Nos anos em que as construtoras gastavam dezenas, senão centenas de milhões de dólares para conseguirem poucos ou nenhuns resultados, este tipo de gente tinha desaparecido ou reduzido a um minimo aceitável. Agora que as construtoras foram embora devido à crise, este tipo de pilotos está de volta. Muitos consideram uma praga, que tapam a oportunidade aos talentos, outros afirmam que se não fossem eles, muitas equipas já tinham fechado ou estariam em maiores dificuldades do que estão agora. Quanto a mim, considero-os um mal necessário, dadas as circunstâncias.
Quando Max Mosley permitiu a entrada de quatro equipas na Formula 1 em 2009, sabia-se que as suas estruturas, em claro contraste com as construtoras do passado, iriam ser frágeis suficientes para que num futuro mais ou menos próximo, os pilotos pagantes fariam a sua entrada em cena. Na nado-morta USF1, o argentino "Pechito" Lopez chegou a ser contratado para o lugar, mas nada deu, como sabemos. E a história da Hispania é aquilo que vemos: quatro pilotos para dois lugares, três dos quais deram alguns milhões de dólares para terem a oportunidade de pagar as contas aos fornecedores e preencher a última fila da grelha de partida.
As coisas irão continuar assim em 2011, com mais algumas agravantes: no ano que passou, sabiamos que a Renault tinha leiloado o seu segundo lugar por 15 milhões de dólares, lugar esse que foi comprado pelo russo Vitaly Petrov. E este ano, o russo deu algum dinheiro para continuar com o lugar, e a Williams vendeu dos dos seus lugares ao venezuelano Pastor Maldonado, graças aos petrodólares chavistas, à custa do talento de Nico Hulkenberg.
À medida que se aperta o cinto na Formula 1, os leilões de lugar serão uma inevitabilidade, aproveitada pelos países emergentes. Sendo um desporto caro, mas ultra-mediático, esta está a voltar lentamente aos tempos do inicio da década de 90, quando não havia limites em termos de inscrição de equipas, levando às inevitáveis pré-qualificações. E foi aí que vimos pilotos de "qualidade" como Jean Denis Deletraz, Giovanni Lavaggi, Pedro Diniz ou Gregor Foitek, como também talentos sem dinheiro que penavam em más equipas como Roberto Moreno, ou ainda sonhos que acabaram tragicamente, como Roland Ratzenberger. E claro, autênticas "estórias" de horror como Coloni, Life, Andrea Moda, Simtek ou Lola Mastercard.
O futuro dirá se esta vai ser a tendência. Se veremos mais "Hispanias" na Formula 1 ou então as intenções de Ecclestone e de algumas equipas levarão a melhor e voltam a fechar as vagas apenas para as construtoras, como fizeram a partir do final da década de 90. Pode-se justificar o veto da FIA em preencher a 13ª vaga em 2011 pelo facto de nenhuma das equipas que apresentou o seu projecto preencher os critérios, mas não se deixa de pensar que a FIA guarda a vaga para uma qualquer construtora, agora que vai haver uma alteração profunda nos regulamentos e o mundo aparenta sair lentamente da enorme crise do qual se mergulhou no final de 2008.
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