Deveriam ter sido quatro, mas na realidade acabaram por ser três as novas equipas a entrar em acção em 2010, após o falhanço do projecto da americana USF1, de Peter Windsor e Ken Anderson. Quanto às restantes três equipas, o seu critério de selecção, ditado no inicio de 2009 pelo então presidente da FIA, Max Mosley, fez com todos andaram com motores Cosworth e caixas de velocidades da X-Trac, fazendo com que não conseguissem pontuar em alguma vez nesta temporada. Nesta semana, e em continuação dos artigos sobre a temporada 2010 da Formula 1, vou falar das três novatas e como se comportaram no seu ano de estreia.
1 - Lotus
Quando se soube do concurso, em Maio, a Litespeed inscreveu-se, tentando levar consigo o nome "Lotus" nas suas costas, um intento mal sucedido. Contudo, poucos meses depois, em Setembro, tinham o apoio de um milionário malaio, Tony Fernandes, que conseguira trazer da Proton a autorização para usar o nome da marca fundada por Colin Chapman, e pegou na estrutura da Litespeed para tentar entrar no processo de escolha, reaberto após o anuncio da saída da BMW Sauber e depois da Toyota. A Lotus/Litespeed foi a escolhida, e começaram a desenhar o carro para 2011, com Mike Gascoyne como projectista, que já estava no projecto da Litespeed.
O tempo foi curto, mas o carro ficou pronto a tempo. Entretanto, foram escolhidos como pilotos o finlandês Heiki Kovalainen, vindo da McLaren, e o veterano italiano Jarno Trulli, da Toyota, e já havia entusiasmo pelo regrersso de um nome mitico, apesar de muitos estranharem o porquê de eles terem escolhido o nome "Lotus Racing" e não o "Team Lotus". Nessa altura, poucos sabiam a razão...
Com a temporada a decorrer, a Lotus tornou-se na melhor das novas equipas, tentando depois diminuir o fosso que tinha sobre as restantes equipas, uma tarefa nada fácil, embora de uma certa forma foi conseguida, graças aos esforços dos dois pilotos e dos projectistas da casa. Sabendo desde o inicio que o objectivo de pontuar seria muito dificil, decidiram que o décimo posto no campeonato de construtores era o alvo principal, pois conseguiriam isenção nos custos de transporte dos seus carros e restante material. Isso foi conseguido.
No final da época, parecia que os esforços de Tony Fernandes em ganhar mentes e corações tinham sido alcançadas, mas a meio do ano, na altura em que estava a negociar com David Hunt os direitos ao nome "Team Lotus", a Lotus Cars interveio para aproveitar a onda e colocar em marcha um plano ambicioso de establecer a marca pelo mundo inteiro e em todas as categorias do automobilismo. Esse plano tinha sido establecido pelo suiço Dany Bahar e tinha a aprovação da Proton. Isso desencadeou uma guerra sobre os direitos do nome Lotus que decorre até aos dias de hoje, e que pode conhecer novos contornos em 2011, quando a Lotus Cars comprou a Renault e vai correr com a marca na sua carenagem, como patrocinadora. E vai correr contra a Team Lotus... com ambos a correrem com motores Renault.
Em pouco mais de um ano, de um nome mal falado até ao centro de uma guerra pelos direitos vai um grande pulo, mas esse foi o maior publicidade do que esta não poderia ter. Em 2011 veremos quatro carros usando o mesmo nome, mas com objectivos completamente diferentes.
2 - Virgin
Em Maio de 2009, quando a Manor Racing, uma equipa de Formula 3, foi escolhida no critério de selecção da FIA, muitos disseram que tinha sido uma escolha pessoal de Max Mosley, pois parecia que dentro da estrutura estavam muitos nomes dos que colaboram com a estrutura da entidade máxima do automobilismo, incluindo o próprio Mosley. No final do ano, convenceram Richard Branson, o patrão da Virgin, a envolver-se no projecto e a dar o seu nome, contratatndo Nick Wirth, que esteve quinze anos antes no projecto da Simtek. Aí, decidiu ser radical: desenhar um carro apenas por computador.
Com o projecto feito, contrataram dois pilotos, um novato, Lucas di Grassi, e outro com experiência, o alemão Timo Glock. E passados os problemas de juventude, lá partiram rumo a uma temporada honesta. Os resultados foram algo mistos: sobreviveram ao primeiro ano, mas na maior parte das vezes foram superados pelos Lotus de Kovalainen e Trulli, e perderam a batalha pessoal para ser a décima melhor equipa. Aliás, até foram superados em termos de clasificação por uma Hispania em penuria. E o resultado disso tudo foi que Richard Branson, o seu patrão, terá de se disfarçar de hospedeira num dos vôos da Air Asia, a companhia aérea de Tony Fernandes...
A próxima temporada terá de ser melhor. A equipa foi adquirida pela Marussia, uma construtora de supercarros russa, e Lucas di Grassi será substituido pelo belga Jerome D'Ambrosio. A ideia é de conseguir pontuar em 2011, mas a tarefa não é fácil, dado que com um carro com motor Cosworth e desenhado por computador, no qual muita gente ainda torce o nariz, será complicado.
3 - Hispania Racing
A Hispania viveu todo o ano de 2010 na corda bamba. Primeiro começou como Campos Meta, a equipa do espanhol Adrian Campos, ex-piloto de Formula 1 nos anos 80, e contratou logo Bruno Senna, sobrinho de Ayrton, julgando que seria um iman para patrocinios chorudos. Mas aconteceu o contrário e os pagamentos para o chassis encomendado à italiana Dallara começaram a atrasar-se. Para fazer com que a equipa alinhasse a tempo no Bahrein, entrou em cena o seu sócio José Ramon Carabante, que contratou Colin Kolles e o indiano Karun Chandhok, com dinheiro sufuciente para arrancar a época. E foi um feito e pêras: um dos chassis acabou por ser montado já no Bahrein.
O resto da época foi um calvário para encontrar patrocinios. Com Colin Kolles a cuidar da equipa e José Carabante com dificuldades para injectar dinheiro, dado que a Espanha vive em crise e ao qual a sua empresa de construção civil não foi imune, Voltou-se à situação de meados da década de 90: recurso a pilotos pagantes para pagar as contas. Foram quatro os pilotos que lá passaram: Bruno Senna, Karun Chandhok, Sakon Yamamoto e Christian Klien. Cada um fez o melhor, mas o dinheiro só deu para pagar as contas e não para desenvolver o carro.
Conseguiram levar tudo a bom porto, mas o futuro é cinzento. Não há instalações adequadas para desenvolver o chassis, depois do negócio com a Toyota ter sido abortado por falta de pagamento, e Colin Kolles tem de confiar em Geoff Willis para desenhar um chassis novo, adaptando o Dallara deste ano aos novos regulamentos, e depois arranjar novos pilotos, de preferência pagantes, para dar à equipa mais um balão de oxigénio para 2011. Se é que eles alinharão a tempo na primeira corrida do ano...
Por esta semana é tudo. Na semana que vêm, encerrarei o capitulo das equipas de 2010 falando sobre as quatro maiores. Até lá, Bom Natal!
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