Como todos os pioneiros do seu
tempo, fez um pouco de tudo, Um bom engenheiro, tornou-se num excelente piloto
de automóveis e ajudou com os seus irmãos a montar um nome que continua a ser
notado, mais de 115 anos após a sua fundação. Infelizmente, a sua carreira foi
breve e teve um final trágico, terminando a sua vida poucos dias depois do seu
31º aniversário, não vendo a ascensão e queda do seu irmão na firma que
desenvolveu. Hoje, eu falo de Marcel Renault.
Nascido a 14 de maio de 1872 em
Paris. Marcel era o segundo dos cinco filhos de Alfred Renault, um prospero
industrial na área têxtil, e de Liuise Renault, herdeira de uma fortuna na área
industrial. O mais velho era Fernand – nascido em 1865 - e o mais novo era Louis,
nascido em 1877, e que depois se viria a revelar-se um autêntico génio da
engenharia.
Educado na Escola Industrial de
Paris, os três irmãos estavam destinados a herdar o negócio do têxtil do pai
quando começaram a observar o fenómeno do automobilismo. Em 1898, tinham
comprado uma oficina em Boulogne-Billancourt, onde começaram a modificar um De
Dion-Bouton que tinham comprado algum tempo antes. Graças aos esforços do irmão
mais novo, aprenderam como conseguir modificar e melhorar o carro. Isso foi mais
do que suficiente para pensar em construir os seus próprios carros com um
capital social de 60 mil francos, divididos entre Marcel e Fernand.
Assim sendo, a 28 de fevereiro de
1899, construíram a “Societé Renault Fréres”. A divisão de tarefas era simples:
Marcel tomava conta da administração da empresa, Fernand Renault era o diretor
comercial, e Louis Renault era o engenheiro, e na altura, um simples assalariado da
companhia. No final do primeiro ano, a Renault tinha vendido 76 automóveis, e
Marcel Renault achou, como todos os outros construtores do seu tempo, que o
automobilismo era a melhor forma de divulgar os seus carros.
Assim sendo, em agosto de 1899,
participa na sua primeira corrída com a marca Renault, uma ligação entre Paris
e Trouville, na categoria de “carros leves”, onde graças ao seu pouco peso,
tornou-se o vencedor na sua categoria. A partir dali, começou a fazer nome quer
nas “voiturettes”, quer nos Carros Leves, onde Marcel, e depois o seu irmão
Louis, começaram a participar e a vencer corridas. Em 1900, chegaram a
participar na competição que fazia parte da Exposição Universal… e dos Jogos Olimpicos!
Aí, inscritos na categoria de “voiturette”, com peso a rondar os 400 quilos,
foram os melhores, bem como na corrida entre Paris e Toulouse, vencida na geral
por Alfred Velghe.
Em 1902, Marcel Renault e o seu
irmão Louis participam na competição entre Paris e Viena, onde os seus carros,
que tinham cerca de 650 quilos e potências na ordem dos 12 cavalos, conseguiram
resistir melhor aos carros mais pesados e terminar a corrida no primeiro lugar.
Foi Marcel que colheu os louros por este feito, graças a uma invenção do seu
irmão Louis: o veio de transmissão. A caixa de velocidades atrás do motor
estava ligada ao diferencial por um veio de transmissão que incluía semi-eixos
até às rodas, muito melhor do que as correias de transmissão usadas
anteriormente.
Com essas vitórias e essas
inovações, ambos os irmãos Renault estavam prontos para o desafio seguinte, que
era o rally-raid entre Paris e Madrid. A 22 de maio de 1903, beneficiando da
sua leveza e das suas inovações, Louis e Marcel Renault começaram por dominar a
corrida, com os seus carros leves, que faziam com que os carros pesados, logo,
os mais potentes, tentassem acompanhar da melhor maneira possível.
Na primeira etapa, que ia até Bordéus,
foi Louis que dominou os acontecimentos, enquanto que Marcel, que tinha partido
do meio do pelotão de inscritos, fazia uma rápida recuperação. Contudo, em
Couche-Vehác, perto de Poitiers, o pó levantado pela passagem dos carros
provocava um nevoeiro do qual Marcel Renault não conseguia distinguir, e acabou
por se despistar a mais de 100 km/hora, ferindo-o gravemente, e matando o seu
mecânico. Quando isto aconteceu, o seu irmão liderava a corrida e chegava nessa
posição à cidade francesa, mas as noticias em relação ao seu irmão o forçaram a
retirar-se da corrida.
Marcel Renault acabou por morrer
dois dias depois, aos 31 anos de idade.
O seu irmão Louis decidiu abandonar as corridas e concentrar-se na tecnologia,
fazendo da marca aquilo que é hoje. Quanto a Marcel, é lembrado hoje em dia num
monumento perto do local do seu acidente mortal.
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