A fotografia que coloco aqui tem 28 anos, e podemos ver isto tudo de volta a partir de 2013: carros com efeito-solo, com motores Turbo de 1.6 litros, com pelo menos 650 cavalos. Pneus mais largos, e com vários sistemas de recuperação de energia. Este cenário foi proposto esta sexta-feira por um comité de "sábios" que integra, entre outros, Rory Bryne, ex-projectista da Benetton e Ferrari; Bernard Dudot, ex-director da Renault, e Gilles Simon.
As ideias tem sido algo surpreendentes. Fala-se de um difusor que poderia funcionar de forma semelhante ao efeito-venturi existente nos tempos do efeito-solo, no final dos anos 70, inicio dos anos 80. Assegurar todo o efeito-solo numa só peça, com o consequente reforço das laterais dos carros, é algo radical. O resto é mais mecânica: recuperadores de energia que dariam ao carro mais 150 cavalos num periodo de 30 segundos, motores que tem de durar, no minimo, cinco corridas - o que daria quatro motores por temporada, se o calendário for de vinte provas - são outras das propostas existentes.
Ao ler a imprensa especializada de hoje, eles falam de todos estes elementos como um "fait accompli", mas entre a noticia e a realidade vai uma enooorme distância. Porquê? Primeiro que tudo, temos de ver se a FIA aprova estas recomendações. E segundo, e este factor não pode ser menosprezado, temos de saber se as equipas estão a favor destas mudanças. É aí que entra a FOTA.
Não se sabe se o regulamento será aprovado na reunião de 8 de Setembro. Provavelmente não, e mesmo que fosse, não acredito que a FOTA deixaria. É que em 2011 a FOTA vai começar a dicutir com a FOM e a FIA o novo Pacto da Concordia, pois o prazo de validade da actual é em 2012. E como nesse ano, em principio, teremos treze equipas em liça, são treze fatias de um bolo das transmissões televisivas que muitos, se não todos, querem ver alargado. E nestes tempos de crise, esse alargamento tem de acontecer à custa de alguém.
Bernie Ecclestone não quer perder dinheiro, e já avisou que vai lutar. E com a FOTA a fazer disso o seu cavalo de batalha, podemos afirmar que existem nuvens negras no horizonte, no qual não podem ser menosprezadas. E a FIA, temos de ser honestos, está a fazer um bom trabalho neste primeiro ano de consulado Jean Todt. Mas... isto continuará quando a tempestade chegar? E em nome de uma unidade, o que terá de ser sacrificado?
Em suma, o que nós lemos foi uma proposta de um grupo de trabalho. E da proposta à realidade vai um longo caminho. Caminho esse que poderá ser sacrificado em nome de algo maior.
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