Digam o que disserem, ninguém o pode menosprezar, apagar ou ignorar a presença de Enzo Ferrari e os seus carros, e o que significaram para a história do automóvel, do automobilismo e da Formula 1. "Il Commentadore", uma personagem do qual ora se amava, ora se odiava, e cuja presença sempre se manifestava temor ou até rancor. E admiração, também. A 15 de agosto de 1988, aos 90 anos de idade, Enzo Ferrari saia da vida para passar à lenda, deixando para trás um legado único na história do automobilismo.
Hoje, Montezemolo decidiu assinalar a data do desaparecimento do seu fundador no site oficial da Ferrari, referindo que “devo-lhe muito, à sua coragem, à sua habilidade de olhar sempre em frente, mesmo nos momentos mais difíceis”. Ele destacou a sorte que teve em “conhecer Enzo Ferrari e a trabalhar com homens como ele e Avvocato Agnelli”, mesmo nos momentos mais dificeis. “Tenho uma foto do fundador junto à minha secretária em Maranello: quando tenho que tomar uma decisão importante, olho para ela instintivamente e pergunto-me a mim mesmo o que ele faria. O exemplo de Enzo Ferrari está sempre na minha mente”.
Por fim, Montezemolo acredita que Enzo Ferrari ficaria contente com a situação atual da marca que fundou no já distante ano de 1947: “Ele ficaria contente por ver no que a Ferrari se tornou hoje, uma instituição industrial e de corridas, única, que representa a excelência italiana”, disse.
Não se pode pensar - nunca poderemos pensar - neste século XX automobilístico sem Enzo Ferrari. Um italiano que aos dez anos de idade, quando viu a sua primeira corrida de automóveis, decidiu que o seu destino iria ser traçado naquela novidade. E apesar de todos os grandes obstáculos que teve de passar, especialmente na I Guerra Mundial, quando viu o seu pai e o seu irmão a morrerem vitimas de doença, conseguiu o objetivo de ser piloto. Uma das coisas pouco conhecidas é que Ferrari esteve na Targa Flório e foi o primeiro vencedor da Coppa Acerbo, em Pescara, prova que depois foi vencida por pilotos como Bernd Rosemeyer, Juan Manuel Fangio e Stirling Moss.
Ferrari cresceu na Alfa Romeo, que se tornou numa das equipas de sucesso em Itália nos anos 20 e 30, com pilotos como Giuseppe Campari, Achille Varzi e principalmente, Tazio Nuvolari. Primeiro como piloto, aos poucos, Ferrari viu que tinha talento como organizador e gestor. A sua Scuderia Ferrari foi fundada em 1929 como equipa oficial de fábrica da Alfa Romeo, para cuidar dos carros e respectiva logistica. Parou em 1932, quando teve Alfredino Ferrari, o "Dino". Só que o Ferrari organizador demonstrou o outro lado de Ferrari: um homem que pressionava os seus pilotos até ao limite, mais importando com os carros do que a vida dos que pilotava. É que naquele tempo, era muito fácil perder a vida do que um automóvel se inutilizava.
E houve alturas em que Ferrari, depois da II Guerra Mundial, foi escrutinado pela opinião pública por isso. Em 1957, quando Alfonso de Portago se despistou com o seu Ferrari, nas Mille Miglia, matando nove pessoas, incluindo duas crianças, todos culparam Enzo Ferrari pelo facto de ter construido tal máquina. E isso aconteceu semanas depois de ter perdido outro piloto, Eugenio Castelotti, que estava a fazer um teste em Modena com o carro de Formula 1, às ordens do Commentadore. Só que ele não estava ali para testar componentes novos, apenas para ele bater o recorde da pista, que semanas antes, tinha caido para as mãos de um piloto da Maserati, Stirling Moss. Conta-se a lenda que quando soube da morte de Castelotti, a primeira coisas que perguntou foi o estado do carro...
Quatro anos depois, em 1961, Ferrari iria ser novamente escrutinado pela opinião pública quando uma das suas máquinas matou o alemão Wolfgang Von Trips e mais treze pessoas no Autódromo de Monza, quando ele e o americano Phil Hill disputavam entre si o título mundial daquela temporada. Nesses quatro anos, Ferrari tinha perdido mais alguns pilotos: Luigi Musso, Peter Collins... ainda viu Mike Hawthorn sair vivo dos seus carros, apenas para morrer alguns meses depois, na sua Grã-Bretanha natal. Mas pelo meio, sofreu a sua pior perda quando viu o seu filho Dino Ferrari morrer, aos 24 anos, vítima de distrofia muscular.
Todos temiam Enzo Ferrari, mas todos queriam guiar os seus carros, porque eram os melhores, os mais potentes. Mesmo Juan Manuel Fangio, que não gramava muito Ferrari, guiou um dos seus carros em 1956, para vencer o seu quarto título mundial.
