Quando era mais jovem e com muito menos juízo do que agora, fazia como os ditos "torcedores de futebol", mas que não são mais do que anti-qualquer clube, que celebram quando o seu "inimigo" perde algum jogo. Nessa altura, torcia por qualquer piloto que fizesse frente ao meu "Nemesis", chamado Michael Schumacher. E Jacques Villeneuve, então, tocou-me em particular.
Filho de Gilles Villeneuve, uma lenda do automobilismo, mais celebrado pela sua garra do que pelas suas conquistas, quando ele começou a sua carreira, todos esperavam que fosse como o pai. E até começou bem: foi para a CART e em 1995 venceu as 500 Milhas de Indianápolis e em consequência, o título, ao volante de um carro com o numero 27.
Quando Frank Williams lhe concedeu um teste e em consequência lhe deu um contrato para correr na Formula 1, teve uma entrada de leão: fez a pole-position e deu nas vistas na Austrália, incluindo uma derrapagem controlada "in extremis" que lhe permitiu segurar a liderança face a Damon Hill, seu companheuro de equipa. Para os que consideravam Jacques como a encarnação de Gilles, foi o delírio.
E lembro-me disso, particularmente quando fez a outra cena marcante daquele ano de 1996: ultrapassar Michael Schumacher - por fora - na Parabólica Ayrton Senna, no Autódromo do Estoril, na última vez em que a Formula 1 esteve entre nós. Achei que Jacques tinha dado mostras de que tinha estofo para ser campeão, a bordo de um carro desenhado para tal, mas que não podia conquistar, pois em primeiro lugar, estava Damon Hill.
Na altura, dava-me bem com um rapaz que era torcedor de Michael Schumacher. Numa disputa saudável (nunca nos zangamos por causa disso), eu afirmei-me como lider da "facção villeneuvista", pois achava que, tal como era Schumacher, o canadiano era outro predestinado. E aquela temporada de 1997 foi ardua e forte, com os dois no auge das suas capacidades.
E depois veio Jerez, a última prova do ano. Ver aquele carro vermelho à frente do azul era um motivo de ansiedade, pois sabia-se que o alemão poderia fazer qualquer manobra para alcançar o título, seja ela legal ou não. Quando Jacques Villeneuve tenta aquela manobra no final da recta Dry Sac, e Schumacher defendeu-se, tentando abalroá-lo, tive um momento de frustração, para logo a seguir aparecer outro de euforia, quando vi o alemão parar na gravilha. E nas voltas finais, pedir aos Céus e aos Deuses para que os estragos do carro de Jacques não fossem impeditivos de cruzar a meta. Foi "in extremis", mas conseguiu e conquistou aquilo que o pai Gilles não conseguiu fazer na Ferrari: ser campeão do mundo.
Passaram-se doze anos desde esse dia de Novembro. Cresci, ganhei juizo e reconheci a capacidade de Michael Schumacher, vendo a Formula 1 pelo seu todo e nunca por piloto x ou y. Quanto a Jacques Villeneuve, após estes anos todos, dou por mim a pensar se não foi o espírito do pai, qual alma penada e frustrado por não ter ganho o título, ter incarnado no filho e dado o seu melhor para poder conquistar em nome da familia Villeneuve e descansar em paz. Porque nos anos que seguiram, fiquei com a sensação que não era mais do que um bom piloto, primeiro na BAR, depois na Renault, Sauber e BMW, especialmente nesse último ano.
Em 2006, fiquei com a sensação de que ele era um empecilho na BMW, pois aparentemente, libertá-lo do seu contrato custaria muito mais dinheiro do que aquele que a equipa estaria disposto a pagar. Não sei se estava cansado da Formula 1, se fazia aquilo gozando na cara dos novos proprietários, e não se aplicando verdadeiramente para conseguir bons resultados. Quando vi ele sair da Formula 1 pela porta pequena, após o GP da Alemanha, senti que aqueles anos todos, após o título de 1997, foram um desperdício. Ou não.
Depois disso, vi-o a correr um numero variado de carros, em várias categorias automobilisticas. Desde os NASCAR americanos até à Le Mans Series, pela Peugeot. Acreditei que iria ganhar as 24 Horas de Le Mans, para conseguir a "Tripla Coroa", algo que só Graham Hill, pai de Damon conseguiu. Mas achei que fazia aquilo tudo de forma desleixada, como que a não importar-se com o seu estatuto como piloto e as suas obrigações inerentes. Mas no final, acho que é o seu estilo.
Este ano, fiquei surpreendido por ouvir que ele queria regressar à categoria máxima do automobilismo. Aos 38 anos. Queria seguir o exemplo de Michael Schumacher, e preparou-se especialmente para isso. Curiosamente, tinha ido embora na mesma altura do que ele, e pensei o que fazia mexer ali. Ele afirmou que tinha sido por causa dos filhos. Será mesmo isso? A paternidade incutiu-lhe juízo? Não sei o que dizer.
