Como estava à espera na semana passada, a FIA decidiu cometer a asneira de aprovar em reunião o regresso do Bahrein no calendário de 2010. A entidade suprema do desporto automóvel decidiu que iria ser realizado no dia 30 de outubro, lugar onde antes estava o GP da India, enquanto que esta seria adiada para o dia 11 de dezembro, fazendo com que o calendário de vinte provas acabe perigosamente perto do Natal, levando os funcionários a um stress elevado e dando a eles pouco tempo para férias e a trabalhar para os carros da temporada seguinte, dado que os testes começam a 1 de fevereiro.
Com esse anuncio, levantou-se uma enorme tempestade nos meios automobilísticos e não só. Quase toda a gente foi contra e existem diversas ameaças de boicote, para além das ameaças dos grupos de oposição de perturbarem a corrida no fim de semana desse Grande Prémio. E claro, os que viram a suas viagens para a India serem canceladas devido a esta alteração do calendário, também a protestarem por esta decisão. Em suma, fora dos círculos habituais, ninguém gostou.
Com o passar dos dias, surgiram reações mais substantivas. Pilotos como Mark Webber e Rubens Barrichello manfiestaram receios de segurança e torceram o nariz à corrida e as equipas, através da FOTA, andaram a falar ao longo da semana para dizer ontem que também estavam contra a corrida barenita e consideravam nem comparecer no local, caso a FIA voltasse atrás na decisão, foram estas as reações que foram vistas. E como cumulo, o próprio Bernie Ecclestone disse que não seria boa ideia ir ao Bahrein na situação politica existente.
Sobre este último aspecto, não sei retirar conclusões que não do puro oportunismo politico, para não dizer outra coisa. Depois de defender o regresso ao Bahrein e ter votado a favor - foi uma decisão aprovada por unanimidade, como sabem - Ecclestone, ao ver e ouvir a tempestade que se levantou nos dias a seguir, desde os governos ocidentais até à FOTA, decidiu primeiro ter uma postura de "low profile", e depois afirmar que "se calhar, não deveriamos ir ao Bahrein". Se não é ser catavento, o que será?
É certo e sabido que a FIA deu um enorme tiro no pé, como seria de esperar, e viu que tinha arranjado sarna para se coçar e deseja agora resolver o assunto sem ter de pagar um único tostão. Agora está de volta à mesma tática que convenceu o governo barenita a cancelar da primeira vez, em fevereiro. Resta saber se vai conseguir os mesmos resultados da outra altura, embora eu tenha as minhas dúvidas. E claro, por esta altura, procura por bodes expiatórios, nomeadamente um dos vice-presidentes da entidade, que fora ao emirado dizer que "tudo estava bem", naquela paz que só os cemitérios conseguem dar...
Uma semana de tempestade poderá ter bastado à FIA e a Jean Todt para quererem voltar atrás e corrigir o erro. O chato é que isto vai acontecer por causa do dinheiro envolvido e das razões laborais do que propriamente devido aos direitos humanos. Se assim fosse, já se teriam livrado da China e já teriam anunciado a retirada da Turquia do calendário, por exemplo. Mas enfim... parece que o erro pode ser corrigido. O priblema é que todos querem sair desta tempestade sem ficarem muito despenteados.
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