O jornal i coloca hoje, como faz frequentemente, uma matéria sobre automobilismo. E desta vez, lembra-se de que há vinte anos, a Brabham, no seu estretor final, tinha contratado uma mulher para a sua equipa, a italiana Giovanna Amati. O desempenho da piloto italiana, no seu Brabham, BT60 Judd, foi suficentemente lento para que não qualificasse para qualquer corrida das quatro que participou, até que o dinheiro lhe faltou e ela fosse substituida por Damon Hill, filho de Graham e então piloto de testes da Williams.
Na matéria assinada pelo jornalista Rui Catalão, fala-se sobre o pouco tempo que ela teve na Formula 1 e das suas performances ao volante desse carro, e das paixões que causou, aprentemente com duas pessoas com fama de playboys: Niki Lauda e Flávio Briatore. Pergunto-me por onde andará agora a Amati?
GIOVANNA AMATI. A ÚLTIMA MULHER NA F1 TEVE MAIS PAIXÕES DO QUE CORRIDAS
Por Rui Catalão, publicado em 5 Abr 2012 - 15:00 | Actualizado há 2 horas 38 minutos
Em 1992 a italiana falha três vezes a qualificação com um Brabham antes de ser despedida. Pelo meio ainda se envolve com Briatore e Lauda
Ayrton Senna é bicampeão em título com a McLaren-Honda [na realidade, é tricampeão] e espera tornar-se o primeiro piloto desde Juan Manuel Fangio a vencer três mundiais seguidos. Mas há que ter cuidado com a Williams-Renault e com Nigel Mansell, o inglês que quer dar um bigode ao brasileiro. Isto é assunto entre homens, embora haja uma mulher no paddock. Chama-se Giovanna Amati, tem 29 anos e acaba de chegar à Fórmula 1. Vem com o rótulo de namoradinha de Flavio Briatore, que até lhe passa um Benetton para as mãos no início do ano para dar umas voltas. Amati só assina contrato com a Motor Racing Developments (ao volante de um Brabham) a duas semanas do primeiro grande prémio da época, na África do Sul, tarde de mais para os testes de preparação.
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Na África do Sul não tem sequer hipótese de se habituar ao carro. Quando pega no Brabham é para fazer logo a primeira sessão de treinos. Nesta altura ainda lhe falta muita coisa, a começar pela experiência de trabalhar com uma caixa de velocidades de um Fórmula 1 e com os travões de fibra de carbono. O melhor que consegue é um tempo de 1:23,345, a quase nove segundos do mais rápido (Mansell) e a quatro de Eric van de Poele, o colega de equipa. Em 30 pilotos, Amati tem o 30º registo. E fica de fora da corrida.
A Brabham está embrulhada em problemas financeiros e é por isso que contrata Amati. Com a italiana vem dinheiro de patrocinadores, o suficiente para ignorar a visível escassez de talento. Contados os trocos, a equipa lá voa para o México, onde três semanas mais tarde tem a segunda prova da temporada. E aqui repete-se o pesadelo. Giovanna não desce de 1:24,306, enquanto Mansell conquista mais uma pole position com 1:16,346 – oito segundos de diferença, mais coisa menos coisa.
Mesmo assim, nada a impede de mostrar o mau feitio em pista. “Tive uma guerra com Mansell. Pensava que no dia em que o tivesse atrás de mim na qualificação sairia da frente dele, mas quando o vi pelo retrovisor pensei: ‘Não, não vou deixar-te ultrapassar-me. Se o fizer vou apanhar borracha nos pneus. Vais ter de esperar.’ Eu já tinha esperado, porque não poderia esperar ele por mim? Além disso estava irritada porque ele era o Nigel Mansell e facilmente faria outra boa volta. Eu não”, conta numa entrevista. “Ele passou-se comigo e forçou, mas eu não desisti. Depois ele ultrapassou- -me e abrandou à minha frente. Fiquei mesmo furiosa!”
Ora Van de Poele faz menos três segundos que Amati, mas é 29º e também não se qualifica. Pela primeira vez na história da F1 não há Brabham para ninguém na grelha de partida. Do México para o Brasil nada melhora. Na verdade só piora, mesmo que pareça impossível: a italiana fica a 11 segundos de Mansell em Interlagos e pela terceira vez não se qualifica. Agora talvez ande distraída com a paixão por Niki Lauda, um rumor que corre pelo paddock a maior velocidade que ela em pista.
Depois também falha o patrocinador e, sem dinheiro para injectar, Amati torna-se inútil para a equipa. A MRD substitui-a por Damon Hill, um miúdo que ainda vai dar que falar (em 1996 será campeão com a Williams). Mas este Brabham é tão mau que nem ele consegue qualificar o carro nos cinco grandes prémios seguintes.
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