Como é sabido, ontem Bernie Ecclestone anunciou que o GP de França está assegurado no calendário do Mundial de Formula 1 em 2013, provavelmente a alternar com o GP da Belgica, que se corre num dos clássicos do automobilismo, que é Spa-Francochamps. A razão é simples: dinheiro, ou a sua falta. A organização do GP belga tem tido prejuízos nos últimos anos, e com a crescente exigência de mais dinheiro por parte de Bernie Ecclestone, os promotores locais viram com a solução de receber a corrida a cada dois anos, alternando com outra pista, e o governo francês veio com a solução do GP de França, como forma de aliviar a carteira dos promotores locais e não sobrecarregar o do governo francês.
Só no final do ano é que veremos como ficará o calendário, para ver onde e quando é que se realizará a corrida francesa. Mas uma coisa é certa: por fim, Jean Todt cumpriu um dos seus objetivos eleitorais, que era o de recolocar o GP de França no calendário, desaparecido desde 2008. Quanto ao circuito, todos falam de Paul Ricard, mas Magny-Cours é também uma hipótese.
Assim sendo, ao ver que o regresso de uma prova histórica será às custas de outra, parece que a Europa, aos poucos, desaparece do mapa da Formula 1: a partir de 2013, terá provavelmente sete pistas, em vinte possíveis. Provavelmente será o primeiro ano na história da Formula 1 que existirão mais provas fora do Velho Continente do que dentro. A única novidade europeia prevista será a Rússia, que aparecerá em 2014 num tilkódromo desenhado nas ruas de Sochi, a cidade que acolherá os Jogos Olímpicos de Inverno nesse ano.
O que muitos ficam revoltados - e com razão - é ver que um circuito tão desafiador como Spa-Francochamps possa desaparecer e dar lugar a um circuito construído em "nenhures", pago por um exêntrico qualquer, que decidiu levar a Formula 1 para o seu quintal. Por acaso, essa é a premissa detrás de Paul Ricard, mas o circuito situado no sul de França foi construído em 1970, e já teve mais do que tempo para entrar nos livros de História.
Só no final do ano é que veremos como ficará o calendário, para ver onde e quando é que se realizará a corrida francesa. Mas uma coisa é certa: por fim, Jean Todt cumpriu um dos seus objetivos eleitorais, que era o de recolocar o GP de França no calendário, desaparecido desde 2008. Quanto ao circuito, todos falam de Paul Ricard, mas Magny-Cours é também uma hipótese.
Assim sendo, ao ver que o regresso de uma prova histórica será às custas de outra, parece que a Europa, aos poucos, desaparece do mapa da Formula 1: a partir de 2013, terá provavelmente sete pistas, em vinte possíveis. Provavelmente será o primeiro ano na história da Formula 1 que existirão mais provas fora do Velho Continente do que dentro. A única novidade europeia prevista será a Rússia, que aparecerá em 2014 num tilkódromo desenhado nas ruas de Sochi, a cidade que acolherá os Jogos Olímpicos de Inverno nesse ano.
O que muitos ficam revoltados - e com razão - é ver que um circuito tão desafiador como Spa-Francochamps possa desaparecer e dar lugar a um circuito construído em "nenhures", pago por um exêntrico qualquer, que decidiu levar a Formula 1 para o seu quintal. Por acaso, essa é a premissa detrás de Paul Ricard, mas o circuito situado no sul de França foi construído em 1970, e já teve mais do que tempo para entrar nos livros de História.
Estava a ver ontem a versão portuguesa do Autosport quando dei por mim a ler uma noticia sobre a lista dos circuitos do atual calendário, e as suas datas de construção, e vejo que em 2012 temos um grande constraste entre os clássicos, ou seja, os circuitos com mais de 15 anos, e os "tilkódromos": é que estes últimos já são quase metade das provas no calendário.
GP da Bélgica, Spa-Francochamps, 1922
GP da Itália, Monza, 1922
GP de Monaco, Mónaco, 1929
GP da Alemanha, Hockenheim, 1932
GP do Brasil, Interlagos, 1940
GP da Grã-Bretanha, Silverstone, 1947
GP do Japão, Suzuka, 1962
GP do Canadá, Montreal, 1978
GP da Hungria, Hungaroring, 1986
GP da Espanha, Catalunha, 1991
GP da Austrália, Albert Park, 1996
GP da Malásia, Sepang, 1999. É o primeiro "Circuito Tilke", e por acaso é aquele que mais gosto. É uma mistura dos dois tipos: veloz e algo lento. Tem duas enormes retas e muitas zonas de média velocidade. E também uma chicane logo na primeira curva, onde os pilotos passam de um lado e para o outro. Bernie Ecclestone gostou tanto da experiência de Hermann Tilke que o elegeu oficiosamente como o seu arquitecto. Depois...
