apesar de algumas boas prestações, principalmente por parte do jovem Lauda.
Em 1974, o carro vai correr uma quarta temporada. Sem o apoio da Marlboro, que ironicamente rumou para a McLaren, a equipa conseguiu arranjar a publicidade de gasolineira Motul para permanecer competitiva. Regazzoni e Lauda partiam para a Ferrari, e no seu lugar vinham os franceses Henri Pescarolo e Francois Migault. Enquanto que Mike Pilbeam, o novo projectista da equipa, projectava o P201 (Southgate tinha saído para a novata Shadow), a equipa corria com os P160E em Buenos Aires com três carros. Beltoise leva o carro para o quinto lugar, a última vez que conseguiria pontuar com esse modelo. Depois da apresentação do modelo P201, em Kyalami, Pescarolo e Migault correram com o antigo modelo até ao final do ano. A última corrida onde este modelo competiu foi o GP da Alemanha, com Migault a bordo, mas não conseguiu ultrapassar a qualificação.
Ficha Técnica:
Chassis: BRM 160
Projectista: Tony Southgate
Motor: BRM V12 de 3 Litros.
Pilotos: Jo Siffert, Pedro Rodriguez, Peter Gethin, Jean-Pierre Beltoise, Helmut Marko, Reine Wissel, Jackie Oliver, Vic Elford, Howden Ganley, Alexander Soler-Roig, Clay Regazzoni, Niki Lauda, Henri Pescarolo, Francois Migault
Corridas: 49
O BRM P160 foi a evolução natural do P153, o chassis usado na temporada de 1970. Desenhado por Tony Southgate, que chegara à equipa no final de 1969, era um carro mais refinado em termos de linhas aerodinâmicas. Um chassis monocoque feito em aluminio, tinha um duplo triângulo na suspensão dianteira e um triângulo inferior na suspensão traseira, com o sistema de travões instalado junto às rodas dianteiras e junto ao lugar onde estavam a caixa de velocidades, na traseira do carro. O motor V12 era capaz de debitar cerca de 440 cavalos de potência, conseguindo ser competitivo contra os dominantes Ford Cosworth V8 de 3 litros.
A estreia do carro aconteceu em Kyalami, palco da primeira corrida da temporada de 1971. Pedro Rodriguez foi o piloto escolhido para andar no novo modelo, enquanto que o seu companmheiro de equipa, o suiço Jo Siffert, corria com o P153. Contudo, um segundo chassis estava pronto em Espanha, palco da segunda corrida da temporada, e Siffert pode disfrutar do chassis. Nessa corrida, Rodriguez marcou os primeiros pontos do ano, com um quarto lugar.
Rodriguez conseguiu o primeiro resultado de relevo em Zandvoort, palco do GP da Holanda, onde após uma batalha épica com o belga Jacky Ickx, terminou a corrida na segunda posição. Infelizmente, este foi o seu último resultado de relevo para o piloto mexicano, pois foi morto numa prova da Interserie a 11 de Julho daquele ano, no circuito alemão de Norisring. Pouco depois, foi substituido pelo britânico Peter Gethin, que pouco tempo antes tinha sido despedido da McLaren.
Mas o potencial do carro foi confirmado nas corridas seguintes, principalmente nos circuito de alta velocidade. Agora com a equipa nas mãos de Siffert, o primeiro grande momento de glória foi no circuito de Zeltweg, na Austria, onde Siffert dominou o fim de semana por completo, ao conseguir não só a pole-position, como venceu a corrida e fez a volta mais rápida.
Na prova seguinte, noutro circuito veloz, o de Monza, a BRM esteve em destaque ao dar ao seu outro piloto a sua unica vitória em competição. E que vitória! Numa das médias mais altas de sempre, e numa prova absolutamente disputada ao milésimo, Peter Gethin teve o seu "one hit wonder" ao bater por pouco mais do que um nariz o March do sueco Ronnie Peterson e o Tyrrell do francês Francois Cevért, numa das chegadas mais disputadas da formula 1: os cinco primeiros ficaram separados por 0.2 segundos!
Por esta altura, a BRM tinha um terceiro piloto nas suas fileiras, o australiano Hownden Ganley, que ajudou a marcar mais alguns pontos para a marca, enquanto que na última prova do ano, em Watkins Glen, Jo Siffert levou o seu carro ao segundo lugar final, ajudando a BRM a ficar com o segundo lugar no campeonato de construtores, apenas batido pela Tyrrell. Contudo, isto iria ser sol de pouca dura, pois algumas semanas depois, a 24 de Outubro, quando se disputada a Corrida dos Campeões no circuito britânico de Brands Hatch, o carro de Jo Siffert despista-se, causando um grave incêndio e a morte do piloto de 35 anos. Siffert tinha sido tocado na primeira volta, quando ultrapassava o March de Peterson, causando estragos na suspensão, que cedeu na 14ª volta da corrida, que servia para comemorar o bicampeonato de Jackie Stewart.
