Por estes dias, o Joe Saward decidiu interromper as suas férias para assinalar os 60 anos de vida de Nigel Mansell, um dos monstros sagrados dos anos 80 e 90, tão conhecido pela sua velocidade como pelos seus azares, muitos deles provocados por ele mesmo, outros porque o carro falhou, de tanto a ser puxado pelo próprio piloto. Mas foram também esses momentos de azar que fizeram parte da lenda do "Leão" que foi admirado por Colin Chapman, Frank Williams e Enzo Ferrari, e passou por Lotus, Williams, Ferrari e McLaren, vencendo o campeonato do mundo de 1992 aos 39 anos, "depois de ter perdido dois campeonatos", como diria Nelson Piquet, seu companheiro e rival na Williams.
Mas o que Saward queria dizer era que no meio do azar, ele teve sorte de estar na Formula 1 e sair dela sem um acidente grave, algo que alguns dos seus companheiros não tiveram tanta sorte. E ele então decidiu lembrar de outro piloto desse tempo, tão "talentoso" como Mansell, como azarado: o francês Jean-Pierre Jarier. Conhecido como "Jumper", fez 143 Grandes Prémios entre 1971 e 1983, com passagens por March, Shadow, Penske, Ligier, ATS, Lotus, Tyrrell, Osella e novamente Ligier. Teve três pole-positions mas nunca venceu qualquer corrida. E esteve muito perto de vencer pelo menos em duas ocasiões: o GP do Brasil de 1975 e o GP do Canadá de 1978, quando o carro que o guiava o deixou mal, dando a hipótese de ganhar a outros dois novatos: José Carlos Pace e Gilles Villeneuve.
Contudo, depois da Formula 1, Jarier teve sorte na vida. Saward conta isso no site da Autocar:
"Um dos pilotos mais azarados da Formula 1, a sorte que tanto fugiu na pista voltou com toda a força em dezembro de 1994, quando pilotava um helicóptero Huges 500 no sudoeste de França. O motor parou em pleno ar e este caiu em toda a força num campo de milho, espalhando-se numa larga área. Isto foi algo que não foi amplamente divulgado, mas o jornal do sitio onde morava na altura - Le Republicain de Marmande – providenciou um relato bem... colorido.
O acidente foi presenciado por uma testemunha, Nicola Chateauneuf, que estava a guiar um autocarro escolar quando viu o helicóptero cair em terra. 'Corri em direção do helicóptero, que estava envolvido numa nuvem de fumo, e vi chamas a sairem da cauda. Pensava que iria explodir e ficei de pé atras', começou por dizer. 'Um homem saiu de lá, tirou duas maletas e veio em minha direção. Disse que tinha uma dor de cabeça e tinha sangue a escorrer na cara. Disse-lhe para esperar pelos serviços de emergência, mas ele insistia para o levar para o médico mais próximo. Insistiu tanto que acabei por o levar', concluiu.
Jarier colocou as suas duas malas a bordo do autocarro e ela o levou para o médico. Ao longo da jornada, ele colocou a cabeça de fora da janela e dizia-lhe: 'Mais depressa, mais depressa!'. 'Se soubesse que ele tinha sido piloto um ex-piloto' - disse Madame Chateuneuf mais tarde - 'tinha-lhe dito que isto era um autocarro, não um carro de corrida!'.
No final, Jarier levou três pontos na cabeça, resultantes de uma pequena ferida, mas de resto não tinha mais nada quebrado ou magoado, e continuou a jornada por via aérea. Sempre que me perguntam porque é que os pilotos são uma raça à parte, conto-lhes esta historieta", conclui Saward.
Muito boa!
ResponderEliminarUn grande Jean Pierre; también estuvo cerca de ganar el GP de Brasil 1976 con el Shadow DN5B.
ResponderEliminarAbrazos!