GP da China, Shangai, 2004
GP do Bahrein, Shakir, 2004
GP da Europa, Valência, 2008
GP de Singapura, Singapura, 2008
GP de Abu Dhabi, Abu Dhabi, 2009
GP da Coreia, Yongam, 2010
GP da Índia, Nova Deli, 2011
GP dos EUA, Austin, 2012
Nesta lista já não está Istambul, o circuito turco feito em 2005 e que saiu do calendário em 2011. Curiosamente, dos muitos que criticavam os "tilkódromos", quase todos diziam que o circuito turco era dos melhor desenhados, especialmente aquela Curva 8. Mas o que salta mais à vista de toda a gente é que, se dúvidas ainda existem, esta Formula 1 é cada vez mais moldada para o seu dono: Bernie Ecclestone. Foi ele que disse às pessoas interessadas em receber o Grande Circo o que devem fazer, como devem fazer, quanto custa e a quem devem entregar o projeto de desenho do circuito. E cada vez mais, as coisas são moldadas à sua imagem.
E a caminhada não acaba aqui: em 2013 haverá outro circuito desenhado pela mesma personagem: New Jersey, a corrida que Ecclestone sempre sonhou para Nova Iorque. E já se fala nos regressos da Argentina e do México... com isto tudo, alguém saltará para fora, nesse aspecto poderá ser outro "tilkódromo". Provavelmente Valencia, que ou desaparece por completo, ou alternará com Barcelona a realização do GP de Espanha. Este quadro é como disse acima, é o espelho atual da Europa: um continente arrasado pelo peso das dívidas e a viver uma recessão, não tem capacidade de acompanhar as exigências cada vez mais crescentes de dinheiro, para alimentar a "galinha dos ovos de ouro" que se tornou a Formula 1 hoje em dia.
O calendário de 2012 demonstra que, se dúvidas ainda haveria, a Formula 1 é moldada por Bernie Ecclestone, que pede a Hermann Tilke que desenhe os circuitos a seu bel-prazer. Quando desaparecer, daqui a alguns anos, a Formula 1 do passado não será mais do que uma mera recordação, pois ele modificou-a completamente, fazendo com que seja pouco mais do que um nome. Nada tem a ver com que vimos e conhecemos nos anos 70 e 80 e um pouco dos anos 90. É uma "Formula Ecclestone", uma "Formula Tilke". Mas se antigamente, muitos criticavam o projetista alemão pelo facto das suas pistas serem um longo sonífero, nos últimos dois anos, as modificações nas aerodinâmicas dos carros, como o DRS e as asas moveis, fizeram com que as ultrapassagens aumentassem exponencialmente, e as criticas aos "tilkódromos" decresceram bastante.
Amanhã volto a falar mais um pouco mais sobre o calendário, o futuro dos circuitos, e claro, da Formula 1.
O calendário de 2012 demonstra que, se dúvidas ainda haveria, a Formula 1 é moldada por Bernie Ecclestone, que pede a Hermann Tilke que desenhe os circuitos a seu bel-prazer. Quando desaparecer, daqui a alguns anos, a Formula 1 do passado não será mais do que uma mera recordação, pois ele modificou-a completamente, fazendo com que seja pouco mais do que um nome. Nada tem a ver com que vimos e conhecemos nos anos 70 e 80 e um pouco dos anos 90. É uma "Formula Ecclestone", uma "Formula Tilke". Mas se antigamente, muitos criticavam o projetista alemão pelo facto das suas pistas serem um longo sonífero, nos últimos dois anos, as modificações nas aerodinâmicas dos carros, como o DRS e as asas moveis, fizeram com que as ultrapassagens aumentassem exponencialmente, e as criticas aos "tilkódromos" decresceram bastante.
Amanhã volto a falar mais um pouco mais sobre o calendário, o futuro dos circuitos, e claro, da Formula 1.
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