terça-feira, 13 de abril de 2010

O piloto do dia - Ricardo Zuniño

Hoje em dia, chegar à Formula 1 é uma tarefa difícil. Anos e anos nas categorias de base, e por vezes uma boa carteira cheia de euros ou dólares, são os critérios para conseguir um almejado lugar na categoria máxima do automobilismo. Provavelmente, a profissão mais elitista do mundo. Mas há 30 anos, as coisas eram um pouco mais fáceis, e até se podia chegar de formas mais inesperadas. Como aconteceu no caso de Ricardo Zuniño, um argentino que teve a sua oportunidade quando Bernie Ecclestone precisou desesperadamente de um substituto para Niki Lauda, quando abandonou inesperadamente a equipa, no primeiro dia de treinos do GP do Canadá de 1979.

Nascido a 13 de Abril de 1949 na localidade argentina de San Juan, de uma familia abastada, Zuniño começou a sua carreira em 1969, a correr em Sport-Protótipos, para depois competir em Turismos, a bordo de carros da Fiat. Assim foi até 1977, quando aproveita a oportunidade concedida pelo Automovél Clube da Argentina para correr na Europa, tentando seguir os passos de Carlos Reutmann, que corria com sucesso na Formula 1.

Quando chega, vai correr na Formula 2, mas sem resultados de relevo no seu primeiro ano. Em 1978, as coisas caminham para ser mais um ano anómino, mas começa a ter alguns resultados de relevo, com dois quintos lugares. No final desse ano volta a Argentina, onde ganha uma prova e sobe ao pódio noutra, batido apenas pelo brasileiro Ingo Hoffman.

Em 1979, tenta a sua sorte num projecto aliado à BS Specifications, mas não dá em nada. Depois volta à Formula 2, mas sem grande interesse. A meio do ano, muda-se para a Aurora F1, a série britânica da categoria máxima do automobilismo, primeiro num McLaren M23 Cosworth, e depois num Arrows A1, começa a obter bons resultados, com uma vitória e vários pódios, terminando a temporada no quinto lugar da classificação.

Por essa altura, as prestações de Zuniño atraem a atenção do patrão da Brabham, Bernie Ecclestone. Provavelmente, também com a ajuda de Carlos Reutmann, seu ex- piloto, Zunino tem uma hipótese de testar o Brabham BT48 em Silverstone. Sem grandes resultados, o piloto argentino vai a Montreal como espectador. E inesperadamente, na sexta-feira de manhã, Niki Lauda, o piloto principal, causa choque e espanto quando anuncia a sua retirada da competição. Desesperado, Bernie Ecclestone chega a anunciar nos altifalantes que precisa de um piloto para o lugar de Lauda. Zuniño aparece nas boxes da Brabham e é escolhido.

Contudo, se oficialmente as coisas foram assim, na realidade, Ecclestone já sabia mais ou menos da falta de motivação do então bicampeão austriaco, e Zunino provelemente tinha sido avisado para estar de prevenção, caso Lauda saísse da equipa antes do final do ano. E também poderia ter a ver com o interesse de Ecclestone no mercado argentino... Quando aconteceu, ele preencheu o lugar. Com uma qualificação modesta, acabou a corrida no sétimo posto, a quatro voltas do vencedor.

Ecclestone ficou com ele para o resto da época e em Watkins Glen, qualificara-se no nono posto, mas despistou-se na 25ª volta. Apesar de não ter tido resultados relevantes, Zuniño ficou na Brabham para 1980, ao lado de Nelson Piquet. Essa foi uma pequena surpresa, pois os observadores não tinham visto em Zuniño um piloto fora do vulgar.

Nas duas primeiras corridas do ano, o piloto ficou no fundo da grelha e fora dos pontos, embora tenha repetido o sétimo lugar de Montreal em casa, no GP da Argentina. Mas à medida que a temporada avança, as performances do piloto ficam muito aquém do esperado, pois o seu companheiro Piquet já ganhava corridas... após não se ter qualificado no GP do Mónaco e de performances no fundo da grelha, Zuniño é substituido pelo mexicano Hector Rebaque após o GP de França.

Ficando de fora até ao final do ano, no inicio de 1981, Zuniño foi contactado por Ken Tyrrell para correr no seu carro para substituir o americano Kevin Cogan. Por essa altura, Tyrrell procurava desesperadamente por um bom segundo piloto, pois andava sempre desesperado por dinheiro suficiente pra completar o orçamento. Zuniño aceitou, mas na prova "rebelde" de Kyalami, feita á revelia da FISA (era a altura da guerra FISA-FOCA), Zuniño correu na Brabham para substituir Rebaque. Andou durante algum tempo no segundo posto, mas acabou no oitavo lugar.

Voltou à Tyrrell para correr nas rondas sul-americanas. No Brasil acabou a prova no 13º posto, a duas voltas do vencedor, e na prova seguinte, em Buenos Aires, apesar de estar no fundo da grelha, deu um salto de dez lugares, graças a um arranque excepcional. Contudo, cortou uma chicane e foi penalizado em... uma volta. No final, ficou na 13ª posição, a duas voltas do vencedor. Quando a Formula 1 foi para a Europa, Tyrrell decidiu contratar um piloto mais prometedor: o italiano Michele Alboreto. Logo a seguir, teve um convite para correr na Ensign, mas ele disse que o carro não era competitivo o suficiente.

A sua carreira na Formula 1: 11 Grandes Prémios em três temporadas (1979-81), zero pontos.

Após a sua passagem pela Formula 1, a sua carreira competitiva ficou-se por ali. Primeiro, a Guerra das Malvinas (ou Falklands) destruiu quaisquer hipótese de carreira competitiva, e Zuniño decidiu dedicar-se à hotelaria na sua região natal, San Juan, e participa em ralis históricos na sua Argentina natal.

Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Zuni%C3%B1o
http://www.grandprix.com/gpe/drv-zunric.html
http://forix.autosport.com/8w/zunino.html
http://www.f1rejects.com/drivers/zunino/index.html
http://continental-circus.blogspot.com/2009/09/historieta-da-formula-1-como-bernie.html

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