segunda-feira, 7 de maio de 2012

GP Memória - Mónaco 1967


Mais de cinco meses depois da corrida inicial, em paragens sul-africanas, o pelotão da Formula 1 voltava a reunir-se nas ruas do Mónaco para a segunda corrida da temporada. Nesse intervalo de tempo, houve várias competições, como a Tasman Series e corridas extra-campeonato como o International Trophy, em Silverstone, uma corrida ganha pelo Ferrari de Mike Parkes, e o Race of Champions, cujo vencedor foi o Eagle de Dan Gurney.

Dezanove carros estavam inscritos para o Grande Prémio, num Grande Prémio onde iriam entrar apenas dezasseis carros para a corrida. Nas equipas oficiais, a Lotus – ainda com motor Climax, pois os Cosworth ainda não estavam prontos - tinha inscrito Graham Hill e Jim Clark, a Ferrari – que não participara na corrida inaugural, na Africa do Sul – tinha inscrito dois carros, para Lorenzo Bandini e o neozelandês Chris Amon, que tinha vindo da McLaren na temporada anterior. Na Eagle, para além de Dan Gurney, havia mais um carro, para o seu compatriota Richie Ginther.

Brabham e BRM também tinham dois carros inscritos para esta corrida. No primeiro caso para o campeão Jack Brabham e o neozelandês Dennis Hulme, enquanto que no segundo alinhavam o escocês Jackie Stewart e o inglês Mike Spence. Por fim, a Cooper, que tinha vencido a primeira coridda do ano, com o mexicano Pedro Rodriguez ao volante, tinha dois pilotos inscritos, ele e o jovem austríaco Jochen Rindt.

Honda e McLaren alinhavam com um carro. O primeiro para John Surtees e o segundo para Bruce McLaren, este com um motor BRM. Havia também as inscrtições privadas de Piers Courage, num BRM da Reg Parnell Racing, enquanto que Jo Siffert alinhava com o Cooper-Maserati inscrito pela Rob Walker Racing. Ainda havia mais uma inscrição privada, o de Bob Anderson, no seu Brabham.

Para finalizar, a francesa Matra fazia a sua estreia na Formula 1 com dois carros de… Formula 2. Com motores Cosworth de 4 cilindros, seriam pilotados pelos franceses Johnny Servoz-Gavin e Jean-Pierre Beltoise, que faziam as suas estreias na categoria máxima do automobilismo.

No final das duas sessões de qualificação, o carro de Jack Brabham foi o melhor, com o Ferrari de Lorenzo Bandini ao seu lado. Na segunda fila estavam o Honda de John Surtees e o segundo Brabham de Dennis Hulme. Jim Clark era o quinto, seguido pelo seu compatriota Stewart. Dan Gurney era o sétimo, segundo pelo segundo Lotus-Climax de Graham Hill. A fechar o “top ten” estavam o Cooper-Maserati de Jo Siffert e o carro de Bruce McLaren.

Três pilotos acabaram por “ficar com a fava”: o Matra de Jean-Pierre Beltoise, o Brabham de Bob Anderson e o Eagle de Richie Ginther. Seria a sua última corrida na Formula 1, pois iria abandonar a competição pouco depois.

A corrida, disputada sob um sol primaveril de maio, num total de… cem voltas ao Principado, começou com Bandini na liderança, e o motor Repco de Jack Brabham a explodir no final da primeira volta, causando confusão no meio do pelotão, pois o australiano fez um pião no meio da pista. Jo Siffert, para evitar bater no Brabham, coloca o carro no muro, mas sobrevive o suficiente para levá-lo para as boxes no sentido de o reparar. Na segunda volta, Jim Clark perde o controle do seu carro, ao ir para a escapatória, perdendo tempo e indo para o fim do pelotão.

Na frente, Bandini manteve a liderança por pouco tempo, pois primeiro Hulme e depois Stewart, o ultrapassaram. O neozelandês foi líder até à sexta volta, altura em que o escocês o ultrapassou. Foi uma liderança de pouca dura, porque na 14ª volta, a transmissão do seu BRM falhou e a sua corrida acabou ali.

Com Hulme de volta ao primeiro lugar, e Bandini em segundo, depois de ter andado à luta com Graham Hill, as coisas estabilizaram na frente, embora o italiano se esforçasse para o apanhar. Surtees era o terceiro, mas pouco depois, na volta 32, o seu motor explodiu e a sua corrida acabava ali. McLaren herdava o terceiro posto, mas tinha Clark e Amon atrás de si, e tinha alguma dificuldade em os segurar. Para piorar as coisas, o neozelandês sofreu problemas elétricos no seu carro e teve de ir às boxes para os resolver, com o escocês da Lotus no terceiro posto.

Contudo, na volta 42, Clark tem problemas com os amortecedores e acaba por abandonar, fazendo com que Chris Amon herdasse o quarto posto. Bandini, agora livre de Hill, procurava apanhar Hulme para ver se vencia no Principado. Ele, que se dava sempre bem nestas ruas - apesar de nunca ter vencido – esperava que o cansaço se abatesse sobre Hulme para o poder apanhar.

Só que no inicio da 82ª volta, na Chicane do Porto, Bandini já estava cansado de atacar Hulme e distrai-se a abordar essa parte, perdendo o controle do seu carro e batendo forte num dos pilares que serviam para amarar os barcos. O carro pegou fogo de imediato, e ajudado pelos fardos de palha, o fogo espalhou-se. Para piorar as coisas, o carro ficou de cabeça para baixo e Bandini não podia sair do seu carro, mesmo que tivesse ficado consciente no seu embate.

Acabaram por ser três pessoas a tirá-lo do seu carro, um deles o ex-piloto – e agora fotógrafo – Giancarlo Baghetti. Fora imediatamente transportado para o hospital, mas todos sabiam da gravidade do embate.

Na corrida, Hulme permaneceu incontestado, com Amon atrás, mas este sofre um furo a oito voltas do fim, cedendo o segundo lugar para Hill. E assim foi até á meta, com Dennis Hulme a conseguir a sua primeira vitória da sua carreira, com Hill e Amon no terceiro posto, a conseguir o seu primeiro pódio da sua carreira. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram Bruce McLaren – três neozelandeses nos pontos! – o Cooper de Pedro Rodriguez e o BRM de Mike Spence.

Pouco depois, chegavam as primeiras noticias sobre o estado de saúde de Bandini. As queimaduras eram graves e as hipóteses de sobrevivência eram mínimas. Iria morrer três dias depois, no Mónaco, aos 31 anos de idade.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...