quinta-feira, 13 de maio de 2010

Grã-Bretanha 1950: o começo de tudo



Passam hoje sessenta anos desde o primeiro Grande Prémio oficial da história da Formula 1. Este dia foi o culminar de um plano que começou no dia em que as hostilidades terminaram na Europa, cinco anos antes. A II Guerra Mundial tinha interrompido os Grandes Prémios um pouco por toda a Europa e terminou o dominio dos Flechas de Prata alemãs, simbolizadas pelos carros da Mercedes e da Auto Union. Com a Alemanha em ruinas, e proíbida de correr nos primeiros anos, as corridas voltavam aos poucos na Europa. Primeiro em França, depois em Itália, Suiça, Belgica e Grã-Bretanha.

Aos poucos, as marcas colocavam os seus bólidos em pista, todas criações da pré-guerra. A Alfa Romeo, especialmente com o seu Tipo 158, construido doze anos antes, era a máquina a bater. Seguiam-no o seu maior rival, uma construtora que começara algum tempo antes: a Ferrari, dirigida pelo antigo piloto e depois director desportivo da marca de Varese, chamado Enzo Ferrari. A Maserati, os franceses da Talbot-Lago e os ingleses da ERA eram outros construtores a ter em conta, bem como a Gordini e a BRM, o esforço de Raymond Mays de construir uma equipa britânica que pudesse rivalizar com as italianas.

Os motores eram de 4.5 litros, com a variante dos 1.5 litros turbocomprimidos, mas pouca gente usava. E com aquelas máquinas a vencerem facilmente todas as corridas em que participavam, eram as naturais favoritas à vitória. E numa grelha 4-3-4-3, que a largura de Silverstone proporcionava, bem como a ausência da Ferrari, foi fácil à Alfa Romeo monopolizar a primeira fila da grelha, com o italiano Giusseppe "Nino" Farina, um piloto que correra nos Grand Prix dos anos 30, a ser o "poleman", seguido pelo seu compatriota Luigi Fagioli, que tinha a provecta idade de... 51 anos, e claro, também correra no Grand Prix, quer pela Mercedes, quer pela Auto Union, o argentino Juan Manuel Fangio e o britânico Reg Parnell. O tailandês Birabongse Bhanudej Bhanubandh, ou o Principe Bira, que viria a ser o primeiro asiático na Formula 1, era o melhor dos não-Alfa, ao ser o quinto na grelha.

A corrida foi só dos Alfa Romeo, com Farina a ganhar sobre Fagioli e Parnell, dado que Fangio desistiu com uma fuga de óleo. E isto iria ser uma era de dominio dos carros da marca de Varese, que ficaram imbatíveis em provas oficiais até ao ano de 1951, onde foram batidos pelo Ferrari guiado por outro argentino, Froilan Gonzalez, agora o mais antigo vencedor vivo de Grandes Prémios. O local dessa derrota? Silverstone...

O filme que coloco aqui é um noticiário de actualidades filmado a cores, algo raro na época, o que é muito bom. Ficam com uma ideia do que era um paddock, boxes e como eram recebidos os convidados VIP neste mesmo dia, mas há já uns longuinquos sessenta anos.

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