sábado, 1 de janeiro de 2011

O piloto do dia - Hans-Joachim Stuck

Jacky Ickx não é o unico piloto que nasceu no primeiro dia do ano. Mas o paralelismo dele com o aniversariante deste dia é que são descendentes de personalidades ligadas ao automobilismo, foram vencedores das 24 Horas de Le Mans e tiveram uma carreira brilhante na Endurance. E conheciam muito bem os seus circuitos natais como a palma das suas mãos. No dia em que comemora o seu 60º aniversário natalicio, hoje falo do actual director desportivo da Volkswagen, Hans-Joachim Stuck.

Nascido no primeiro dia do ano de 1951 na conheida estância de Garmish-Patrenkirchen, nos Alpes alemães. Hans-Joachim era filho de Hans Stuck e da sua terceira mulher, Christa Thielmann. Quando nasceu, Hans sénior tinha acabado de fazer 50 anos e os seus dias nas pistas, ao serviço das "Flechas de Prata", já tinham passado, mas ainda dominava nas rampas, ganhando o apelido de "Borg Köning", o Rei da Montanha, antes de se retirar, em 1960.

Após isso, foi para Nurburgring, onde se tornou instrutor de condução, levando o seu filho para aprender a domar o circuito de 22 quilómetros. Com o tempo, tornou-se um piloto experiente, especialmente à chuva, um "Regenmeister". Tanto que aos 18 anos, em 1969, participou na sua primeira corrida no Nordschleife. "Quando cheguei à grelha de partida, estava muito excitado. De repente, todos os teus sonhos de ser um corredor tinham se realizado. Só queria que a corrida começasse e dar uma coça aos meus adversários!". Um ano depois, em 1970, tinha conseguido a sua primeira vitória nas 24 Horas de Nurburgring, com o seu compatriota Clemens Schikentranz, ao volante de um BMW 2002TI.

Por esta altura, Stuck era um gigante. Media 1,94 metros e tinha um feitio agradável. Tão agradável que fazia constantemente partidas aos seus companheiros, tornando-se num dos mais bem humorados da história do automobilismo. Em 1972, tinha-se tornado no primeiro campeão da DRM (Deutsche Rennsport Meisterschaft), o antecessor do DTM, já tinha conseguido vencer as 24 Horas de Spa-Francochamps, com outro jovem alemão, Jochen Mass, numa altura em que já experimentava os monolugares. Em 1973, estava já na Formula 2, ao volante de um chassis March oficial, embora sem conseguir pontuar. Também por esta altura já tinha feito as suas primeiras corridas na mais famosa prova de Endurance: as 24 Horas de Le Mans. Nesse ano, tinha corrido o veterano neozelandês Chris Amon num BMW 3.0 CSL, cujas formas fizeram com que fosse conhecido como o "Batmobile".

Os seus feitos no March oficial de Formula 2 o deram um lugar na Formula 1, ao volante de um dos seus chassis. A sua época de estreia foi boa, conseguindo cinco pontos no campeonato, ao mesmo tempo que corria no campeonato de Formula 2, onde venceu três corridas e lutou pelo tíotulo com o francês Patrick Depailler, não evitando que este último o ganhasse. Contudo, em 1975, perferiu correr no Europeu de Turismos e na Endurance deixando um pouco de lado a Formula 1, algo que só fez a meio desse ano, num chassis March. Nesse ano, por exemplo, vence as 12 Horas de Sebring em conjunto com o britânico Brian Redman e o canadiano Alan Moffat.

Em 1976, volta a correr a tempo inteiro na March, enquanto que fazia os Turismos, sempre a guiar carros da BMW. Conseguiu bons resultados na categoria máxima do automobilismo, mas no inicio de 1977, não tinha participado nas primeiras corridas do ano. Quando o brasileiro José Carlos Pace morre num acidente aéreo no Brasil, Bernie Ecclestone pede a Hans Stuck para que corra no seu lugar.

