Creio que li sobre isso ontem ou anteontem, não me recordo. Mas ao ler hoje o último post do Blog do Ico, não só refresquei a memória, como me fez refletir sobre o assunto.
Primeiro que tudo, a noticia: a algo obscura Auto GP, que anteriormente se chamou de Formula 3000 Euroseries, decidiu este ano, à excepção do numero um, dar liberdade de escolha às equipas e respectivos pilotos para terem os seus números perferidos, tal como acontece actualmente com a Moto GP e a Indy Car Series. Ou seja, eles viram que ver o 46 do Valentino Rossi na TV é um chamariz tão grande como a categoria em si. Se a ideia resulta, provavelmente é outra história, mas podemos dizer que a ideia é boa.
A Formula 1 nunca teve isso dos numeros personalizados. Até 1973 os numeros eram dados pela organização dos Grandes Prémios, e era por isso frequente ver os campeões do mundo com outros numeros que não o numero um. Isso só foi regulado pela FIA em 1974, dando uma hierarquia que não foi grandemente modificada até 1996. Foi daí que vimos durante muito tempo a Tyrrell com os numeros 3 e 4, os Williams, primeiro com os 27 e 28, e depois com os 5 e 6, que anteriormente tinham pertencido à Brabham e à Lotus. E os 11 e 12, primeiro da Ferrari e depois cairam nas mãos da Lotus, para não falar dos numeros 27 e 28, que durante toda a década de 80 e e até meados de 90 pertenceram à Scuderia Ferrari, e que foram mais associados a eles do que aos proprietários anteriores.
Em 1996, Bernie Ecclestone e Max Mosley decidiram que os números seria mudados a cada ano, cujo critério seria a classificação dos construtores. Ou seja, o 1 e 2 iriam para o campeão, o 3 e 4 para o segundo, o 5 e 6 para o terceiro, e assim por diante. Isso fez com que os candidatos ao titulo ficassem com os números mais baixos, mas aumentou ainda mais a impessoalidade dos números e das equipas. Quase ao mesmo tempo, estes desapareceram dos chassis, hoje em dia é muito difícil encontrá-las, pois devido aos bicos elevados ou à sua pequenez, estes são relegados a um canto cada vez mais pequeno.
Esta história fez despertar-me para a importância que os números têm para a "psique" geral. Na Moto GP, toda a gente sabe que estes pertencem ao piloto e que vão com ele, independentemente de vencer títulos ou não. É como no futebol, onde o jogador tal fica identificado com o numero tal, algo que vem desde os tempos em que Pelé se imortalizou com a camisola dez. E depois Diego Armando Maradona ajudou a solificar a lenda. Toda a gente sabe que até ao final da sua carreira motociclistica, Valentino Rossi irá ser para sempre o homem do 46, "Il Dottore". E que Casey Stoner será sempre o rapaz com o numero 69. E até Ken Block está a trazer isso para os ralis, quando toma posse do seu numero da sorte, o 43, no Monster Team. E isso ajuda a trazer mais adeptos e a identificar mais facilmente a modalidade, tal como se faz nos Estados Unidos, na NASCAR ou Indy Car Series.
Em suma, há certas coisas em que a Formula 1 pode ser boa, mas poderia ser muito melhor se estivesse atenta aos pormenores. E os números são uma parcela importante na equação. Dar às equipas ou aos pilotos a liberdade de os escolher não seria uma má ideia e até renderia mais dinheiro.
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