Esta semana recebi na minha caixa do correio uma série de fotos de impressionante: o acidente de Clay Regazzoni no GP do Mónaco de Formula 3 em 1968. Conhecia razoávelmente bem essa história - aliás, as fotos foram tirados do blog do Saloma - , mas até hoje ainda não me tinha debruçado realmente sobre essa história em particular. Agoira que vejo as fotos, digo para mim mesmo que o suiço teve muita sorte: caso não tivesse sobrevivido, nunca o teriamos conhecido, nem saberíamos da sua carreira na Formula 1, que durou uma década e que terminou com outro acidente, em Long Beach, que o deixou paralisado de cintura para baixo nos seus restantes 26 anos da sua vida.
Em 1968, Regazzoni alternava entre a Formula 3 e a Formula 2, ambos a bordo de um Tecno da equipa oficial. Já tinha 28 anos, um pouco velho para chegar à Formula 1, mas era um piloto veloz e algo agressivo para os seus adversários. Tanto que nesse mesmo ano iria estar envolvido numa controvérsia na corrida de Zandvoort, onde foi acusado de bater deliberadamente no carro de um inglês chamado Chris Lambert, provocando a sua morte.
Nessa prova do Mónaco, que servia como prova de suporte para o Grande Prémio do Mónaco, "Regga" estava fazer a sua corrida quando perdeu o controlo do seu carro após a chicane do Porto. Sem poder fazer grande coisa, bateu forte no "guard-rail" que na altura - e pelas fotos - se podia ver que era de uma só barreira. E era um dispositivo novo, colocado para substituir os fardos de palha, após o acidente mortal de Lorenzo Bandini, no ano anterior.
Com o seu carro de Formula 3, mais pequeno do que um carro de Formula 1, e devido à violência do impacto, Regazzoni passou por baixo do guard-rail e esteve a milimetros de ser decapitado. Mas o que lhe salvou foi o seu instinto de sobrevivência, pois baixou-se o suficiente de forma a que a lâmina da barreira de proteção passasse imediatamente abaixo da sua querida cabeça. E pouco depois, saiu incólume do seu carro.
É importante falar sobre isto pelo simples fato de até que ponto Regazzoni teve sorte. Alguns anos depois, em 1974, quando o suiço já era piloto da Ferrari e lutava pelo título mundial, na prova de Watkins Glen, um dos seus concorrentes, o austriaco Helmut Koinigg, teve um acidente semelhante com o seu Surtees oficial. O carro passou por baixo do guard-rail duplo e o pobre austríaco, então com 25 anos, teve morte imediata devido à decapitação causada pelo impacto.
No dia em que se comemoram cinco anos da sua morte, numa auto-estrada italiana, ver que a vida dele poderia ter acabado muito antes da sua carreira na Formula 1, e não aconteceu por mera sorte - ou instinto - é incrivel. Mas a vida é assim mesmo. E esse momento de sorte nos permitiu conhecer um excelente piloto que marcou o seu tempo.
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