A carga de trabalhos que tive nestes últimos dois dias, mais uma súbita falta de inspiração, impediu-me de escrever na minha 5ª Coluna no dia habitualmente reservado para isso. Assim sendo, vou já dar as minhas desculpas por isso. Dito isto, vamos ao que interessa.
O fim de semana que passou observei duas realidades paradoxais: a emoção até ao último segundo no Rali da Nova Zelândia, com um final digno de qualquer filme de Alfred Hitchcock, e o aborrecimento que nos deu ao ver Mark Webber liderar de fio a pavio no GP de Espanha de Formula 1, no circuito de Barcelona e sob um céu limpido.
Rali da Nova Zelândia: nada está decidido até à linha de meta!
O Rali da Nova Zelândia é no outro lado do Mundo, mas nos últimos anos tem estado nas capas das revistas especializadas devido ao facto das suas decisões finais ficarem muito apertadas entre eles. O recorde da diferença mais curta de sempre em ralis aconteceu na edição de 2007, quando Marcus Gronholm bateu Sebastien Löeb por uns meros 0,3 segundos. Numa prova deste tipo, foi obra!
Este ano, as coisas foram semelhantes. Num mar de Citroens, o melhor foi um Ford, o de Jari-Matti Latvala, que brilhou no mesmo rali em que Mikko Hirvonen esteve muito discreto. Latvala bateu Sebastien Ogier, que parecia ir caminhando para uma merecida primeira vitória, mas que no final foi superado pelo finlandês da Ford.
Mas este não foi uma luta a dois. O que mais ficou na minha retina foi que foram pelo menos cinco candidatos à vitória: Latvala, Ogier, Löeb, Dani Sordo e Petter Solberg. E ver a grande prova que fez o heptacampeão francês. O seu segundo dia de rali, depois de perder mais de um minuto na véspera devido a um acidente que danificou a sua porta, deveria ficar nos anais do automobilismo, pois a sua condução foi tão limpa, tão louca, tão isenta de erros. Se queriam um bom motivo para justificar os sete títulos mundiais, podem escolher este dia em paragens kiwis, pois acho que se tornou num clássico.
Contudo, Löeb bateu de novo no último dia, e na última classificativa, e assim perdeu a hipótese de nova vitória para o seu palmarés, e a Ford conseguiu a sua segunda vitória do ano caida quase do Céu aos trambolhões. É certo que Latvala é um justo vencedor, pois teve sempre junto dos lideres, e soube aproveitar a oportunidade para ser o último a rir perante a armada Citroen. Um claro contraste ao segundo lugar que perdeu no Rali da Polónia do ano passado, quando bateu na última curva da última classificativa...
Formula 1: Como esperado, os Red Bull dominaram
Em claro contraste, a Formula 1 em Barcelona foi o esperado: uma corrida aborrecida. Mark Webber decidiu tudo nos treinos, ao fazer a "pole-position" e liderar a corrida de fio a pavio, logo, conquistando a sua terceira vitória da carreira e a ser o quarto piloto a vencer em cinco provas. Mas apesar deste pesseio, houve momentos emocionantes que vale a pena referir, principalmente dois deles.
O primeiro foi o problema de travões de Sebastien Vettel. Fica-se a pensar que aquele terceiro lugar final sabe a pouco, dada a sua potencialidade, e ainda por cima, esse lugar no pódio "caiu do Céu" quando Lewis Hamilton teve um furo e bateu. Mas quando se soube das circunstâncias que Vettel passou nas suas voltas finais, fiquei com a impressão de que aquilo foi heróico. Com o disco de travão rachado, foi aconselhado pelo seu engenheiro e pela equipa a encostar à boxe e desistir. Mas ele recusou abandonar e foi recompensado com um lugar no pódio e continua na luta pelo título.
Sou honesto: depois de ter sabido disso, cada vez admiro o Sebastian Vettel. Gostei imenso da sua atitude de "não desistir" dele, confiando na sorte. No final acabou por ser recompensado com um terceiro lugar e o respectivo lugar no campeonato do mundo. no final da época, esta atitude pode determinar a decisão do campeonato do Mundo de 2010, ah pois!
E se "Seb" teve sorte, Lewis Hamilton teve azar. A sua atitude agressiva em corridas, bom em pistas humidas e molhadas para chegar rapidamente à frente com o seu McLaren, desta vez deu mau resultado em Barcelona, quando o pneu rebentou a duas voltas do fim, quando tinha um segundo lugar mais do que certo. É certo que foi um furo, mas este seu estilo agressivo de inicio de corrida, para tentar alcançar um lugar o mais à frente possivel, numa era em que o reabastecimento foi abolido, pode ter resultados em termos de classificação, mas deixa-o num limite que pode ser quebrado a qualquer momento. E como aconteceu no caso de Vettel, mais do que sorte ou azar, foi o seu comportamento em pista que determinou o destino do piloto britânico. E é por isso que Jenson Button é o lider, e ele não.
Para finalizar, uma referência à GP2. No seu fim de semana de estreia, o equilibrio vai ser a nota dominante, tal como nos últimos anos. E foi interessante ver a Ocean Racing Tech, o projecto português de Tiago Monteiro e José Guedes comemorar a sua segunda vitória da carreira, na Sprint Race, com o jovem suiço Fabio Leimer ao volante. É bom ver um projecto nacional a vencer, um sinal de que não só é para levar a sério, como tem um excelente potencial no futuro, pois será um farol e um trampolim para futuros pilotos nacionais.
