Como todos sabem, o calendário de Formula 1 de 2012 tem um grande escolho chamado "GP do Bahrein". E a cada dia que nos aproximamos do dia 22 de abril, o incómodo que isso causa devido à agitação social que ocorre nessa ilha no Golfo Pérsico começa a ser notado. E o mais recente capítulo desse incómodo ocorreu hoje, quando após mais um incidente na ilha onde a policia cortou os dedos a um cidadão com passaporte britânico, oito representantes da Câmara dos Lordes escreveram uma carta aberta ao jornal "The Times" de Londres, apelando à FIA para que abdique de ir ao Bahrein na data prevista.
"Caro Senhor, Notamos com preocupação a decisão da Formula 1 de ir correr no Bahrein no mês de abril", começaram por afirmar os subscritores dessa carta aberta, descrita também no Autosport britânico. "A crise no Bahrein está a ser uma fonte de instabilidade na região do Golfo, e a falta de acções em direção à reconciliação politica preocupa a todos os que desejam ver o país em direção de uma maior responsabilidade democrática".
"Nos últimos dois meses, temos visto um entrincheirar de posições por parte dos dois lados que arrisca a que vozes mais extremas comecem a ditar o progresso deste conflito. Nesta altura, com manifestações diárias e as motres de civis, não acreditamos que este é o tempo certo para o regresso da Formula 1 ao Bahrein", continua a carta.
"O Bahrein é um ponto de comércio e de negócios no Médio Oriente, e isto tras maior responsabilidade. Direitos Humanos e estabilidade económica são dois fatores indissociáveis e o governo barenita tem de fazer mais para persuadir organizações internacionais que o seu local é suficientemente estável para os negócios. Até que o governo tome medidas para reformar os sistemas eleitoral, penal e judicial, quer os obsrrvadores internacionais, quero os cidadãos comuns não tem a confiança suficiente de que o Bahrein está no caminho da estabilidade politica. Assim sendo, pedimos à FIA para que reconsidere a decisão de ir correr no Bahrein", conclui a missiva, assinada por membos do Partido Conservador como Lord Ahmad of Wimbledon and Lord Boswell, que como membro do parlamento tinha sido eleito pela circunscrição onde se situa o circuito de Silverstone, mais o Lord Ahmed of Rotherham, o primeiro nobre de origem muçulmana, e os Liberais-Democratas Lords Alton, Avebury and Baronesa Falkner of Margravine.
E à medida que o dia do calendario se aproximar do tal dia 22 de abril, mais vozes irão certamente se levantar, com cada vez mais apelos ao boicote, algo que provavelmente só terá paralelo com os eventos de outubro de 1985, quando o mundo tentou convencer - sem grande sucesso, diga-se - de que a Formula 1 boicotasse o GP da Africa do Sul, devido ao regime do "apartheid".
E tal como em 1985, a pessoa que mandava na Formula 1 é a mesma: Bernie Ecclestone. Que disse no mês anterior no jornal austriaco Salzburger Nachtirchten que está pouco preocupado. "Toda a gente fala muito dessa parte do mundo, mas o Bahrein é o país com menos problemas na região", afirmou na altura. E isto não vai ficar por aqui...
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