A noticia automobilística por estes dias no Brasil tem a ver com a Stock Car, que caso os portugueses queiram saber o que é, digamos que faz lembrar vagamente a NASCAR americana, com chassis tubulares de aço e uma capa de plástico a imitar um modelo de estrada. Pois bem, por lá uma uma competição que chama de "Corrida do Milhão", onde o vencedor recebe isso mesmo: um milhão de reais. Este ano, ela vai acontecer a 7 de agosto, no Autódromo de Interlagos.
Pois bem, os organizadores decidiram internacionalizar-se e convidaram Jacques Villeneuve para que participasse ao lado dos pilotos locais. E o canadiano, filho de Gilles e campeão do mundo em 1997, aceitou o convite. "Conheço bem Interlagos dos tempos da F1, e posso dizer que estou contente com esta participação. Gosto de corridas e um convite como este mexe com qualquer piloto.", referiu, em declarações captadas pela Autosport portuguesa.
O que vocês não sabem - mas eu soube - era que em caso de recusa, o plano B era convidar... Pedro Lamy, para participar na tal "Corrida do Milhão". E o que me contaram por lá era que a ideia dos organizadores de convidar um piloto estrangeiro para uma coisa destas é que a competição começa a perder interesse e patrocinadores devido as polémicas que aconteceram nos últimos meses, bem como o tratamento por vezes muito mal feito que a Rede Globo dá às transmissões, que deveriam sempre ser em direto, e não são. Para não falar dos acidentes mortais nos últimos meses, especialmente o de Gustavo Sondermann, que não tendo acontecido na categoria principal, o chassis que usava tem a mesma configuração dos Stock Car.
Com essas polémicas na ordem do dia, não é de admirar que os patrocinadores comecem a abandonar a competição. Isso, associado à queda de espectadores e de audiência, bem como as polémicas que acontecem entre pilotos, organizadores e a Confederação Brasileira de Automobilismo, chefiada por Cleyton Pinteiro, mostra que as coisas por Terras de Vera Cruz não andam muito boas. E claro, no Rio de Janeiro, chora-se a perda de Jacarépaguá, perdida a favor dos Jogos Olímpicos, que se realizarão em 2016, trocadas por promessas de um autódromo numa antiga base militar e que será desenhado, sabe-se lá quando. Falam em 2013, mas para lá chegar, só mesmo quem acredita que os homens não são corruptos.
Sendo este um pais em ascensão na cena internacional, e tendo dado três campeões do mundo e inúmeros bons pilotos para as várioas categorias espalhadas pelo mundo inteiro, bem poderiam atrair pilotos estrangeiros para fazer uma categoria que rivalizasse, por exemplo, com a Indy Car Racing. Mas para isso acontecer, a constituição de uma entidade totalmente independente, constituída por pilotos, equipas, organizadores de circuitos, separada de uma entidade federativa seria meio caminho andado para esse sucesso. É o que acontece nos Estados Unidos.
Mas pelo andar da carruagem, é preciso o automobilismo chegar ao seu "grau zero" para reagir. Andam todos à espera dessa bomba atómica, pelos vistos, porque ninguém a quer lançar. É pena, porque ainda acho que, visto de fora, o Brasil poderia dar um imenso contributo ao automobilismo internacional, para além de ser um exportador de talentos.
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