Mais de cinco meses depois da
corrida inicial, em paragens sul-africanas, o pelotão da Formula 1 voltava a
reunir-se nas ruas do Mónaco para a segunda corrida da temporada. Nesse
intervalo de tempo, houve várias competições, como a Tasman Series e corridas
extra-campeonato como o International Trophy, em Silverstone, uma corrida ganha
pelo Ferrari de Mike Parkes, e o Race of Champions, cujo vencedor foi o Eagle
de Dan Gurney.
Dezanove carros estavam inscritos
para o Grande Prémio, num Grande Prémio onde iriam entrar apenas dezasseis
carros para a corrida. Nas equipas oficiais, a Lotus – ainda com motor Climax, pois os Cosworth ainda não estavam prontos -
tinha inscrito Graham Hill e Jim Clark, a Ferrari – que não participara na
corrida inaugural, na Africa do Sul – tinha inscrito dois carros, para Lorenzo
Bandini e o neozelandês Chris Amon, que tinha vindo da McLaren na temporada
anterior. Na Eagle, para além de Dan Gurney, havia mais um carro, para o seu
compatriota Richie Ginther.
Brabham e BRM também tinham dois
carros inscritos para esta corrida. No primeiro caso para o campeão Jack
Brabham e o neozelandês Dennis Hulme, enquanto que no segundo alinhavam o
escocês Jackie Stewart e o inglês Mike Spence. Por fim, a Cooper, que tinha
vencido a primeira coridda do ano, com o mexicano Pedro Rodriguez ao volante,
tinha dois pilotos inscritos, ele e o jovem austríaco Jochen Rindt.
Honda e McLaren alinhavam com um
carro. O primeiro para John Surtees e o segundo para Bruce McLaren, este com um
motor BRM. Havia também as inscrtições privadas de Piers Courage, num BRM da
Reg Parnell Racing, enquanto que Jo Siffert alinhava com o Cooper-Maserati
inscrito pela Rob Walker Racing. Ainda havia mais uma inscrição privada, o de
Bob Anderson, no seu Brabham.
Para finalizar, a francesa Matra fazia
a sua estreia na Formula 1 com dois carros de… Formula 2. Com motores Cosworth
de 4 cilindros, seriam pilotados pelos franceses Johnny Servoz-Gavin e
Jean-Pierre Beltoise, que faziam as suas estreias na categoria máxima do
automobilismo.
No final das duas sessões de
qualificação, o carro de Jack Brabham foi o melhor, com o Ferrari de Lorenzo
Bandini ao seu lado. Na segunda fila estavam o Honda de John Surtees e o
segundo Brabham de Dennis Hulme. Jim Clark era o quinto, seguido pelo seu
compatriota Stewart. Dan Gurney era o sétimo, segundo pelo segundo Lotus-Climax
de Graham Hill. A fechar o “top ten” estavam o Cooper-Maserati de Jo Siffert e
o carro de Bruce McLaren.
Três pilotos acabaram por “ficar
com a fava”: o Matra de Jean-Pierre Beltoise, o Brabham de Bob Anderson e o
Eagle de Richie Ginther. Seria a sua última corrida na Formula 1, pois iria
abandonar a competição pouco depois.
A corrida, disputada sob um sol
primaveril de maio, num total de… cem voltas ao Principado, começou com Bandini
na liderança, e o motor Repco de Jack Brabham a explodir no final da primeira
volta, causando confusão no meio do pelotão, pois o australiano fez um pião no
meio da pista. Jo Siffert, para evitar bater no Brabham, coloca o carro no
muro, mas sobrevive o suficiente para levá-lo para as boxes no sentido de o
reparar. Na segunda volta, Jim Clark perde o controle do seu carro, ao ir para
a escapatória, perdendo tempo e indo para o fim do pelotão.
Na frente, Bandini manteve a
liderança por pouco tempo, pois primeiro Hulme e depois Stewart, o
ultrapassaram. O neozelandês foi líder até à sexta volta, altura em que o
escocês o ultrapassou. Foi uma liderança de pouca dura, porque na 14ª volta, a
transmissão do seu BRM falhou e a sua corrida acabou ali.
Com Hulme de volta ao primeiro
lugar, e Bandini em segundo, depois de ter andado à luta com Graham Hill, as
coisas estabilizaram na frente, embora o italiano se esforçasse para o apanhar.
Surtees era o terceiro, mas pouco depois, na volta 32, o seu motor explodiu e a
sua corrida acabava ali. McLaren herdava o terceiro posto, mas tinha Clark e
Amon atrás de si, e tinha alguma dificuldade em os segurar. Para piorar as
coisas, o neozelandês sofreu problemas elétricos no seu carro e teve de ir às
boxes para os resolver, com o escocês da Lotus no terceiro posto.
Contudo, na volta 42, Clark tem
problemas com os amortecedores e acaba por abandonar, fazendo com que Chris
Amon herdasse o quarto posto. Bandini, agora livre de Hill, procurava apanhar
Hulme para ver se vencia no Principado. Ele, que se dava sempre bem nestas ruas
- apesar de nunca ter vencido – esperava que o cansaço se abatesse sobre Hulme
para o poder apanhar.
Só que no inicio da 82ª volta, na
Chicane do Porto, Bandini já estava cansado de atacar Hulme e distrai-se a
abordar essa parte, perdendo o controle do seu carro e batendo forte num dos
pilares que serviam para amarar os barcos. O carro pegou fogo de imediato, e
ajudado pelos fardos de palha, o fogo espalhou-se. Para piorar as coisas, o
carro ficou de cabeça para baixo e Bandini não podia sair do seu carro, mesmo
que tivesse ficado consciente no seu embate.
Acabaram por ser três pessoas a
tirá-lo do seu carro, um deles o ex-piloto – e agora fotógrafo – Giancarlo
Baghetti. Fora imediatamente transportado para o hospital, mas todos sabiam da
gravidade do embate.
Na corrida, Hulme permaneceu
incontestado, com Amon atrás, mas este sofre um furo a oito voltas do fim,
cedendo o segundo lugar para Hill. E assim foi até á meta, com Dennis Hulme a
conseguir a sua primeira vitória da sua carreira, com Hill e Amon no terceiro
posto, a conseguir o seu primeiro pódio da sua carreira. Nos restantes lugares
pontuáveis ficaram Bruce McLaren – três neozelandeses nos pontos! – o Cooper de
Pedro Rodriguez e o BRM de Mike Spence.
Pouco depois, chegavam as
primeiras noticias sobre o estado de saúde de Bandini. As queimaduras eram
graves e as hipóteses de sobrevivência eram mínimas. Iria morrer três dias
depois, no Mónaco, aos 31 anos de idade.
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