Parece coincidência, mas nos últimos dois anos, sempre que Mark Webber chega a Silverstone, parece que se agiganta e diz coisas que são "politicamente incorretas". No ano passado, depois de ter vencido a corrida, ainda a comemorar dentro do carro, manda uma frase assassina para toda a gente ouvir: "Nada mau para um segundo piloto, pois não?" Este ano, num fim de semana onde as coisas correram menos bem para a equipa que ganha tudo, Webber decidiu mandar as ordens de equipa pela janela fora e atacou Vettel quando este estava a passar problemas.
Quando Christian Horner disse a Webber para manter a distância, mandou as ordens pela janela fora e decidiu atacar o segundo lugar do piloto alemão, mesma sabendo do risco que estava a correr. E não calou a revolta pelas ordens de equipa e pelo o fato de porque é que as desobedeceu: "Não estou feliz com isso. Se tivesse sucedido alguma coisa ao Alonso estávamos a lutar pela vitória. Ignorei as mensagens porque quero sempre conseguir a melhor posição."
Depois prosseguiu: "A equipa estava preocupada com a possibilidade de eu me envolver com o Seb (Vettel) em pista, pois queriam somar os pontos do Mundial de Construtores e eu entendo isso, mas a verdade é que também eu preciso de somar pontos para o campeonato, e acho que podemos perfeitamente lutar por posições sem os nossos monolugares se tocarem."
Claro, Christian Horner defendeu a sua tese das ordens de equipa. Em declarações à Autosport britânica, afirmou: "Percebo a frustração do Mark (Webber) mas se tivesse sido ao contrário a ordem era exatamente a mesma. Não faz sentido do ponto de vista da equipa arriscar os dois carros pois era óbvio que nenhum dos dois iria ceder. Basta olharmos para o que sucedeu com o Felipe Massa e o Lewis Hamilton na última curva, para entendermos que não faz qualquer sentido permitir aquilo a poucos metros do fim entre dois companheiros de equipa. O Mark preferiu ignorar mas é essa a posição da equipa. A nossa razão advém do facto do Sebastian ter aumentado a liderança no campeonato, o Mark ter passado a segundo na competição e a equipa dilatado a diferença nos Construtores."
Claro que com este incidente, pode-se questionar se a renovação do contrato de Webber com a equipa austriaca esteja em perigo. Pelo que se fala por aí, não. Está tudo encaminhado para que Webber, cujo contrato termina no final desta temporada, prossiga na Formula 1 em 2012 ao serviço da equipa de Salzburgo. Mas o que este ano se mostra, e ao contrário daquilo que Christian Horner disse no ano passado, quando rebentou a polémica sobre as ordens de equipa da Ferrari em Hockenheim, onde Felipe Massa teve de abdicar da vitória em favor de Fernando Alonso, este ano parece que ele quer que haja ordens de equipa, pois outros valores falam mais alto. E ainda por cima, numa equipa austriaca com um piloto alemão, importa tê-lo como o melhor.
Isso faz-me lembrar a ideia da "desobediência civil". Nós vivemos aquilo que Jean-Jacques Rosseau chamou de "Contrato Social": há leis básicas que a Sociedade aceita para podermos viver em harmonia, sem caos ou anarquia. Obedecemos ao primado da Lei, que acreditamos que seja igualitára para todos. Mas nas sociedades democráticas existe uma honrosa excepção que é a desobediência civil. E isso é usado como um ultimo recurso de uma Lei, caso esta seja injusta. Bons exemplos dessa "desobediência civil" são os Direitos Civis nos Estados Unidos, contra as leis de segregação racial, ou então a luta pela independência da India.
De uma certa maneira, respeitando ambas as partes, direi isto: Sebastien Vettel é um piloto muito bom, é um fato, mas como toda a gente, tem dias bons e maus. E quando o segundo piloto tem um bom dia, não se deve impedi-lo de brilhar. Esse é que é o grande problema das ordens de equipa, na minha optica. E daí que digo que nestas ocasiões, Mark Webber fez uso dessa "desobediência civil".
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