sexta-feira, 23 de março de 2012

A crise na Ferrari, vista pelo jornal i

Os problemas da Ferrari já são mais do que conhecidos, bem como a sua vontade de reagir por parte da Scuderia de Maranello, sob pena de acabar o ano no quinto lugar dos construtores, atrás de Lotus ou a lutar por milgalhas com Force India, Toro Rosso, Sauber e Williams. Em Itália já se pedem cabeças e julgam que Felipe Massa deveria ser o primeiro a cair, por ser provavelmente o elo mais fraco nessa cadeia, desconhecendo - ou não - que o ponto fraco é mesmo o carro. E pelo que se lê nesta noticia do jornal i, escrita por Rui Catalão, que a Ferrari está disposta a conceder uma nova oportunidade a Massa e provavelmente irá fazer uma versão B do carro de 2012. 

Tem de ser, porque ninguém em Itália e no resto do mundo perdoará uma má época do Cavallino Rampante. E caso aconteça, pedirão a cabeça de toda a gente.

FERRARI. SE NÃO PRESTA, O MELHOR É MUDAR JÁ

Por Rui Catalão, publicado em 23 Mar 2012 - 13:53 | 
Actualizado há 2 horas 6 minutos 

O F2012 desiludiu nos testes e na Austrália. A equipa italiana está a preparar um carro novo para o GP do Bahrein ou de Espanha. Pelo caminho também pode pensar num novo piloto

Em semana de grande prémio, as quintas-feiras na Fórmula 1 são como um casal à beira do início do namoro: a acção está perto de começar, mas ainda não rolou nada. As equipas já têm todo o material no circuito, fazem as alterações que faltam aos carros. Os pilotos também lá estão, dividem o tempo entre os engenheiros e os jornalistas, o trabalho e o descanso.

Na Malásia, a Ferrari aproveitou a quinta-feira para prestar uma homenagem há muito pensada. A escuderia foi até à curva 11 para lembrar o acidente que matou Marco Simoncelli, piloto italiano, na prova de 2011 do MotoGP em Sepang. “Sic, 58. Sempre com noi”, lia-se na placa que Fernando Alonso e Felipe Massa seguravam, no meio da pista.

Foi um momento de luto, que aconteceu no meio de outro: a Ferrari está prestes a dar como morto o F2012. O carro desenhado por Nicholas Tombazis e Pat Fry vai durar apenas mais dois ou três grandes prémios, tempo suficiente para ser preparada uma alternativa. Os resultados nos testes de pré-época e mesmo no GP da Austrália ficaram longe daquilo que a equipa italiana esperava. Pastor Maldonado, por exemplo, mostrou durante a corrida de Melbourne que o Williams tinha ritmo suficiente para pressionar – e até ultrapassar – Alonso.

O quinto lugar do espanhol foi um mal menor. As expectativas estavam niveladas bem mais por baixo, mas também não mudaram só porque Alonso conseguiu terminar logo atrás dos monolugares mais fortes da Fórmula 1: os McLaren (Jenson Button em primeiro e Lewis Hamilton em terceiro) e os Red Bull (Sebastian Vettel no segundo lugar e Mark Webber no quarto). Na verdade, foi há quase um mês, durante o primeiro teste de Barcelona, que se pôs a questão: continuar a trabalhar no F2012 ou pensar num plano B?

No início da semana, Stefano Domenicalli chamou as tropas a Maranello para uma reunião de emergência. Antes de voar para Itália, o patrão da Ferrari já tinha reconhecido o estado : “Temos problemas fundamentais. Um é a velocidade e o outro é a tracção. Como é óbvio o carro estará praticamente igual [na Malásia] porque é já no próximo fim-de-semana, mas vamos tentar melhorar alguma coisa com as afinações. E depois para a China, o Bahrein, etc, vamos levar algumas mudanças.

MASSA EM RISCO? O plano B da Ferrari pode não se resumir à construção de um novo carro. Desde o acidente na Hungria, em Julho 2009, que Felipe Massa tem estado muito longe daquilo que já mostrou em pista. Ao longo da época passada já houve quem pedisse a cabeça do brasileiro; agora, Massa corre o risco de perdê-la caso continue a desiludir. Em Melbourne foi forçado a desistir após um acidente com o compatriota Bruno Senna. Isso não esconde, ainda assim, o que se tinha passado na qualificação: Massa foi 16.º, a 2,5 segundos do melhor tempo registado por Lewis Hamilton, o mais rápido da sessão.

A especulação já está em andamento. Uma das hipóteses para substituir o brasileiro é Sergio Pérez, que corre pela Sauber (parceira da Ferrari) e está integrado no programa de jovens pilotos da equipa italiana. “É muito cedo para especular”, diz o piloto de 22 anos. Mas a lista não acaba nele: Jarno Trulli e Adrian Sutil também estão entre os nomes falados.

Massa, por agora, garante que vai trabalhar para fazer melhor. “Estamos a tentar tirar o melhor rendimento possível do carro, ainda que toda a gente saiba que não estamos na posição em que gostaríamos de estar. Espero que o carro possa funcionar melhor neste circuito do que na Austrália.” O brasileiro também precisa de trabalhar melhor. Senão pode não durar muito mais.

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