Como se as coisas não se bastassem este maldito domingo, recebo a noticia no final desta tarde que o ex-piloto Andrea de Cesaris morreu nos arredores de Roma, vitima de um acidente de moto. Ele vinha sozinho numa Suzuki 650 quando perdeu o controlo, batendo contra um guard-rail, acabando por ter morte imediata. A sua última aparição pública tinha acontecido a 1 de maio, na homenagem a Ayrton Senna, em Imola, ao lado de mais alguns pilotos que tinham feito parte do pelotão de 1994.
Veloz e imprevisivel, ganhou o nome de "De Crasharis", mas apesar de muitos o gostarem de o ver fora da Formula 1, teve uma carreira invulgarmente longa no automobilismo. Correndo entre 1980 e 1994, passou por uma grande variedade de equipas: dez, em 15 temporadas. Alfa Romeo (duas vezes), McLaren, Ligier, Minardi, Brabham, Rial, Dallara, Jordan (duas vezes), Tyrrell e Sauber. Ao todo, fez 204 Grandes Prémios, tornando-se no piloto que fez mais corridas sem sequer vencer uma. Mas conseguiu ao todo cinco pódios, uma pole-position e uma volta mais rápida.
Apesar de muita velocidade sem controlo, com o passar dos anos, De Cesaris conseguiu dosear essa velocidade com maturidade, especialmente no inicio da década de 90, em lugares como a Jordan e Tyrrell, apesar de ter sido com a Alfa Romeo que fez a sua melhor temporada, em 1983, com dois pódios e 15 pontos, que lhe deu o oitavo lugar da geral.
Pouca gente se lembra que por algumas vezes, liderou corridas. E por duas vezes, esteve muito perto de vencer. E curiosamente, ambas foram em Spa-Francochamps. A primeira foi em 1983. Terceiro na grelha, surpreendeu Alain Prost e René Arnoux, pasando para a frente da corrida. Foi a sensação e aguentou-os por muito tempo, até que o seu turbo não resistiu. Mas pelo meio, ficou com a volta mais rápida. Oito anos depois, em 1991, no primeiro ano da Jordan, e apesar de naquele fim de semana estava a ser batido por um jovem Michael Schumacher, na parte final da corrida era segundo classificado e aproximava-se a olhos vistos de Ayrton Senna, que tinha problemas com a sua caixa de velocidades. Contudo a cinco voltas do fim, o seu motor Cosworth não aguentou e acabou por ceder.
Em 1994, depois de uma má temporada na Tyrrell, pensava-se que era o final da linha para o piloto italiano. Mas o castigo de Eddie Irvine na Jordan, após o seu acidente em Interlagos, e depois o grave acidente de Karl Wendlinger no Mónaco, fez com que tivesse uma carreira de mais dez corridas ao serviço da equipa de Peter Sauber, que o fez celebrar o seu 200º Grande Prémio, um feito que na altura apenas pilotos como Riccardo Patrese e Nelson Piquet tinham alcançado.
Após a sua saída da Formula 1, afastou-se do automobilismo, passando a dedicar-se ao windsurf, enquanto trabalhava na área da banca de investimento. A sua unica aparição aconteceu em 2006, ao serviço da GP Masters, a competição que reunia ex-pilotos de Formula 1, onde mostrou que ainda tinha qualidades.
Não vou negar que era admirador desse doido. Ao crescer naqueles anos 80, naquela era turbo, ver aquele piloto que tinha fama de destruidor de chassis, aquela velocidade crua e a sua capacidade de destruir carros, seja desgastando os seus materiais, seja porque perdia o controlo deles, mesmo durante aqueles anos 80, onde a potência era forte, mas o consumo e a durabilidade eram fracos, era algo demasiado forte. Guy Ligier, quando o despediu no final de 1985, afirmou que ele tinha feito "porque não tinha mais a capacidade financeira para o suportar". Contudo, ele omitiu um detalhe: era a Marlboro que lhe pagava o salário...
Aguentar quase quinze temporadas de Formula 1 foi um feito - também, o patrocinio da Marlboro italiana, que era chefiada pelo seu pai também ajudava... - mas causou um impacto na minha geração, que crescia não só a falar bem de Senna, Prost, Piquet ou Mansell, mas via também o pessoal do meio do pelotão - Warwick, Cheever, Johansson, Nannini, Patrese, Tambay, Boutsen, Berger, entre outros - cujos feitos mais ou menos improváveis faziam as nossas delicias naqueles domingos, nos nossos anos inocentes.
É por isso que para mim, dói ver partir uma sujeito como o Andrea de Cesaris. É uma parte da nossa infância que desaparece. Addio Andrea. Ars Lunga, Vita Brevis.
Aguentar quase quinze temporadas de Formula 1 foi um feito - também, o patrocinio da Marlboro italiana, que era chefiada pelo seu pai também ajudava... - mas causou um impacto na minha geração, que crescia não só a falar bem de Senna, Prost, Piquet ou Mansell, mas via também o pessoal do meio do pelotão - Warwick, Cheever, Johansson, Nannini, Patrese, Tambay, Boutsen, Berger, entre outros - cujos feitos mais ou menos improváveis faziam as nossas delicias naqueles domingos, nos nossos anos inocentes.
É por isso que para mim, dói ver partir uma sujeito como o Andrea de Cesaris. É uma parte da nossa infância que desaparece. Addio Andrea. Ars Lunga, Vita Brevis.
Uma grande figura na F1 dos anos 80...
ResponderEliminarera um sujeito divertido e trapalhão nas pistas...
deixava pilotos como Piquet tremendo de medo se tivessem que largar ao seu lado...
lamentável o ocorrido....
abs...