terça-feira, 16 de agosto de 2011

O regresso à ribalta de Pedro Matos Chaves


Já não o via ou ouvia falar de Pedro Matos Chaves desde há algum tempo. Mas a semana passada, a Autosport portuguesa pediu aos seus leitores para mandarem perguntas para uma entrevista. E quando foi a vez de ele responder a essas perguntas, ele não deixou de tocar o dedo na ferida, especialmente na forma como a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting trata a modalidade.

"[No atual estado do desporto automóvel em Portugal] eu diria que 75 por cento é da FPAK e 25 por cento da economia. A Federação nunca foi proativa e deixou-se apanhar numa maré negativa que se antevia há muito. Quando tentaram reagir foi tarde. Deixaram disparar os custos, deixaram que se alugassem GPS obsoletos aos participantes a um preço enorme, os preços elevados das licenças, a falta de prémios, a adoção de regulamentos internacionais desajustados à realidade interna, a falta de atrativos para as marcas nos troféus, deixaram morrer o karting durante um ano por estarem de costas voltadas para a modalidade. Enfim, neste clima de crise económica, incontornável, nota-se uma gritante falta de estratégia.", afirmou, respondendo à pergunta feita por um leitor da revista.

Agora com 46 anos e semi-retirado da competição, Pedro Matos Chaves deu o exemplo de como é que as coisas são feitas na vizinha Espanha para demonstrar as diferenças do que se passa por estas bandas. "Em Portugal, a Federação está virada de costas para os praticantes, preocupa-se apenas com os organizadores e segue o seu caminho. Isso tem os resultados que todos vemos. Em Espanha, os responsáveis ouvem organizações, participantes, marcas, tratam toda a gente como se fossem clientes, pessoas que é necessário ouvir e apoiar. É uma postura completamente diferente. E bastava mudar isso em Portugal."

Chaves afirmou nessa entrevista que chegou a pensar em candidatar-se à presidência, mas não avançou por falta de disponibilidade para um cargo daquela natureza: "Isso nunca passou de pedidos por parte de amigos, jornalistas e praticantes que me incentivaram a avançar para uma candidatura. Na altura, na minha cabeça, não tive vontade de dar esse passo por clara falta de tempo. Estava a tomar conta da empresa de transportes do meu pai e não tinha a disponibilidade que acho necessária para gerir uma federação de forma responsável. Apenas isso."

Mas a entrevista também serviu para falar da sua carreira, onde revelou que gostou do seu tempo nos Estados Unidos, onde correndo pela Indy Lights, encontrou um ambiente descontraído, mas profissional ("identifiquei-me com aquela cultura") e recordou os tempos em que fez Ralis, GT's e Todo-o-Terreno, e não se esqueceu da Formula 1, onde conta que lhe faltou um milhão de euros para correr pela March na temporada de 1992.

"Na altura existiam muitos pilotos que estavam na F1 há muito tempo e pilotos como eu ou o Gabriele Tarquini não tínhamos alternativa senão entrar por uma equipa como a Coloni. Mas no ano seguinte tive um contrato assinado com a Leyton House/March que só não foi cumprido porque eles exigiam dois milhões de dólares e eu só consegui arranjar um milhão no prazo estipulado. O (Karl) Wendlinger ficou com o lugar mas penso que esse momento podia ter transformado a minha carreira".

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