O Destino gosta de pregar estas partidas: no dia em que a Selecção joga o seu primeiro jogo de qualificação para o Europeu de 2012 é o mesmo em que José Torres, o "Bom Gigante" decidiu sair da vida para passar à história, aos 71 anos e depois de estar a sofrer da Doença de Alzheimer há quase dez anos.
Dizer que foi um dos melhores da sua geração é ser um pouco redutor. Dizer que venceu nove campeonatos nacionais e ter emparelhado com Eusébio na que foi, talvez, a melhor dupla atacante de sempre do futebol português, é talvez ser modesto. Mas se acrescentarmos três finais europeias e um terceiro lugar no Mundial de 1966, em catorze anos de passagem pelo Benfica, talvez as gerações mais novas fiquem com uma boa ideia da importância que foi este jogador, que tinha 1,91 metros num país de "baixinhos" como foi o nosso.
Nunca o apanhei como jogador, apesar de saber que jogou até aos 42 anos em clubes como o Vitória de Setubal e o Estoril, mas apanhei-o mais tarde, como seleccionador nacional. Achei um pouco estranho ver alguém sem grande experiência de banco em algo tão importante como a equipa nacional. Mas apanhei. E ouvi-lo a dizer "deixem-me sonhar", nas vésperas de um jogo impossível como era o que iam jogar contra a Alemanha Ocidental, que não perdia em casa desde 1950, era mesmo um sonho. Até aquele remate impossível de Carlos Manuel e o consequente carimbo para o Mundial de 1986, no México. Fez o impossível... para depois estragarem tudo.
Mas agora não é hora de recriminações. É hora de recordar o seu talento e as suas contribuições para o futebol português. Ars lunga, vita brevis.
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