Depois de Charade, a caravana da Formula 1 chegava a Brands Hatch com algumas novidades, estreias e regressos, alguns deles com impacto para a década que aí surgia. O resultado disso tudo é que na pista britânica estavam o incrível numero de 25 carros inscritos para a corrida.
Frank Williams arranjara um substituto para Piers Courage, morto um mês antes na pista de Zandvoort. Tratava-se do veterano Brian Redman, mais conhecido na Endurance do que na Formula 1, e ia guiar o carro projectado pela De Tomaso. Enquanto isso, John Surtees, que se tinha ausentado da corrida francesa, apresentava aqui o seu chassis com o seu nome, esperando que nesta sua nova aventura como construtor, pudesse ser tão bem sucedido como foi nas duas e quatro rodas.
Na Lotus, para além dos dois chassis 72 para Jochen Rindt, o líder do campeonato, e para John Miles, havia mais chassis 49 para outros pilotos. Graham Hill corria no carro inscrito pela Rob Walker, Pete Lovely na sua própria equipa e um jovem brasileiro que Chapman tinha visto na Formula 3 meio ano antes e que vira nele potencial para ser campeão do mundo. O seu nome era Emerson Fittipaldi. Para além dessas razões, havia outras, um pouco mais secretas: Rindt já tinha dito a Chapman que iria retirar da competição no final da época.
A March tinha aqui seis carros presentes. Os dois oficiais, tripulados pelo neozelandês Chris Amon e pelo suíço Jo Siffert, mais dois carros inscritos pela Ken Tyrrell Organization, que iria ser tripulados pelo escocês Jackie Stewart e pelo novato francês Francois Cevért, e dois privados, o de Ronnie Peterson e o de Mário Andretti, que fazia aqui mais uma incursão europeia no meio da sua temporada americana.
A McLaren tinha três carros inscritos, os do costume, tripulados pelo neozelandês Dennis Hulme, pelo americano Dan Gurney e pelo italiano Andrea de Adamich, que corria com o motor Alfa Romeo. A Matra tinha apenas dois carros, para Jean Pierre Beltoise e para Henri Pescarolo.
Na Ferrari, estavam inscritos dois carros, com o belga Jacky Ickx como primeiro piloto e o suiço Clay Regazzoni como segundo, que substituía o italiano Ignazio Giunti. Na BRM estavam inscritos os mesmos três carros, para o mexicano Pedro Rodriguez, o inglês Jackie Oliver e o canadiano George Eaton. Para finalizar, estavam os Brabham do alemão Rolf Stommelen e do australiano, já veterano de 44 anos, Jack Brabham.
Nos treinos, o melhor foi Jochen Rindt, que com o seu Lótus conseguiu bater o carro de Jack Brabham. O terceiro na grelha era o Ferrari de Jacky Ickx, seguido pelo BRM de Jackie Oliver e pelo McLaren de Dennis Hulme. O suíço Clay Regazzoni era sexto, no segundo Ferrari, e John Miles fazia a melhor qualificação do ano, ao conseguir o sétimo melhor tempo, à frente de Jackie Stewart, oitavo no seu March. Mário Andretti era nono e o Matra de Jean-Pierre Beltoise era décimo.
Em relação aos estreantes, Surtees consegue o 19º tempo cm o seu carro, enquanto que Fittipaldi partia da 21ª posição, com Graham Hill logo atrás de si. Anos depois, lembrar-se ia desta ocasião:
Antes da corrida, três carros não iriam partir devido a vários motivos: o De Tomaso de Redman tem um problema mecânico no seu carro que não consegue ser reparado a tempo, o Brabham de Stommelen tem um acidente e as reparações que terão de ser feitas não o colocam pronto a tempo, e o McLaren-Alfa Romeo de Adamich tem problemas de motor que o impede de alinhar na corrida.
Na partida, Rindt é surpreendido pelo Ferrari de Jackie Ickx, que o ultrapassa e toma conta da liderança. Brabham fica com o segundo posto, surpreendendo Rindt, e a ordem fica assim nas primeiras seis voltas. Por essa alturam o carro do belga sofre uma avaria na transmissão em Paddock Hill Bend e encosta-se definitivamente à berma. Brabham herda a liderança, mas pouco depois, Rindt ataca o lugar do australiano e fica com o primeiro lugar.
Contudo, o veterano piloto australiano não deixa fugir Rindt e começa aqui uma batalha pelo primeiro posto. Ambos ficam colados durante grande parte da corrida, fazendo com que os espectadores ficassem presos ao que se passava na pista. Mais atrás, o BRM de Oliver era o terceiro, tendo logo atrás o McLaren de Hulme. As coisas não se alteraram até à volta 54, quando o motor do seu BRM explodiu, deixando Hulme no terceiro posto, com Regazzoni logo atrás.
Na volta 69, Rindt não consegue engatar uma marcha e Brabham aproveitou a oportunidade para o ultrapsssar e ficar com a liderança. As coisas assim ficaram até ao inicio da 80ª e última volta, com Brabham aparentemente a caminho da vitória. Mas tal como acontecera no Mónaco, houve um golpe de teatro, quando a gasolina acabou no seu carro, devido a um calculo mal feito pelo chefe dos mecânicos, um jovem rapaz chamado Ron Dennis... Rindt aproveitou a oportunidade e o ultrapassou, a caminho da sua quarta vitória do ano, terceira consecutiva. E abria cada vez mais a diferença para a concorrência…
Jack Brabham conseguiu levar o seu carro para o segundo lugar, com Dennis Hulme a acompanhá-lo ao pódio. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Ferrari de Clay Regazzoni, o March de Chris Amon e o Lótus privado de Graham Hill. Emerson Fittipaldi conseguiu levar ao fim o seu carro, terminando no oitavo lugar. E era apenas o inicio da aventura…
Fontes:
http://www.grandprix.com/gpe/rr191.html
http://en.wikipedia.org/wiki/1970_British_Grand_Prix
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