Acabou o Grande Prémio do Bahrein, a quarta prova do ano. Sebastian Vettel foi o vencedor, e os Lotus de Kimi Raikkonen e Romain Grosjean foram ao pódio, dando à equipa o seu primeiro pódio desde 2010, nos tempos de Robert Kubica, com a Renault. E para Grosjean, é o seu primeiro pódio de sempre e o primeiro de um francês desde o GP da Belgica de 1998, há quase 14 anos.
Não vi. Não quis ver. Se estou arrependido? Não. E não digo isto por orgulho. Felizmente penso pela minha própria cabeça e critico o facto de terem ido a um país em ebulição. Se os relatos podem ter sido exagerados, em muitas ocasiões, neste final de semana? Acredito que em alguns casos, pode ter sido. Mas os factos existem e não podem ser ignorados. Há uma população que contesta o governo por ter descriminado uma parte da população, por não ter feito as necessárias reformas, que pedem desde o ano passado e de terem preferido gastar 40 milhões de dólares em trazer uma manifestação desportiva, como fazendo parte de uma estratégia de demonstrar que "tudo está normal" e não se sabe quantos mais milhões de dólares para pagarem aos seus agentes para manter uma aparência de normalidade naquele país, afastando os manifestantes do circuito.
Ao longo do final de semana, li e vi muita gente a criticar as ações de alguns que decidiram criticar a corrida, afirmando que o Bahrein é um sitio tranquilo e que tudo é obra de um bando de agitadores. Acredito que sim, até pode ser, mas a agitação é real e os problemas existem. Já existiam antes do Grande Prémio, e continuarão a existir nos dias, semanas e meses que seguirão à corrida. Espero que o governo invista em resolvê-los, como tem dito nos últimos dias e na forma que o povo pede, porque provavelmente será mais eflicaz e muito mais duradoiro do que no dinheiro gadto nesta gigantesca operação de relações públicas, que foi este Grande Prémio.
O Bahrein, felizmente, não é a Síria. Mas ganharia imenso se a familia real tivesse tomado o caminho das reformas, ja em 2010. Infelizmente, perferiu reprimir primeiro e tentar corrigir os erros depois. Agora, o povo já quer tudo, não acredita na palavra dos seus governantes. Claro, a solução não é simples: porque está ao pé de um vizinho enorme como a Arábia Saudita, provavelmente uma das nações mais fechadas do mundo, porque está numa região volátil como o Médio Oriente, que vive a Primavera Árabe.
O GP do Bahrein também mostrou algo que sempre existiu na Formula 1, e que andou sempre no nosso subconsciente: deixou tanto de ser um desporto, mas sim uma grande montra para mostrar os seus produtos. O equilíbrio existente, que todos aplaudem agora, é de uma certa forma, artificial, comparado com o que acontecia nos anos 60 e 70. As regras são tantas e tão especificas, que qualquer coisa que traga algo de novo para o automobilismo é impedido. Hoje em dia, um sujeito como Colin Chapman não teria espaço por ali. Os espectadores e fãs não gostam de domínios, como aconteceu à Red Bull e a Sebastian Vettel em 2011. Também mostrou que a Formula 1 vai onde está o dinheiro. Vai à China, que é uma ditadura comunista, onde os direitos humanos são desrespeitados. Vai a países onde não há espectadores, e onde se constroem circuitos no meio de nenhures, como na Coreia do Sul ou até o Bahrein, que são desenhados pela mesma pessoa, como se de um monopólio se tratasse.
Em suma, esta é uma competição que é montada pelo dono do circo: Bernie Ecclestone. Sempre foi no passado e vai ser isto vai ser assim enquanto for vivo, porque como sabem, ele não dá sinais de se reformar. Não pode porque não quer, e também porque as equipas não o deixam. Aliás, eu fiquei com a ideia de que estão todos quietinhos, quer agora, no caso do Bahrein, quer agora nas discussões para o novo Acordo da Concórdia, provavelmente à espera que ele morra, para depois fazer as suas jogadas de tomada de poder, pelo menos no lado da Ferrari. Lembram-se das reivindicações da Scuderia para um terceiro carro e testes ilimitados? Luca di Montezemolo não desistiu dessa ideia.
Digam o que disserem, falem do que falam, digam que é um paraíso ou é um inferno na Terra, o Bahrein esteve nas bocas do mundo. E a Formula 1 também. Nunca vi e ouvi a competição tantas vezes nesta semana em canais noticiosos como a BBC, CNN ou a Euronews, e provavelmente, danificou alguma da sua reputação. Claro, todos apostam que o assunto seja esquecido e passem para a competição propriamente dita. Mas... e em 2013? Se nada for resolvido no pequeno emirado? Se não existirem as tais reformas que tanto falam? Se a agitação continuar? Se o pequeno emirado voltar ao calendário? Voltamos a ver tudo de novo?
E vocês, caros leitores deste blog, estariam dispostos a ver e ouvir tudo de novo daqui a um ano, como vocês ouviram ao longo desta semana?
Caro speeder. Eu também não vi o GP. É um bocado humilhante ser adepto de um desporto que se deixa instrumentalizar pelo dinheiro quando poderia ter usado a sua influência comercial para reprimir a família real. Como dizes está tudo nas mãos desse tal senhor que nem o nome vou referir. Penso que as equipas podia ter tido uma palavra a dizer, ou mesmo os pilotos que em aluns casos são bem mais influentes que as equipas onde correm. Vivemos no tempo da ditadura do contracto onde os valores morais são remetidos para linhas invisíveis no trigésimo quarto anexo...
ResponderEliminarCumprimentos.
Assisti à prova, e o fato é que nada que aconteceu dentro da pista foi mais importante que as barridacas e os postos de controle montados no caminho do autódromo. Foi divertido, mas foi triste, porque foi mais relevante politicamente do que esportivamente.
ResponderEliminarEquilíbrio é o que não falta.
ResponderEliminarÉ bacana ver o campeonato assim.
E Bahrein foi o tema mais comentado dos últimos tempos.
Abraços.
Lamentável esta etapa,como torcedor de um menino chamado Jenson Button,lamento os equívocos que a equipa McLaren efetuou nesta etapa,realmente lastimável jovens.
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