E pronto, esta semana já disse tudo. Agora vamos ver o fim de semana automobilistico no sitio mais clássico de todos: o circuito do Mónaco.
O fim de semana que passou observei duas realidades paradoxais: a emoção até ao último segundo no Rali da Nova Zelândia, com um final digno de qualquer filme de Alfred Hitchcock, e o aborrecimento que nos deu ao ver Mark Webber liderar de fio a pavio no GP de Espanha de Formula 1, no circuito de Barcelona e sob um céu limpido.
Rali da Nova Zelândia: nada está decidido até à linha de meta!
O Rali da Nova Zelândia é no outro lado do Mundo, mas nos últimos anos tem estado nas capas das revistas especializadas devido ao facto das suas decisões finais ficarem muito apertadas entre eles. O recorde da diferença mais curta de sempre em ralis aconteceu na edição de 2007, quando Marcus Gronholm bateu Sebastien Löeb por uns meros 0,3 segundos. Numa prova deste tipo, foi obra!
Este ano, as coisas foram semelhantes. Num mar de Citroens, o melhor foi um Ford, o de Jari-Matti Latvala, que brilhou no mesmo rali em que Mikko Hirvonen esteve muito discreto. Latvala bateu Sebastien Ogier, que parecia ir caminhando para uma merecida primeira vitória, mas que no final foi superado pelo finlandês da Ford.
Mas este não foi uma luta a dois. O que mais ficou na minha retina foi que foram pelo menos cinco candidatos à vitória: Latvala, Ogier, Löeb, Dani Sordo e Petter Solberg. E ver a grande prova que fez o heptacampeão francês. O seu segundo dia de rali, depois de perder mais de um minuto na véspera devido a um acidente que danificou a sua porta, deveria ficar nos anais do automobilismo, pois a sua condução foi tão limpa, tão louca, tão isenta de erros. Se queriam um bom motivo para justificar os sete títulos mundiais, podem escolher este dia em paragens kiwis, pois acho que se tornou num clássico.
Contudo, Löeb bateu de novo no último dia, e na última classificativa, e assim perdeu a hipótese de nova vitória para o seu palmarés, e a Ford conseguiu a sua segunda vitória do ano caida quase do Céu aos trambolhões. É certo que Latvala é um justo vencedor, pois teve sempre junto dos lideres, e soube aproveitar a oportunidade para ser o último a rir perante a armada Citroen. Um claro contraste ao segundo lugar que perdeu no Rali da Polónia do ano passado, quando bateu na última curva da última classificativa...
Formula 1: Como esperado, os Red Bull dominaram
Em claro contraste, a Formula 1 em Barcelona foi o esperado: uma corrida aborrecida. Mark Webber decidiu tudo nos treinos, ao fazer a "pole-position" e liderar a corrida de fio a pavio, logo, conquistando a sua terceira vitória da carreira e a ser o quarto piloto a vencer em cinco provas. Mas apesar deste pesseio, houve momentos emocionantes que vale a pena referir, principalmente dois deles.
O primeiro foi o problema de travões de Sebastien Vettel. Fica-se a pensar que aquele terceiro lugar final sabe a pouco, dada a sua potencialidade, e ainda por cima, esse lugar no pódio "caiu do Céu" quando Lewis Hamilton teve um furo e bateu. Mas quando se soube das circunstâncias que Vettel passou nas suas voltas finais, fiquei com a impressão de que aquilo foi heróico. Com o disco de travão rachado, foi aconselhado pelo seu engenheiro e pela equipa a encostar à boxe e desistir. Mas ele recusou abandonar e foi recompensado com um lugar no pódio e continua na luta pelo título.
Sou honesto: depois de ter sabido disso, cada vez admiro o Sebastian Vettel. Gostei imenso da sua atitude de "não desistir" dele, confiando na sorte. No final acabou por ser recompensado com um terceiro lugar e o respectivo lugar no campeonato do mundo. no final da época, esta atitude pode determinar a decisão do campeonato do Mundo de 2010, ah pois!
E se "Seb" teve sorte, Lewis Hamilton teve azar. A sua atitude agressiva em corridas, bom em pistas humidas e molhadas para chegar rapidamente à frente com o seu McLaren, desta vez deu mau resultado em Barcelona, quando o pneu rebentou a duas voltas do fim, quando tinha um segundo lugar mais do que certo. É certo que foi um furo, mas este seu estilo agressivo de inicio de corrida, para tentar alcançar um lugar o mais à frente possivel, numa era em que o reabastecimento foi abolido, pode ter resultados em termos de classificação, mas deixa-o num limite que pode ser quebrado a qualquer momento. E como aconteceu no caso de Vettel, mais do que sorte ou azar, foi o seu comportamento em pista que determinou o destino do piloto britânico. E é por isso que Jenson Button é o lider, e ele não.
Para finalizar, uma referência à GP2. No seu fim de semana de estreia, o equilibrio vai ser a nota dominante, tal como nos últimos anos. E foi interessante ver a Ocean Racing Tech, o projecto português de Tiago Monteiro e José Guedes comemorar a sua segunda vitória da carreira, na Sprint Race, com o jovem suiço Fabio Leimer ao volante. É bom ver um projecto nacional a vencer, um sinal de que não só é para levar a sério, como tem um excelente potencial no futuro, pois será um farol e um trampolim para futuros pilotos nacionais.
E pronto, esta semana já disse tudo. Agora vamos ver o fim de semana automobilistico no sitio mais clássico de todos: o circuito do Mónaco.
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