Vou ser honesto: não é nada que me surpreenda. Aliás, tenho a certeza que isto vem na sequência do processo de atribuição das candidaturas ao Mundial de 2018 e 2022, que no final do ano passado, foram atribuidas à Russia e mais surpredendentemente, ao Qatar. Ambas as candidaturas bateram outras como a Inglaterra, a candidatura conjunta entre Portugal e Espanha e Austrália, entre outros. Na altura em que essas candidaturas foram atribuidas, suspeitei fortemente - tal como muita gente - que essas escolhas foram feitas mais por causa dos camiões de dólares que trouxeram do que propriamente outros critérios, sejam dos estádios, sejam de outras instalações. O Qatar nega que comprou a candidatura, mas toda a gente suspeita disso, e provavelmente com muita razão.
No programa, outros nomes eram falados como fazendo parte neste esquema: o paraguaio Nicholas Leoz, o camaronês Issa Hayatou, presidente da CAF, a confederação africana de futebol, e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, entre outros. E o programa falava de escândalos mais antigos, com o da agora falida ISL, uma empresa com direitos televisivos, que pagou luvas a muita gente, desde João Havelange, o então presidente da FIFA, - e ex-sogro de Ricardo Teixeira - até a Sepp Blatter, passando obviamente pelos nomes acima referidos.
Entretanto, os membros da falhada candidatura britânica depuseram ao longo destes meses numa comissão de inquérito do parlamento britânico, onde explicaram algumas das falcatruas que souberam ao longo do processo, e que disseram que a decisão da não atribuição do Mundial de 2018 à Inglaterra foi mais politica do que técnica. É que o escândalo dos dois membros do Comité Executivo da FIFA afastados devido a terem aceites subornos, um taitiano e um nigeriano, denunciados pelo jornal Sunday Times e pela BBC, fizeram encolerizar a FIFA, que assim aplicou tal castigo. Mas parece que ao retardador, esse feitiço poderá ter virado contra o feiticeiro. E que agora, Warner, caído em desgraça, decidiu vingar-se, usando aquela expressão clássica: "se eu cair, vou-vos arrastar comigo".
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E agora, se as suspeitas eram grandes, podemos dizer com toda a certeza que este processo de atribuição do Mundial foi dos mais sujos de sempre. Bin Hamman decidiu retirar a sua candidatura, mas isto a procissão está no adro. E as consequências são ainda inimagináveis.
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