segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A história da greve dos pilotos de Kyalami


Na véspera de Natal de 1981, Niki Lauda recebe uma carta na sua casa de Viena. Vinha da parte da FISA, que no final desse ano tinha decidido que os pilotos iriam ter uma Super-Licença para guiar um carro de Formula 1, que seria a partir dali condição “sine qua non” para que pudesse guiar um carro tão potente e complicado. Contudo, ao ler as clausulas mais atentamente, o piloto austríaco, que iria regressar à categoria máxima do automobilismo, a convite de Ron Dennis, agora o patrão da McLaren, descobriu que a carta tinha as seguintes alíneas:

3 - A Super-Licença será atribuída quando um piloto estiver comprometido com uma equipa em particular e esta assinar a Super-Licença emitida pela FISA.

4 – A licença seria emitida ao piloto do qual estaria comprometido para guiar durante a temporada em curso.


Niki Lauda entendeu isto como uma espécie de “segunda propriedade” por parte das equipas aos pilotos que o guiavam. Já não lhe bastava os pilotos estarem comprometidos a uma determinada equipa, isto poderia significar – embora o regulamento não o especificasse – que caso a equipa despedisse algum piloto, este não poderia guiar para uma outra equipa, pois era ela que tinha a Super-Licença, e tinha a proteção da FISA, que nessa altura era liderada por Jean-Marie Baleste, que dizia o que o piloto podia ou não fazer. (...)


(...) As coisas precipitaram-se, contudo, na quinta-feira de amanhã, quando um autocarro creme apareceu no paddock de Kyalami e os pilotos eram levados, um por um, para dentro desse autocarro. Dentro dele estavam Niki Lauda e Didier Pironi, que tinham decidido convocar uma reunião de emergência da GPDA, que iria acontecer no hotel onde estavam hospedados, o Sunnyside Park Hotel. Os pilotos mais novos estavam relutantes em ir, mas foram persuadidos pelos mais velhos a aderirem. Somente dois pilotos não vão: os veteranos Jacky Ickx e o Jochen Mass, mas este não tinha sido avisado do que ia acontecer. (...)

A temporada de 1982 passou para a história como um dos mais atribulados da Formula 1. E essa atribulação começou bem antes, quando alguns pilotos de Formula 1 como o regressado Niki Lauda e o francês Didier Pironi começaram a contestar algumas clausulas da Super-Licença que a então FISA tinha estabelecido como forma de as atribuir aos pilotos. Estes consideraram-nas como abusivas e a unica maneira de fazer valer a sua razão foi o de pura e simplesmente... não correr.

O impasse durou dois dias, com os pilotos a dormirem juntos num salão do Sunnyside Park Hotel, para evitar divisões que a FISA ou os patrões das equipas tentassem impor. E após esse tempo todo, com os organizadores a pressionarem a FISA e a FOCA para que a corrida acontecesse, sob pena de arrestarem os seus carros, Jean-Marie Balestre e Bernie Ecclestone cederam, e a corrida prosseguiu como planeado. Mas ninguém sabia que isto era o inicio de uma temporada inesquécivel, com desclassificações, boicotes e tragédias. Tudo isto e muito mais, pode ser visto agora no site Portalf1.com

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