Passaram-se quase dois meses
desde os eventos em Kyalami, e nesse período de tempo, a Lotus participou em
algumas provas extra-campeonato, como a International Trophy, em Silverstone, e
a Race of Champions, em Brands Hatch, ambas vencidas pela Lotus, mas onde a
Tyrrell e a Ferrari não participaram.
A ideia que os observadores fizeram era
que a Lotus tinha voltado à sua forma, depois de um ano desperdiçado com o
desenvolvimento do modelo 56 a turbina. E claro, o brasileiro Emerson Fittipaldi
era um nome a ter em conta para o campeonato, a par de Jackie Stewart, no seu
Tyrrell e Jacky Ickx, no seu Ferrari.
E era com essa confiança renovada
que a Lotus chegava a Jarama, palco do GP de Espanha, a terceira prova do
campeonato. E havia outra curiosidade: o irmão de Emerson, Wilson Fittipaldi, inscreveu-se na Brabham para disputar o resto da temporada, embora naquele
momento estava a substituir Carlos Reutemann, que tinha fraturado o tornozelo
numa corrida de Formula 2 em Truxton. Pela primeira vez na história da Formula
1, dois irmãos corriam juntos.
Outros regressos à competição
aconteciam com Mike Beuttler, com o seu March privado, o sueco Reine Wissell e
o local Alexander Soler-Roig, estes dois com os seus BRM, alargando a equipa
para quatro carros.
No final das duas sessões de
treinos, o melhor foi o Ferrari de Jacky Ickx, tendo a seu lado o McLaren de
Dennis Hulme. Emerson Fittipaldi foi o terceiro, no seu Lotus, seguido pelo
Tyrrell de Jackie Stewart. Mário Andretti foi o quinto, seguido pelo Matra de
Chris Amon. Jean-Pierre Beltoise, no seu BRM, era o sétimo, e o terceiro
Ferrari de Clay Regazzoni era o oitavo. A fechar os dez primeiros ficaram o
March de Ronnie Peterson e o BRM de Reine Wissell.
Com céu nublado no dia da corrida
– mas sem possibilidade de chuva – tudo estava pronto para a partida, mas os
mecânicos da Lotus descobriram uma fuga de combustível no carro de Fittipaldi
momentos antes, e pouco podiam fazer. A largada começa com Hulme a ser mais
veloz do que Ickx, e com Stewart a conseguir passar para o segundo lugar. O
belga tinha caído para o quarto lugar, superado por Fittipaldi. Poucas voltas
depois, Hulme começou a experienciar problemas na sua caixa de velocidades e
foi passado pelos pilotos que o seguiam atrás. O escocês herdou a liderança,
com o brasileiro a seguir, aproveitando um momento de distração de Ickx, quando
estava a preparar-se para passar Hulme.
Com Fittipaldi em segundo, passou
a pressionar o escocês da Tyrrell, que o passou três voltas mais tarde, para
ficar na liderança, apesar dos problemas que tinha no seu carro. É que para
além da fuga de combustível, o extintor do seu carro tinha disparado
acidentalmente na segunda volta da corrida e aguentava tudo com uma
concentração imparável.
Pouco depois, Ickx passou Stewart
para ficar com o segundo posto, e as coisas estavam estabilizadas até à volta
48 quando Hulme, que apesar dos problemas com a caixa de velocidades, era o
quarto colocado, desistiu com um problema de motor. O lugar foi herdado por
Regazzoni, que se aproximou de Stewart e o pressionou até à volta 70, quando o
escocês fez um raro erro de condução e acabou a sua corrida nas barreiras.
No final, Emerson Fittipaldi
vencia a sua primeira corrida oficial do ano, com os Ferrari de Ickx e Regazzoni
não muito atrás. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Surtees de Andrea
de Adamich, que conseguia aqui os seus primeiros pontos, o McLaren de Peter
Revson e o March de José Carlos Pace, que também aqui conseguia os seus
primeiros pontos na sua carreira, conseguindo superar Wilson Fittipaldi, que
acabara a corrida no sétimo lugar.
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