Foi graças a este carro que a
Renault deixou de ser vista como uma aberração e passou a ser vista como uma
ameaça. Depois de dois anos de experimentações, a marca francesa tornou-se numa
equipa a ter em conta e mostrou ao mundo que a aposta na tecnologia Turbo tinha
compensado e que tinham aberto uma nova era na Formula 1. A sua primeira
vitória, em solo francês, foi fortemente comemorada, apesar dos festejos terem
sido obscurecidos pelo talento de um pequeno canadiano. Mas há 35 anos, o RS10
tornou-se no primeiro chassis vencedor da Renault.
Quando a Renault decidiu
participar na Formula 1, em meados de 1976, o chassis inicial serviu de teste
para as várias soluções aerodinâmicas que a marca queria ter para acompanhar o
pequeno, mas potente motor de 1.5 litros turbocomprimido, do qual queria
conquistar a categoria máxima do automobilismo, então dominado pelos motores V8
da Cosworth. Estreado no GP da Grã-Bretanha de 1977, rapidamente foi chamado de
“Yellow Teapot” (Bule de Chá amarelo) devido à sua enorme facilidade de quebrar
por parte do motor ou do turbocompressor. Nas duas temporadas seguintes, foram
passadas a aprender a sobreviver no mundo da Formula 1 e a desenvolver a nova
tecnologia.
No final de 1978, apesar de o carro ser ainda pouco fiável, a equipa tinha resolvido o problema do "turbo-lag" adicionando um segundo turbocompressor, dando mais potência e melhorando os resultados: em Kyalami, Jean-Pierre Jabouille aproveita o melhor rendimento destes carros em altitude a faz a "pole-position". Por essa altura, a marca já fazia aquele que viria a ser o seu substituto: o RS10.
Era uma máquina bem diferente do anterior. Tão diferente que muitos afirmam que é o primeiro "verdadeiro" carro da marca do losango na Formula 1. A equipa liderada pelo engenheiro Francois Castaing, e suportada pelo engenheiro Michel Tetu e pelo projetista Marcel Hubert, desenhou um chassis de aluminio que incorporava todos os elementos do efeito, e funcionando de forma eficaz. Para além disso, tinha uma caixa de velocidades da Hewland, de seis marchas, que ajudado com o motor Turbo de 1.5 litros - e já com 500 cavalos - e os dois sistemas turbo, começava a ser uma máquina respeitável.
Estreado no Mónaco - embora tenha circulado antes, em Espanha, mas apenas nos treinos - o RS10 mostrou-se realmente no GP de França, disputado nesse ano no autódromo de Dijon-Prenois. O carro de Jean-Pierre Jabouille fez um fim de semana de sonho, com uma pole-position e subsequente vitória, sendo o primeiro de um carro totalmente francês - chassis, motor, pneus e gasolina! Mas isso ficou obscurecido com o duelo pelo segundo posto, com o canadiano Gilles Villeneuve a impedir que René Arnoux fizesse uma dobradinha para os carros franceses. Contudo, fez a volta mais rápida dessa corrida.
A partir de Dijon, a concorrência deixou de se rir dos franceses. Jabouille e Arnoux chegaram a fazer quarto pole-positions seguidas, e apesar de este último ter subido ao pódio por mais duas vezes, em Silverstone e Watkins Glen, os velhos problemas de fiabilidade assombraram a equipa, fazendo com que desistissem na maior parte das corridas, conseguindo apenas 26 pontos e o sexto lugar no Mundial de Construtores. Contudo, os seus resultados foram encorajadores para o futuro, e no final de 1979, o pelotão da Formula 1 teve consciência de que os Turbo vieram para ficar, e começaram a construir os seus projetos.
Ficha Técnica:
Chassis: Renault RS10
Projetistas: Francois Castaing, Michel Tetu, Marcel Hubert
Motor: Renault 1.5 litros turbo
Pneus. Michelin
Pilotos: Jean-Pierre Jabouille e René
Arnoux
Corridas: 9
Vitórias: 1 (Jabouille 1)
Pole-Positions: 5 (Jabouille
3, Arnoux 2)
Voltas Mais Rápidas: 2 (Arnoux
2)
Pontos: 26 (Arnoux 17, Jabouille 9)
E ainda por cima era bem bonito.
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