Podem achar que é raro, mas isto foi mais frequente do que julgam. Neste GP da Bélgica de 1983, Andrea de Cesaris causou espanto ao liderar durante parte considerável da corrida, na frente do Renault de Alain Prost, dos Ferrari de Patrick Tambay e René Arnoux e dos Brabham de Riccardo Patrese e Nelson Piquet, antes de ter um problema na alimentação do seu Turbo, dando cabo da sua excelente corrida. Mas nem tudo foi mau: conseguiu ali a sua volta mais rápida, a unica da sua carreira.
Oito anos depois, em 1991, quase iria conseguir um resultado de relevo. A bordo da sua Jordan, De Cesaris na parte final da corrida era segundo classificado e aproximava-se a olhos vistos de Ayrton Senna, que tinha problemas com a sua caixa de velocidades. Contudo, a cinco voltas do fim, o seu motor Cosworth não aguentou e acabou por ceder. Caso tivesse aguentado, uma eventual vitória teria ofuscado os feitos do seu novo companheiro de equipa, um jovem alemão, então com 23 anos, chamado Michael Schumacher.
Num dia bom, De Cesaris era imbatível. Contudo, na década de 80, os carros eram velozes mas frágeis. E ele ia no limite, muitas vezes, saltando fora. Ficou famoso o seu fim de semana do GP da Holanda de 1981, onde destruiu dois carros em dois dias e a equipa o impediu de correr, por recear não ter um chassis suplente para John Watson. Foi por causa disso que ganho o famoso - e infame - apelido de "De Crasheris". Com o tempo, melhorou a sua condução, mas a década e meia a passar por quase todas as equipas do pelotão o fez com que tivesse uma carreira excepcionalmente longa. Mas o facto de ser o filho do representante da Marlboro em Itália ajudou muito, em termos de carteira.
A noticia da sua morte, esta tarde, em Roma, vítima de um acidente de mota, é um choque. E numa triste coincidência, acontece no dia em que todos os olhos do mundo automobilístico estão em Mie, no Japão, de respiração suspensa por causa do estado de saúde de Jules Bianchi, piloto da Marussia. Em suma, é um dia para esquecer para os adeptos do automobilismo. E para quem cresceu nos anos 80, na era Turbo, a admirar toda aquela gente, vai-se embora um pedaço da minha infância. Addio, Andrea.
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