Toquei um bocadinho no assunto ontem à noite quando mostrava o cartoon do Mantovani, mas hoje coloco aqui alguns pormenores sobre a hipótese de Bernie Ecclestone querer colocar o GP do Bahrein noutra altura do campeonato. Eis aquilo que disse ontem à noite ao Daily Telegraph:
"O que aconteceu no Bahrein é verdadeiramente triste mas há um mês atrás toda a gente estava ansiosa pela corrida. Ninguém tinha problemas com a prova então. Se tudo voltar a ficar pacífico, que espero que aconteça, vamos tentar fazer o nosso melhor para o recolocar no calendário".
"O valor que é pago normalmente [40 milhões de dólares, mais 20 milhões para ser o evento inaugural do calendário] pelo evento não será pago. Não vou cobrar-lhes nada por uma corrida que não vão ter. Se as suas seguradoras cobrem as perdas de receitas, as vendas dos bilhetes, etc, não tenho a certeza. Mas se há alguma coisa que é de força maior, este foi o caso", continuou.
Há várias razões por detrás desta determinação do velho Bernie. Desde as obrigações contratuais com televisões, patrocinadores e outras entidades, que provavelmente pagaram determinada soma para garantir as vinte provas desse calendário, até a mais presente: querer os 40 milhões que o pequeno emirado barenita dá todos os anos para ter um Grande Prémio. Se está disposto a abdicar dos vinte milhões extra, tudo bem, mas aquele valor poderá ser importante para equilibrar as suas contas, porque pelas suas exigências cada vez mais altas e incomportáveis, os próximos anos serão dificeis.
E quando diz no final da noticia que "se e quando voltar ao calendário eles irão pagar o valor habitual", acho que está a ser demasiado otimista. As coisas na zona estão absolutamente imprevisiveis, nenhuma "cabeça coroada" da região sabe onde estará no dia de amanhã. Esta tarde, andei a ver imagens do Bahrein, onde quase toda a gente saiu à rua para exigir reformas, e parece que isso não terá um fim próximo. Aparte disso, os eventos noutros lugares como Libia ou Irão demonstram que apesar das fortes resistências dos regimes vigentes, a onda da mudança veio para ficar.
E mesmo que as coisas no Bahrein cheguem a um final feliz, caso a população faça com que se transforme numa monarquia constitucional, com o poder do emir fortemente reduzido, sabendo nós que o Grande Prémio é uma ambição pessoal do herdeiro da coroa, acham que o povo vai ver com bons olhos que o dinheiro seja gasto num Grande Prémio em vez de, por exemplo, cuidados de saúde, água, saneamento, educação, etc... de uma zona como essa? Creio que não, pelo menos nos próximos tempos.
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