Ele, que até então tinha corrido num só chassis e que às vezes participava de forma privada, agarrou o lugar num chassis que teve de ser adaptado, com um guloso motor Alfa-Romeo. Os seus melhores resultados foram a meio do ano, quando chega em terceiro lugar nos Grandes Prémios da Alemanha e da Austria, e chegando a liderar terminando o ano com 12 pontos, no 11º posto. Mas no final do ano, a Brabham contrata Niki Lauda e Stuck anda à procura de um lugar na Formula 1, conseguindo-o na Shadow.

Só que quando chega, a equipa tinha-se dividido em duas, graças à revolta interna. Os dissidentes tinham saído para criar a Arrows e Stuck, com o seu companheiro, o veterano Clay Regazzoni, lutam contra um chassis pouco desenvolvido, numa altura em que os chassis de efeito-solo começam a ganhar terreno. Somente consegue um quinto lugar em Brands Hatch, e no final de um ano marcado pela morte do seu pai, parte para a novata ATS, de Gunther Schmid, preterindo uma oferta para correr na Williams, aproveitada pelo seu companheiro na Shadow, Clay Regazzoni.

A temporada na ATS também não tinha sido fácil. Com um chassis pouco desenvolvido e a lutar para se manter na grelha de partida, o unico grande resultado que Stuck teve foi um quinto lugar em Watkins Glen, a última prova do ano, naquele que tinham sido os primeiros pontos da ATS com um chassis próprio. Mas aquela tinha sido também a sua última corrida na categoria máxima do automobilismo, pois por esta altura perferiu concentrar-se em definitivo nos Turismos e na Endurance.

A sua carreira na Formula 1: 89 Grandes Prémios em seis temporadas (1974-79), dois pódios, 29 pontos.

No inicio da década de 80, corre no Europeu de Turismos pela BMW, onde entre outras coisas, vence por duas vezes o Grande Prémio de Macau, antes de ir em 1985 para a equipa oficial da Porsche para o Mundial de Sport-Protótipos, em substituição do seu compatriota Stefan Bellof. Ali, vence as corridas de Hockenheim, Mosport e Brands Hatch, acabando a temporada como campeão do Mundo, ao lado do britânico Derek Bell.

No ano seguinte, vence os 1000 km de Monza, antes de se juntar a Bell e ao americano Al Holbert para correrem juntos as 24 horas de Le Mans no Porsche 962. No final da corrida, os três pilotos levam o carro para o lugar mais alto do pódio. Se para Stuck, era a sua primeira vitória e para Holbert era a segunda, para Bell, estava a subir naquele lugar pela quarta vez. E os três se juntariam mais uma vez no ano seguinte para revalidarem o título, o que aconteceu. Em termos de campeonato, foi a sua unica vitória, terminando o ano no quinto lugar.

No final de 1987, a Porsche retira-se oficialmente dos Sport-Protótipos e Stuck vai correr para a IMSA, o campeonato de turismos americano. Na temporada de 1988, Stuck vence pela segunda vez as 12 Horas de Sebring ao lado do seu compatriota Kalus Ludwig, e fica pelas Américas por duas temporadas. Em 1990, volta à Europa para correr no DTM, pela equipa oficial da Audi, que com o seu modelo 100, dominam a competição e dão a Stuck mais um título ao seu rico palmarés. No ano seguinte, termina o campeonato na terceira posição.

Contudo, a Audi retira-se do DTM em 1992 e Stuck regressa à Porsche, onde consegue o segundo lugar na edição de 1996 das 24 Horas de Le Mans. Volta a La Sarthe em 1998, quando vai correr pela BMW. Por essa altura já tem 47 anos e alinha ao lado do britânico Steve Soper e do dinamarquês Tom Kristiensen. Os três desistem ao fim de sessenta voltas, e assim Stuck fechava a sua longa carreira como piloto no automobilismo.

Após isso, continua na BMW em cargos administrativos, mas em 2005 volta a correr no Grand Prix Masters, a competição onde corriam os pilotos já retirados de competição. Stuck correu em duas provas, sendo o seu melhor resultado um sexto lugar em Kyalami. Actualmente, Stuck trabalha no departamento desportivo da Volkswagen, e de vez em quando mata as saudades da competição em eventos de celebridades, especialmente quando acontecem no seu amado Nurburgring.

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