sábado, 14 de agosto de 2010

O piloto do dia - Jackie Oliver

Foi um dos muitos pilotos britânicos dos anos 60 que passou por equipas de relevo como a Lotus e a BRM. Venceu corridas importantes na Endurance, ajudou a fundar duas equipas de Formula 1, primeiro a Shadow, e depois da Arrows. Com a primeira foi o último campeão da Can-Am na sua fase inicial, e a segunda para além de fundar, irá cuidar da equipa durante anos a fio, até ao final do século. No dia em que comemora o seu 68º aniversário natalicio, hoje falo-vos de Jackie Oliver.

Nascido em Romford a 14 de Agosto de 1942, Keith Jack Oliver começou a sua carreira em 1961 a bordo de um Mini, nas vários cmapeonatos locais de Turismo, a bordo destes carros, muito populares nessa altura. Pouco depois comprou um Lotus Elan e começou a correr nas corridas da sua categoria. Nessa altura correu em várias máquinas, desde o Marcos GT até ao ford mustang, sempre nas várias corridas de "Saloon Cars", muito populares nessa altura.

A sua rapidez inata fez com que ambicionasse mais altos vôos e em 1966, passou para a Formula 3, num Brabham privado. Deu nas vistas, não tanto pelos resultados, porque normalmente a sua máquina quebrava nas corridas, mas pela rapidez mostrada. E pouco depois, mostrava-se a Colin Chapman, que o contratou para correr na equipa oficial da Lotus, na Formula 3, onde num espaço de dois anos, chegaria à Formula 1.

A partir de 1967, Oliver corre na Formula 2 e na Endurance, onde dá nas vistas, mas o seu melhor resultado é ao volante de um Lotus 47, vencendo a BOAC 500, em Brands Hatch, ao lado de John Miles. Continuava a correr na formula 3, mas os resultados tardavam em aparecer. Mas mesmo assim, Colin Chapman mantinha a confiança e em 1968, iniciou o ano na Formula 2, correndo pela equipa oficial.Contudo, os acontecimentos precipitaram-se na equipa. Em Abril, Jim Clark estava morto e Chapman chama Oliver para o substituir na equipa de Formula 1, ao lado de Graham Hill. Iria ser o segundo piloto da equipa e iria se estrear na categoria máxima do automobilismo.

Só que este novo estatuto não lhe garante uma época completa na Formula 2, ao serviço da equipa oficial. Assim sendo, fala com um velho contacto seu, Tony Rudlin, que dirigia a Herts & Essex Aero Club, uma equipa feita à volta de um ex-piloto de motos, Roger Frogley. Ambos acordaram que iria correr sob as suas cores, com a Lotus a fornecer-lhe um chassis de Formula 2, mais assistência técnica e peças sobressalentes.

A temporada de Formula 2 foi interessante, mas não vitoriosa. No final da temporada, foi convidado a participar em quatro corridas da Temporada Argentina, uma série de competições na América do Sul, onde os pilotos europeus competiam contra os talentos locais. no final, classificou-se em terceiro lugar na competição.

Em paralelo, a sua vida na Formula 1 era dificil. Logo na sua quarta prova, em Rouen, palco do GP de França, tem um forte acidente em que sai ileso, mas que fica sem carro. Antes, no GP da Belgica, consegue os seus primeiros pontos da carreira, ao terminar o GP da Belgica na quinta posição. Chega a liderar o GP da Grã-Bretanha, em Brands Hatch, mas o seu motor rebenta e não consegue chegar ao fim. Consegue fazer a volta mais rápida no GP de Itália, mas no final, só acaba três das dez corridas em que participou. O seu melhor resultado acontece no México, onde acaba no terceiro lugar da classificação. Um bom resultado, mas insuficiente para ficar na equipa para a temporada de 1969.

Nessa altura, transferiu-se para a BRM, com a esperança de ter melhor material nas suas mãos. Contudo nesse ano, numa equipa com três pilotos (ele, John Surtees e o mexicano Pedro Rodriguez), havia querelas internas e um mau chassis. Resultado: Oliver só conseguiu acabar duas corridas, e o melhor foi um sexto lugar no GP do México, a última prova do campeonato.

Em compensação, a sua performence na Endurance foi excelente. Contratado pela John Wyer para dirigir um dos seus Ford GT40, começou o ano a vencer as 12 Horas de Sebring com o belga Jacky Ickx, e em Junho aconteceu o mesmo nas 24 horas de Le Mans, em conjunto com o piloto belga, depois de uma final emocionante com o Porsche 908 de Gerard Larrousse. Após 24 horas de corrida, a diferença entre ambos tinha sido de meros... 120 metros.