Por esta altura, Lord Owen, vendo o potêncial do carro, queria fazer algo inédito a partir de 1972: tendo conseguido o patrocinio da tabaqueira Marlboro, desejava alargar o seu programa para seis carros, uma incrivel soma para o seu tempo. A ideia era que a equipa sustentava três carros, enquanto que os outros três seriam fornceidos a outros, pilotos pagantes, num esquema semelhante ao que fazia a March. E à partida para a temporada de 1972, existiam três carros oficiais para Gethin, o novo recruta, o francês Jean-Pierre Beltoise, vindo da Matra, e Ganley. Os carros privados iam para o veterano espanhol Alexander Soler-Roig, o austriaco Helmut Marko e o sueco Reine Wissel, vindo da Lotus.
O resultado foi uma tremenda confusão. O potêncial do carro foi desbaratado, com os meios a serem dispersos pelos vários carros, e os resultados ressentiram-se. A unica nota de destaque foi a vitória de Beltoise no Mónaco, que viria depois a ser a última vitória da equipa na Formula 1. A meio do ano, a equipa estreou o modelo P180, uma variante do P160, mas era inferior e foi abandonado no final da época.
Em 1973, a BRM decidiu reduzir a sua equipa para três carros, dois oficiais e um privado. Contratou-se o suiço Clay Regazzoni, da Ferrari, para correr ao lado de Beltoise, e um jovem austriaco, de seu nome Niki Lauda, adquiriu um lugar na equipa, pagando do seu próprio bolso. Soube-se depois que foi através de um empréstimo bancário... Nesse ano, estreou-se uma versão D do carro, com um novo bico, e este correspondeu logo, quando Regazzoni faz uma pole-position surpresa no GP inaugural, na Argentina. Em Jarama, palco do GP de Espanha, surgiu a "versão E" do modelo, mas isso foi "fogo de vista" pois ao longo da temporada, a falta de desenvolvimento foi nitida, e os resultados ressentiram-se. No final, a equipa apenas conseguiu 13 pontos na temporada, apesar de algumas boas prestações, principalmente por parte do jovem Lauda.
Em 1974, o carro vai correr uma quarta temporada. Sem o apoio da Marlboro, que ironicamente rumou para a McLaren, a equipa conseguiu arranjar a publicidade de gasolineira Motul para permanecer competitiva. Regazzoni e Lauda partiam para a Ferrari, e no seu lugar vinham os franceses Henri Pescarolo e Francois Migault. Enquanto que Mike Pilbeam, o novo projectista da equipa, projectava o P201 (Southgate tinha saído para a novata Shadow), a equipa corria com os P160E em Buenos Aires com três carros. Beltoise leva o carro para o quinto lugar, a última vez que conseguiria pontuar com esse modelo. Depois da apresentação do modelo P201, em Kyalami, Pescarolo e Migault correram com o antigo modelo até ao final do ano. A última corrida onde este modelo competiu foi o GP da Alemanha, com Migault a bordo, mas não conseguiu ultrapassar a qualificação.
Ficha Técnica:
Chassis: BRM 160
Projectista: Tony Southgate
Motor: BRM V12 de 3 Litros.
Pilotos: Jo Siffert, Pedro Rodriguez, Peter Gethin, Jean-Pierre Beltoise, Helmut Marko, Reine Wissel, Jackie Oliver, Vic Elford, Howden Ganley, Alexander Soler-Roig, Clay Regazzoni, Niki Lauda, Henri Pescarolo, Francois Migault
Corridas: 49
Vitórias: 3 (Siffert 1, Gethin 1, Beltoise 1)
Pole-Positions: 2 (Siffert 1, Regazzoni 1)
Voltas Mais Rápidas: 2 (Siffert 1, Beltoise 1)
Pontos: 66 (Beltoise 20, Siffert 19, Gethin 10, Rodriguez 9, Ganley 4, Regazzoni 2, Lauda 2)
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/BRM_P160
http://www.conceptcarz.com/vehicle/z15268/BRM-P160.aspx
Pole-Positions: 2 (Siffert 1, Regazzoni 1)
Voltas Mais Rápidas: 2 (Siffert 1, Beltoise 1)
Pontos: 66 (Beltoise 20, Siffert 19, Gethin 10, Rodriguez 9, Ganley 4, Regazzoni 2, Lauda 2)
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/BRM_P160
http://www.conceptcarz.com/vehicle/z15268/BRM-P160.aspx
Um carro lindo, mas o que mais me impressionou foi a estrela de três pontas enorme na foto do meio do post.
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