Mais de vinte e quatro horas após ter surgido o rumor de que Felipe Nasr poderia ser uma forte hipótese para o lugar de Daniel Ricciardo na Scuderia Toro Rosso, é tempo de dissecar um pouco sobre o tema, e sobre o fundo de verdade que têm tais coisas. E a razão porque é que um piloto da GP2 possa estar interessado em entrar "de paraquedas" na estrutura da Red Bull. Algumas têm fundamento, outras quase roçam a "teoria da conspiração", mas têm o seu interesse.
Primeiro que tudo: ontem tive umas conversas interessantes por aí, e posso dizer de fonte segura que Nasr têm pelo menos dez milhões de euros prontos para investir num lugar na Toro Rosso, dos tais patrocínios que foram referidos na imprensa: Banco do Brasil e da Sky TV. Aí, o piloto de Brasilia - que recentemente comemorou o seu 21º aniversário - não têm quaisquer problemas, para além da sua boa capacidade de pilotagem, pois é o segundo classificado na GP2 deste ano, apesar de em duas temporadas na categoria... ainda têm de vencer uma corrida.
Para além disso, Nasr já passou pela estrutura da Red Bull, e têm um bom manager na figura de Steve Robertson (o mesmo que Kimi Raikkonen), que o assinou nos tempos da Formula 3 britânica. E desde o fim de semana da Bélgica que se soube da intenção de Bernie Ecclestone em ajudar a arranjar um lugar para ele, no sentido de evitar que o Brasil não fique sem pilotos para 2014, visto que este é o maior mercado para a Formula 1.
Curiosamente, esta intenção foi anunciada apenas duas semanas depois de se descobrir que ele foi passar férias na cidade croata de Dubrovnik... acompanhado por Christian Horner, o diretor desportivo da Red Bull. Acontecer isto agora pode ser visto como uma maneira de Horner agradar ao "anãozinho tenebroso". Uma troca de favores. Mas Horner também têm outro objetivo, que é suceder a Bernie Ecclestone no comando da Formula 1, e as suas atitudes recentes, como explicou no inicio do mês o Luis Fernando Ramos, mostra que ele está mais permeável a um favor do octogenário "manda chuva" da Formula 1.
E então, as pessoas na Red Bull vão aceitar calmamente um "paraquedista" na equipa B da Red Bull? Há dois motivos para que sim. O primeiro têm a ver com o próprio António Félix da Costa. Depois dos feitos do final de 2012, com cinco vitórias na World Series by Renault (WSR) e no GP de Macau, as pessoas acreditaram que ele era "o cara" ideal para substituir Sebastian Vettel, e esperava-se que em 2013 ele iria arrasar na WSR. Só que as coisas andam difíceis para o piloto de Cascais. Somente venceu uma vez nesta temporada e é copiosamente batido pelo estreante belga Stoffel Vandoorne e pelo dinamarquês Kevin Magnussen, que está ligado à McLaren graças ao seu pai, Jan Magnussen. E as pessoas dentro de Milton Keynes não andam muito felizes com essas performances, embora acredite que o carro da Arden Caterham - curiosamente, propriedade de... Christian Horner - não esteja a colaborar tão bem como esperavam.
É certo que isso pode ser resolvido se o piloto português trazer mais algum dinheiro para a equipa. Não os dez milhões de euros que Nasr têm, mas basta que os seus patrocinadores atuais abram um pouco mais os cordões à bolsa para ele garantir o lugar. E até é mais fácil do que pensa, pois ele têm patrocinadores que o acompanham desde tenra idade e a familia sabe mexer bem nesse campo.
A segunda grande razão tem a ver com as pessoas que estão por trás do desenho do carro. A Toro Rosso vai ter motores Renault na próxima época, largando os motores Ferrari que têm acompanhado desde 2007. Para além das mudanças que vão acontecer em termos de motores e de aerodinâmica, eles contrataram no inicio do ano o projetista James Key - vindo da Sauber - para desenhar os projetos da equipa. E esta têm revelado um salto na performance que, apesar de não mostrar muitos resultados na tabela final, está a dar uma oportunidade aos pilotos de brilharem. E isso pode ser importante para um futuro próximo, ou seja para Jean-Eric Vergne, por exemplo, e quem o acompanhar a partir da próxima temporada.
Em suma: ao proporcionar melhores condições, a Toro Rosso tornou-se num local mais interessante para mais gente. Mesmo os que vêm do lado de fora. E pode ser que uma combinação de favores e de interesses façam com que o resultado seja diferente daquele que muitos esperavam. Mas nada está ainda decidido.
O Nars também tem seus méritos, não vai cair de paraquedas
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