No final, acho que foi um bom naquilo que fez, apesar das expectativas que tinha para que fizesse muito mais. Mas pronto... hoje em dia, vejo as coisas porque gosto de apreciá-las e não porque "torço contra y". Talvez seja a lição que a vida me deu: apreciar as coisas por si mesmas.
Filho de Gilles Villeneuve, uma lenda do automobilismo, mais celebrado pela sua garra do que pelas suas conquistas, quando ele começou a sua carreira, todos esperavam que fosse como o pai. E até começou bem: foi para a CART e em 1995 venceu as 500 Milhas de Indianápolis e em consequência, o título, ao volante de um carro com o numero 27.
Quando Frank Williams lhe concedeu um teste e em consequência lhe deu um contrato para correr na Formula 1, teve uma entrada de leão: fez a pole-position e deu nas vistas na Austrália, incluindo uma derrapagem controlada "in extremis" que lhe permitiu segurar a liderança face a Damon Hill, seu companheuro de equipa. Para os que consideravam Jacques como a encarnação de Gilles, foi o delírio.
E lembro-me disso, particularmente quando fez a outra cena marcante daquele ano de 1996: ultrapassar Michael Schumacher - por fora - na Parabólica Ayrton Senna, no Autódromo do Estoril, na última vez em que a Formula 1 esteve entre nós. Achei que Jacques tinha dado mostras de que tinha estofo para ser campeão, a bordo de um carro desenhado para tal, mas que não podia conquistar, pois em primeiro lugar, estava Damon Hill.
Na altura, dava-me bem com um rapaz que era torcedor de Michael Schumacher. Numa disputa saudável (nunca nos zangamos por causa disso), eu afirmei-me como lider da "facção villeneuvista", pois achava que, tal como era Schumacher, o canadiano era outro predestinado. E aquela temporada de 1997 foi ardua e forte, com os dois no auge das suas capacidades.
E depois veio Jerez, a última prova do ano. Ver aquele carro vermelho à frente do azul era um motivo de ansiedade, pois sabia-se que o alemão poderia fazer qualquer manobra para alcançar o título, seja ela legal ou não. Quando Jacques Villeneuve tenta aquela manobra no final da recta Dry Sac, e Schumacher defendeu-se, tentando abalroá-lo, tive um momento de frustração, para logo a seguir aparecer outro de euforia, quando vi o alemão parar na gravilha. E nas voltas finais, pedir aos Céus e aos Deuses para que os estragos do carro de Jacques não fossem impeditivos de cruzar a meta. Foi "in extremis", mas conseguiu e conquistou aquilo que o pai Gilles não conseguiu fazer na Ferrari: ser campeão do mundo.
Passaram-se doze anos desde esse dia de Novembro. Cresci, ganhei juizo e reconheci a capacidade de Michael Schumacher, vendo a Formula 1 pelo seu todo e nunca por piloto x ou y. Quanto a Jacques Villeneuve, após estes anos todos, dou por mim a pensar se não foi o espírito do pai, qual alma penada e frustrado por não ter ganho o título, ter incarnado no filho e dado o seu melhor para poder conquistar em nome da familia Villeneuve e descansar em paz. Porque nos anos que seguiram, fiquei com a sensação que não era mais do que um bom piloto, primeiro na BAR, depois na Renault, Sauber e BMW, especialmente nesse último ano.
Em 2006, fiquei com a sensação de que ele era um empecilho na BMW, pois aparentemente, libertá-lo do seu contrato custaria muito mais dinheiro do que aquele que a equipa estaria disposto a pagar. Não sei se estava cansado da Formula 1, se fazia aquilo gozando na cara dos novos proprietários, e não se aplicando verdadeiramente para conseguir bons resultados. Quando vi ele sair da Formula 1 pela porta pequena, após o GP da Alemanha, senti que aqueles anos todos, após o título de 1997, foram um desperdício. Ou não.
Depois disso, vi-o a correr um numero variado de carros, em várias categorias automobilisticas. Desde os NASCAR americanos até à Le Mans Series, pela Peugeot. Acreditei que iria ganhar as 24 Horas de Le Mans, para conseguir a "Tripla Coroa", algo que só Graham Hill, pai de Damon conseguiu. Mas achei que fazia aquilo tudo de forma desleixada, como que a não importar-se com o seu estatuto como piloto e as suas obrigações inerentes. Mas no final, acho que é o seu estilo.
Este ano, fiquei surpreendido por ouvir que ele queria regressar à categoria máxima do automobilismo. Aos 38 anos. Queria seguir o exemplo de Michael Schumacher, e preparou-se especialmente para isso. Curiosamente, tinha ido embora na mesma altura do que ele, e pensei o que fazia mexer ali. Ele afirmou que tinha sido por causa dos filhos. Será mesmo isso? A paternidade incutiu-lhe juízo? Não sei o que dizer.
No final, acho que foi um bom naquilo que fez, apesar das expectativas que tinha para que fizesse muito mais. Mas pronto... hoje em dia, vejo as coisas porque gosto de apreciá-las e não porque "torço contra y". Talvez seja a lição que a vida me deu: apreciar as coisas por si mesmas.
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