Foi um dos mais importantes pilotos da sua geração, com uma carreira que se estendeu sobre três décadas. Foi o sucessor de Emerson Fittipaldi no automobilismo brasileiro, e assistiu à chegada de Ayrton Senna, que se tornou no seu rival nas pistas e nos corações tupiniquins. Arrecadou três títulos e a sua carreira teve três partes distintas: o seu tempo na Brabham, a sua passagem pela Williams e os anos finais na Lotus e Benetton. Poderia ter prolongado a sua carreira caso não tivesse tido um forte acidente na qualificação das 500 Milhas de Indianápolis, em 1992. Mas isso não o tira o enorme palmarés que teve na categoria máxima do automobilismo, com três títulos mundiais, nem a sua postura irreverente fora das pistas. Na semana em que faz 60 anos de idade, falo de Nelson Piquet.
Nascido como Nelson Piquet Souto Maior a 17 de agosto de 1952 na cidade do Rio de Janeiro, a sua infância é largamente vivida em Brasilia, a recém inaugurada capital do Brasil. Seu pai, Estácio Souto Maior, era médico de profissão e tornou-se em 1961 Ministro da Saúde no governo de João Goulart, enquanto que a sua mãe, dona Clotilde Piquet Souto Maior, era uma dona de casa. Anos depois, decidiu usar o nome de solteiro dela para esconder dos pais a sua carreira automobilistica.
Crescendo em Brasilia, nunca tinha sido adepto da escola - apesar de ter frequentado o curso de engenharia na Universidade de Brasilia - mas adorava a mecânica, tanto mais que pelos dezasseis anos estava a trabalhar numa oficina mecânica de seu nome Câmber. Aí iria conhecer e fazer amizade com mais dois futuros pilotos: Alex Dias Ribeiro e Roberto Moreno. Durante algum tempo, conciliou o automobilismo com o ténis, graças ao pai, que o queria que fosse tenista profissional, tendo até tido uma bolsa para estudar em Atlanta. E essa ligação ao ténis iria perdurar no desenho do seu capacete, que faz lembrar uma bola de ténis estilizada.
Foi nessa altura que começou a correr no karting, sendo campeão brasileiro em 1971 e 1972. Enquanto isso, aproveitava para participar em provas automobilísticas em sítios como Brasilia e Goiânia, onde desmontava motores de outros carros e os colocava em Carochas (Fuscas) das mães dos seus amigos, quando estes colocavam os carros delas na oficina. Algum tempo depois, aproveitando as pelas de outros carros, decidiram fazer um protótipo a que chamaram de "Patinho Feio", que deu sucesso nas pistas brasileiras em 1974.
Mas algum tempo depois, em 1975, aproveitou o surgimento da Formula Super Vê e foi correr na competição. Foi campeão em 1976 e no ano seguinte aproveitou o impulso para correr na Europa, no Europeu de Formula 3. A sua adaptação foi fácil, vencendo duas corridas e acabando no terceiro lugar, atrás do italiano Piercarlo Ghinzani e do sueco Anders Olofsson.
Em 1978 tenta a sua sorte no campeonato britânico de Formula 3, considerado como o melhor da altura, e dominou as pistas. Contra pilotos como Derek Warwick ou o seu compatriota Chico Serra, Piquet foi campeão, batendo o recorde de vitórias pertencente a Jackie Stewart. Os seus resultados, bem como a sua performance na pista, foi o suficiente para que Bob Sharpshot lhe oferecer um teste a bordo do seu McLaren M23. A sua adaptação foi muito boa, tão boa que tempos depois, o seu diretor desportivo, David Simms, afirmou: "Aposto o meu dinheiro, com quem quiser, que ele será campeão dentro de três anos".
Contudo, a sua estreia na Formula 1 não foi com ele, mas sim graças a uma oportunidade na Ensign, no GP da Alemanha desse ano. Numa lista de pilotos onde de 30 inscritos, apenas se qualificavam 24 pilotos, Piquet conseguiu o 21º tempo e andou solidamente no meio do pelotão até o seu motor quebrar, na 21ª volta. Nas três corridas seguintes, já participou no datado McLaren M23 da BS Fabrications, conseguindo um nono lugar no GP de Itália, em Monza. Então, as suas prestações tinham estado sob observação de Bernie Ecclestone, que o contratou para ser piloto da Brabham em 1979, ao lado de Niki Lauda. Mas ainda correu com o numero 66, no terceiro carro da marca, em Montreal, terminando na 11ª posição, a uma volta.
A temporada de 1979 seria de aprendizagem para Piquet, ao lado de Lauda, com o Brabham-Alfa Romeo. Contudo, esta foi uma etapa complicada, pois o motor Alfa estava constantemente a quebrar, e para piorar as coisas, Lauda estava a ficar crescentemente desmotivado. Piquet consegue os seus primeiros pontos na Holanda, com um quarto lugar, e consegue também algumas boas prestações nas qualificações. Mas no final do ano, tudo acontece na equipa Brabham: a Alfa Romeo apresenta a sua própria equipa e Niki Lauda abandona a Formula 1 nos treinos do GP do Canadá, em Montreal, alegando cansaço.
Com isso, Piquet se via subitamente no papel de primeiro piloto da marca logo na sua primeira temporada completa na Formula 1, com muito potencial e poucos resultados. Mas ele mal sabia que estava na esquina do sucesso, pois nesse mesmo Grande Prémio se estrearia o chassis BT49 de efeito solo, com motor Cosworth. E parecia bem prometedor, com Piquet a provar isso ao fazer a volta mais rápida na última prova do campeonato, no circuito americano de Watkins Glen.
(continua amanhã)
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