No meio de tantas competições no fim de semana passado, a Indy Car Series foi a última a arrancar em termos de horário. Quando os carros alinharam para a largada em St. Petersburg, já se dormia na Austrália, provavelmente alguns a tentar curar a ressaca que houve após os festejos pelo bom resultado que alguns pilotos e equipas tiveram nesse dia. E em Portugal, já se começava a desmontar as estruturas de mais um Rali, onde Sebastien Ogier conseguiu superar o seu companheiro mais velho, Sebastien Löeb.
A temporada de 2011 da Indy Car Series será a última "mono": monomarca, monomotora, monopneumática. A partir do ano que vêm vai haver uma pequena liberalização em termos de chassis - apesar de serem todos feitos pela Dallara, alguns componentes poderão ser feitos por outras marcas - de motor, apesar dos pneus ainda serem propriedade da Firestone, que ficará até 2013. E claro, vai ser marcada pela famosa prova final em Outubro, na oval de Las Vegas, onde o "outsider" que bater os pilotos da competição levará uma mala com cinco milhões de verdinhas para casa. E claro, candidatos não faltarão...
Assisti à corrida, e torci o nariz ao novo procedimento de partida, por achar que leva os pilotos ao erro e ao desastre. A carambola da primeira curva pareceu demonstrar essa razão. Mas isso deu uma espécie de "bodo aos pobres", onde vi um Tony Kanaan, que até há dez dias não tinha lugar na Indy, a segurar um terceiro lugar na sua KV Lotus contra o carro da suiça Simona de Silvestro.
Quanto a Kanaan, é bom ver que arranjou um lugar para o talento que tem e este terceiro posto é um prémio para alguém que teve apenas uns dias para se adaptar à equipa, aos engenheiros e aos mecânicos. Mas fiquei ainda mais contente por ver o bom lugar da piloto suiça e a luta que teve por aquele que poderia ser o seu primeiro pódio. E fiquei convencido que ela poderá ser o futuro das mulheres na competição.
É sabido há muito que a Indy acolhe mulheres, dá-lhes uma chance. E elas por vezes correspondem. O exemplo de Danica Patrick é o mais conhecido de todos, mas as expectativas criadas em 2005 não se concretizaram. Tem apenas uma vitória e com o tempo nota-se os seus defeitos: não se dá bem com as pistas citadinas e convencionais, é uma mulher de ovais, o seu mau feitio começa a ser lendário e vê-se que a sua enorme capacidade de gerar publicidade tem mais a ver com o fato de ser mulher do que os resultados. Agora com 29 anos, em 99 corridas espalhadas em seis temporadas, conseguiu uma vitória, três pole-positions e sete pódios. É um palmarés razoável, é certo, mas fica-se com ideia que é sobrestimada.
A sorte de Danica é que as outras mulheres, como Milka Duno e Sarah Fisher, eram piores do que ela. Mas a entrada em cena de Simona de Silvestro pode mudar as coisas. É uma jovem suiça (22 anos), mostrou ser competitiva na Formula Atlantic (cinco vitórias e o terceiro lugar na classificação em 2009) e na sua primeira época na Indy Car Series, não comprometeu. E dá-se bem nas pistas citadinas, embora tem de provar a sua capacidade nas ovais. Espero que tenha tempo.
Começo a acreditar que Simona pode ter um melhor futuro do que Danica. Mesmo a americana começa a pensar numa eventual mudança para a NASCAR, dado que este ano está a participar mais vezes na competição, embora seja ainda um part-time. Se os resultados em pista nesta temporada não forem convincentes e a imprensa continuar a chatear com o seu mau feitio, pode ser que se vire para essa categoria, que é quase toda feita em ovais, com algumas honrosas excepções.
Claro, não posso esquecer de Ana Beatriz "Bia" Figueiredo. Fez boa figura na Indy Lights, vencendo numa oval, mas a temporada de 2011 será a sua primeira completa, pois no ano passado competiu por algumas corridas. E se o resultado de St. Petersburg foi algo decepcionante, há uma razão para isso: competiu quase toda a corrida com o pulso direito partido. Mas o fato da piloto brasileira conseguir uma temporada completa, com patrocinadores brasileiros, já é um feito que merece ser aplaudido, no mínimo.
O campeonato começou agora, é certo, mas vou olhar, quer para a Bia, quer para a Simona com outros olhos... competitivamente, claro.
Vou repetir o que sempre falei. A Danica é a versão feminina do medíocre Bryan Herta. Só andou em equipe grande e nunca fez nada. Se Danica se chamasse 'Danico' ou qualquer nome no masculino, já teria ido embora da Indy faz tempo!
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