sexta-feira, 26 de março de 2010

O piloto do dia - Martin Donnelly


A Irlanda do Norte já contribuiu para o automobilismo mundial graças a pilotos como John Watson e Eddie Irvine. Contudo, entre estes dois pilotos existe um terceiro que tinha tanto potencial como estes dois, mas um grave acidente travou essa potencialidade. No dia em que comemora o seu 46º aniversário, falamos de Martin Donnelly.

Nascido a 26 de Março de 1964 em Belfast, começou a sua carreira nos monolugares na Formula Ford 2000 nas pistas inglesas. Em 1986 passa para a Formula 3, onde em poucas corridas, surpreende tudo e todos ao ganhar quatro corridas e a chegar no final da temporada na terceira posição do campeonato. No ano seguinte, começa mal a temporada, mas muda-se para a Intersport, onde volta às vitórias e fica de novo no terceiro lugar do campeonato de Formula 3.

Estas demonstrações o fizeram com que desse o salto para a Formula 3000 a meio da temporada de 1988, a bordo dos carros da Eddie Jordan Racing, substituindo o italiano Alessandro Santin. O seu companheiro de equipa era o britânico Johnny Herbert, e a sua oportunidade de demonstrar o seu talento aconteceu na pior altura possivel: em Brands Hatch.

Nessa corrida, Donnelly era o segundo da grelha, ao lado de Herbert, quando a meio dela aconteceu um terrivel acidente, envolvendo nove carros e ferindo seriamente o piloto britânico. Donnelly safou-se e na relargada, dominou a corrida de modo tão convincente que a venceu com quase meio minuto de avanço sobre o segundo classificado, o italiano Pierluigi Martini. Com Herbert no hospital, Donnelly tornou-se no primeiro piloto, e transformou-se num inesperado candidato ao título, vencendo mais uma corrida, em Dijon, e conseguindo mais dois pódios, terminando a temporada no terceiro posto do campeonato. Esta sua demonstração de condução foi tal que foi votado como um dos mais prometedores pilotos do ano na Grã-Bretanha.

Em 1989, Donnely tinha como companheiro de equipa o francês Jean Alesi, que também tinha fama de bom piloto, e que dominou a temporada daquele ano, rumando ao título e a uma oportunidade na Formula 1. Quanto a Donnelly, só venceu uma corrida, em Brands Hatch, o mesmo palco da sua vitória no ano anterior, e terminou a temporada no oitavo posto, com 13 pontos.

Mas teve também a sua oportunidade na Formula 1, nesse mesmo ano, quando substituiu um lesionado Derek Warwick na Arrows, no GP de França. Nesta sua estreia com o carro, conseguiu qualificar-se com facilidade e levou o carro até ao 12º posto final, apesar de largar com o carro-reserva, depois de ter ficado envolvido no acidente da volta inicial, onde o March de Mauricio Gugelmin andou às voltas pelo ar...

Essas demonstrações, quer na Formula 3000, quer na Formula 1, fizeram com que fosse escolhido para ser piloto da Lotus em 1990, ao lado do homem que o substituiu na Arrows: Derek Warwick. A Lotus iria ter nesse ano motores Lamborghini V12 e um chassis 102, desenhado por Frank Dernie, que era a evolução do modelo anterior.

Neste ano inicial, a Lotus teve um desempanho pior do que no ano anterior, devido ao facto do carro ter um motor maior e menos fiável do que os Judd que os equipavam no ano anterior. Warwick e Donnelly debatiam-se com o carro, mas o inglês conseguia levar o carro aos lugares pontuáveis por algumas vezes. Quanto ao norte-irlandês, apesar de não conseguiur pontuar, não estava a ter uma má temporada, tentando adaptar-se ao carro que conduzia. O seu melhor resultado foi um sétimo lugar no GP da Hungria.

Quando o circo da Formula 1 chega ao circuito de Jerez de la Frontera, para o GP de Espanha, a Lotus esperava obter um bom resultado, e isso implicava colocar o seu carro nos dez primeiros e um lugar pontuável. Contudo, na sexta-feira de manhã, quando faltavam pouco mais de dez minutos para o final da sessão, o desastre acontece.

Numa volta lançada, Donnely aproxima o seu Lotus da curva Enzo Ferrari, a penultima curva antes da meta, que se faz a fundo. De repente, algo se parte no seu carro, que o faz ir direito aos rails de protecção, desintegrando a frente do seu carro e os destroços a ficarem espalhados pela pista, incluindo o piloto. A imagem de Martin Donnelly, no meio do asfalto, sem sinais de vida aparente, ainda com os cintos colocados, foi muito marcante naquele fim de semana e naquele ano, lembrando velhos fantasmas esquecidos há algum tempo.

Contudo, Donnelly apresentava sinais vitais e foi socorrido de imediato. Levado para o hospital de Sevilha, apresentava várias fracturas nas pernas, braços, queixo, crânio e espinha. Tinha também um pulmão perfurado e algums rupturas internas, mas o seu estado não era de morte iminente.

O acidente não podia ter aparecido na pior altura para Donnelly e a Lotus: para o piloto, ele iria ser o piloto principal na equipa na temporada de 1991, ao lado do estreante Mika Hakkinen, enquanto que a Lotus precisava do patrocinio da R.J. Reynolds, que fornecia a marca Camel para continuar a correr. A marca foi embora no final de 1990, e a marca viu-se em maus lençõis até ao inicio de 1991, quando Peter Collins assumiu as rédeas da equipa.

O piloto passou mais de um ano em operações e varias sessões de fisioterapia, para fazer uma recuperação total. Contudo,não mais voltou a sentar-se num carro de Formula 1.

Quando no inicio deste ano Martin Donnelly foi ao pavilhão da Lotus ver o seu chassis de 1990, explicou as razões para o acidente e consequente ruptura do seu chassis: "O cockpit tinha sido desenhado para os pilotos de 1989, Satoru Nakajima e Nelson Piquet, que tinham cerca de 1.70 metros. Quando foi a nossa vez de pilotar, como os regulamentos tinham sido modificados, obrigando os pedias a estrarem atrás do eixo, eu e o Derek Warwick começamos a sofrer com isso, especialmente cãimbras nas pernas. Pouco depois, eles andaram a modificar o chassis de forma a guiarmos mais confortavelmente e a suportar melhor o motor V12 da Lamborghini".

Após este período de tempo, Donnelly continuou-se a envolver na competição, primeiro construindo a sua equipa de competição, a MDR Racing, que começou na Formula Vauxhall, e depois na Formula 3 britânica no final da década de 90, tendo nas suas fileiras pilotos como Mario Haberfeld, Enrique Bernoldi e Jenson Button. Esta durou até ao final de 1998.

Após isso, regressou às corridas, de forma amadora e ultimamente até corre pela sua equipa nos tempos da Formula 1: a Lotus. Um bom exemplo disso foi em 2007, quando pegou num modelo Elise, e contra outros 35 carros, venceu sem problemas uma prova da Elise Trophy. Sinal que, apesar das contrariedades, o seu instinto corredor não tinha sido perdido.

Fontes:

http://www.forix.com/8w/donnelly.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Martin_Donnelly_(racing_driver)
http://www.grandprix.com/gpe/drv-donmar.html
http://www.f1fanatic.co.uk/2010/01/16/martin-donnelly-on-the-crash-that-almost-killed-him-autosport-international/

1 comentário:

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...