Nos tempos mais recentes, o assunto mais polémico no Mundial WRC são as táticas nas classificativas. Desde que se descobriu que os pilotos que abrem na frente no dia competitivo perdem tempo em relação aos pilotos que estão atrás de si, ao ponto de se perder um minuto em certos casos, que os pilotos das duas equipas de fábrica presentes, Ford e Citroen, andam a "artificializar" as classificações gerais nos primeiros dias do rali, falseando de uma certa forma o espirito da competição. Assim sendo, tenta-se desde há algum tempo moralizar esse assunto, sem grandes resultados.
Assim sendo, começa-se a instalar algum mal-estar entre os pilotos e este já começam a falar que o atual sistema, onde no primeiro dia de prova os carros passam pela mesma ordem da classificação no campeonato, passando nos dois dias seguintes a correr-se pela ordem competitiva do dia anterior, seja alterado.
"Atualmente é simplesmente aborrecido. Nao foi por isto que eu vim para os ralis. Quero pilotar a fundo desde o início, não quero estar a pensar em abrandar, isto é uma competição, é suposto pilotarmos o mais rápido possível", começa por afirmar o norueguês Petter Solberg em declarações à Autosport britânica.
"Para mim, a forma de resolver isto é fazendo um sorteio. Pomos 15 números num chapéu e os 15 primeiros tiram um número à vez. Esta é forma mais justa, não é? Quer dizer, por vezes, teremos azar e tirar o número 1, mas isso não é algo que vá acontecer sempre. Penso que os pilotos pensam todos assim. Deveriamos fazer isto no dia anterior a cada dia de competição, dessa forma todos iríamos pilotar a fundo e ninguém se poderia queixar. Não precisamos de inverter os 15 primeiros, basta tirar números à sorte - dessa forma, estes jogos estúpidos vão parar e podemos voltar ao desporto. E vamos ter de tomar essa decisão depressa", finalizou.
A questão das táticas é abordado pelo diretor da Citroen Sport, o francês Olivier Quesnel, de uma forma interessante: "Tendo em conta a ordem de partida de Loeb e Hirvonen neste Rali da Jordânia, sabíamos que muito provavelmente só o Ogier e o Latvala iriam lutar pela vitória, por isso há que alterar as regras, de modo a que mais pilotos possam ter a possibilidade de lutar pelas vitórias nos ralis, sem que existam outras razões que o impeçam. Se queremos que o campeão seja o mais rápido de todos, e que os pilotos andem sempre no máximo das suas possibilidades, há que inverter a ordem de partida para os troços dos homens do WRC. É fácil de o fazer.", referiu.
Que não haja dúvidas que a questão das táticas de equipa será provavelmente a questão mais pertinente do atual panorama dos ralis. É incomodativo, no mínimo, e adultera um pouco o espirito dos ralis. Tendo a FIA agora homens dos ralis à sua frente, como Jean Todt e Michele Mouton, e como agora a FIA quer alterar os ralis no sentido de recuperar alguma da essência que tinha nos anos 80 e 90, alterar o sistema de largada para um sorteio puro, como sugere Petter Solberg, seria uma forma de solucionar a questão, e acrescentaria mais imprevisibilidade nos ralis. E seria provavelmente um regresso ao "back to the basics" que esta direção da FIA pretende fazer.
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