Sobre até que ponto era o seu gosto pelo automobilismo, certo dia afirmou: "Conheci pessoas que definitivamente amavam os automóveis tanto quanto eu. Mas não creio que tenha conhecido alguém tão obstinado, motivado pela mesma paixão de tal forma que praticamente não tenho tempo para mais alguma coisa. Não tenho qualquer outro interesse que não os carros de corrida". Mas a grande ironia era que a partir dos finais dos anos 50, Ferrari raramente ia aos circuitos de Formula 1 no fim de semana das corridas. Preferiria delegar isso aos seus diretores desportivos como Romolo Tavoni ou Mauro Forgheri, e às vezes, preferiria estar presente nas sessões de testes. E a partir de 1973, esses testes passaram a ser feitos em Fiorano, ao lado da fábrica.
E foi nesse ano de 1973 que conhece um jovem de 25 anos chamado Luca di Montezemolo. Ferrari, que passava por um momento dificil em termos competitivos (na Formula 1, os seus carros arrastavam-se no final do pelotão) e ele decidiu erguer do zero. Decidiu sair da Endurance e dedicar-se à Formula 1 e trouxe um jovem austriaco, com talento promissor, de seu nome Niki Lauda. Graças a ele, nos três anos seguintes venceram dois campeonatos de pilotos e três de Construtores. E depois de Lauda, veio Gilles Villeneuve, que Ferrari o considerava como a reencarnação de Tazio Nuvolari. Mas foi outro piloto, o sul-africano Jody Scheckter, que deu mais um título, em 1979.
E esse foi o último título de pilotos que Ferrari viu ainda vivo. Passou pelo desgosto de ver o pequeno canadiano morrer na pista belga de Zolder, em 1982, e a longa travessia do deserto ao longo dos anos 80, apesar de talentos como René Arnoux, Michele Alboreto e Gerhard Berger. Somente depois de morto, e com o regresso ao leme de Luca di Montezemolo, é que a Ferrari pode sobreviver para além do seu criador. Com a ajuda do Grupo Fiat (que comprara a Ferrari em 1969), contratam-se pilotos como Michael Schumacher, dirigentes como Jean Todt, projetistas como Rory Bryne e engenheiros como Ross Brawn. E entre 2000 e 2005, a Formula 1 significava Ferrari, e a marca tinha se reerguido como uma equipa dominadora. Depois disso, Kimi Raikkonen foi o último campeão do mundo, em 2007, e desde então, com Fernando Alonso ao volante, tenta-se contrariar o dominio dos Red Bull e do alemão Sebastian Vettel.
Vinte e cinco anos depois da sua morte, o seu legado continua firme e forte. Os seus carros de estrada continuam a ser o motivo de inveja e sonho de muitos, desejo para os que podem comprar, independentemente de serem novos ou velhos, já que até os clássicos se vendem por muitos milhões de dólares ou euros, e são cobiçados por muitos. E no automobilismo, a sua história e o seu modelo é admirado e não raras vezes se tenta copiar. Nem sempre com resultados.
E foi nesse ano de 1973 que conhece um jovem de 25 anos chamado Luca di Montezemolo. Ferrari, que passava por um momento dificil em termos competitivos (na Formula 1, os seus carros arrastavam-se no final do pelotão) e ele decidiu erguer do zero. Decidiu sair da Endurance e dedicar-se à Formula 1 e trouxe um jovem austriaco, com talento promissor, de seu nome Niki Lauda. Graças a ele, nos três anos seguintes venceram dois campeonatos de pilotos e três de Construtores. E depois de Lauda, veio Gilles Villeneuve, que Ferrari o considerava como a reencarnação de Tazio Nuvolari. Mas foi outro piloto, o sul-africano Jody Scheckter, que deu mais um título, em 1979.
E esse foi o último título de pilotos que Ferrari viu ainda vivo. Passou pelo desgosto de ver o pequeno canadiano morrer na pista belga de Zolder, em 1982, e a longa travessia do deserto ao longo dos anos 80, apesar de talentos como René Arnoux, Michele Alboreto e Gerhard Berger. Somente depois de morto, e com o regresso ao leme de Luca di Montezemolo, é que a Ferrari pode sobreviver para além do seu criador. Com a ajuda do Grupo Fiat (que comprara a Ferrari em 1969), contratam-se pilotos como Michael Schumacher, dirigentes como Jean Todt, projetistas como Rory Bryne e engenheiros como Ross Brawn. E entre 2000 e 2005, a Formula 1 significava Ferrari, e a marca tinha se reerguido como uma equipa dominadora. Depois disso, Kimi Raikkonen foi o último campeão do mundo, em 2007, e desde então, com Fernando Alonso ao volante, tenta-se contrariar o dominio dos Red Bull e do alemão Sebastian Vettel.
Vinte e cinco anos depois da sua morte, o seu legado continua firme e forte. Os seus carros de estrada continuam a ser o motivo de inveja e sonho de muitos, desejo para os que podem comprar, independentemente de serem novos ou velhos, já que até os clássicos se vendem por muitos milhões de dólares ou euros, e são cobiçados por muitos. E no automobilismo, a sua história e o seu modelo é admirado e não raras vezes se tenta copiar. Nem sempre com resultados.
Muito bom!
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