Em 1970, continua na BRM, agora com o mexicano Pedro Rodriguez, e enquanto que ele ganha em Spa-Francochamps e consegue 23 pontos, o máximo que Oliver consegue é um quinto lugar no GP da Austria, disputado no novo Osterreichring, em Zeltweg. Só terminou três das treze vezes em que disputou corridas naquela temporada, e as suas aspirações de fazer carreira na Formula 1 foram simplesmente destroçadas. E o melhor simbolo dessas aspirações destroçadas foi o acidente que teve nas voltas iniciais do GP de Espanha, quando bateu forte no Ferrari de Jacky Ickx e ambos pegarem fogo, saindo sem ferimentos de monta.

Em 1971 dedica-se a tempo inteiro à Can-Am, deixando de lado a Formula 1, do qual só fará três corridas pela McLaren, para substituir Peter Gethin. Corre numa nova equipa, a Shadow, fundada por Don Nichols, e faz carreira na categoria, primeiro contra os McLaren do neozelandês Dennis Hulme e o americano Peter Revson, e depois contra os Porsche guiados pelos americanos George Follmer e Mark Donohue. No final de 1972, época em que Oliver faz uma passagem fugaz pela BRM, guiando o carro no GP da Grã-Bretanha, a Shadow decide envolver-se na Formula 1 e o contrata, ao lado de Follmer.

O chassis DN-1 era um bom projecto, mas a mecânica falhava constantemente. Oliver voltava a viver o seu inferno, mas no confuso GP do Canadá, em Mosport, ele finta o destino e termina a corrida no terceiro lugar, conseguindo o seu segundo e último pódio da sua carreira. Em 1977 ainda faria mais um "one-off", no GP da Suécia, para substituir o novo recruta Riccardo Patrese, mas acaba no nono lugar.

A sua carreira na Formula 1: 51 Grandes Prémios em oito temporadas (1967-73, 1977) dois pódios, uma volta mais rápida, treze pontos. Vencedor das 24 Horas de Le Mans e das 12 Horas de Sebring em 1969, e das 24 Horas de Daytona em 1971.

A partir daqui, Oliver concentra-se na Can-Am, onde se torna campeão em 1974, numa época marcada pelo primeiro choque petrolífero, que causa o cancelamento de várias corridas devido à falta de gasolina. Depois disso passa para a Formula 5000, onde corre durante três temporadas, antes da tal última passagem pela Formula 1, em 1977. Por esta altura já fazia parte da estrutura desportiva da equipa, e ao longo desse ano, boa parte dos seus membros queriam retirar o controlo da sua equipa das mãos de Don Nichols.

Contudo, a trama foi descoberta e ele, em conjunto com Franco Ambrosio, Tony Southgate, David Wass e Alan Rees, sairam da equipa e fundaram a Arrows. Oliver ficara com a parte desportiva, e tinham trazido com eles a jovam esperança italiana Riccardo Patrese. Em pouco mais de dois anos, Oliver tomou conta da equipa, à medida que os restantes membros a abandonavam.

A equipa durou 25 temporadas (1978-2002) e nunca ganhou um Grande Prémio, mas sempre teve boas combinações e deu a primeira oportunidade a muitos bons pilotos. O belga Thierry Boutsen e o austriaco Gerhard Berger são dois dos pilotos que começaram ou tiveram os seus primeiros Grandes Prémios ao serviço da Arrows. Outros pilotos correram por lá, desde Patrese até Heinz-Harald Frentzen, passando por Derek Warwick, Eddie Cheever, Alan Jones, Marc Surer, Stefan Johansson, Michele Alboreto, Aguri Suzuki, Jos Verstappen, Gianni Morbidelli, Damon Hill, Mika Salo, entre outros. Brasileiros como Chico Serra, Christian Fittipaldi, Ricardo Rosset, Pedro Diniz e Enrique Bernoldi também passaram por lá.

Oliver aguentou as dificuldades, e por duas vezes na sua vida cedeu grande parte das suas acções. A primeira foi em 1990, quando a vendeu à japonesa Footwork, que permaneceu até 1993, com Jackie Oliver como director desportivo. Quando se retiraram, devido a problemas financeiros, Oliver voltou a ter o controlo da equipa, mas três anos mais tarde, as coisas estavam cada vez piores, e aceitou uma proposta de Tom Walkinshaw para que este comprasse grande parte das acções. Isso aconteceu no inicio de 1996, e Oliver ficou lá até ao final de 1999, quando vendeu o resto das acções e se retirou de cena, com uma confortável soma de dinheiro.

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