Por estes dias de agosto, quando recordei personagens como Manfred Winkelhock, Mark Donohue e agora Didier Pironi (em breve, vai ser Stefan Bellof), comecei a pensar como seria o mundo deles com todas as redes sociais que temos agora. Toda aquela agitação da opinião pública, a seguir nos Twitters e Facebooks da vida ao querer saber das novidades desses pilotos após os seus acidentes. É que, caso tenham seguido aquilo que escrevi sobre estes pilotos, nos casos de Winkelhock e Donohue, eles demoraram a morrer, respectivamente um e três dias.
Pergunto por vezes a mim mesmo como seria se tivesse um blog como tenho agora e escrever segunda sim, segunda não, o obituário de um piloto morto no dia anterior, porque bateu contra uma parede ou o carro pegou fogo após uma colisão. Talvez seria um teste aos nossos nervos, um teste à nossa razão porque adoramos um desporto que consome os nossos herois. Se escrevesse esse blog em julho de 1973, teria feito pelo menos dezasseis obituários, desde o de Gerry Birrell até ao de Roger Williamson, passado por Art Pollard ou Swede Savage. E ainda faltaria escrever, até ao final desse ano, de Francois Cevért, por exemplo.
O que quero dizer é que nos tempos que correm, as coisas avançaram muito, e o risco de morte é muito pequeno. Mas existe. E como costumo dizer, criou-se um falso sentido de segurança, de que nunca mais veremos mortes no automobilismo. Andamos a descobrir desde há seis anos para cá, desde os acidentes de Henry Surtees e Felipe Massa, que há um lugar vulnerável no automobilismo, que é o de proteger a cabeça de objetos voadores como pneus ou pedaços de asa. E é por causa disso que faz sentido quando dizemos que o automobilismo é perigoso, continua a ser perigoso e nunca deixou de ser perigoso, apesar dos tilkódromos, das escapatórias em alcatrão, dos chassis em fibra de carbono, dos HANS e capacetes reforçados para impactos com molas.
Este ano está a ser particularmente cruel no automobilismo. A Formula 1 zerou uma contagem com 21 anos e a IndyCar chora outra morte, menos de quatro anos após a sua última. Em pouco mais de um mês, falamos e Jules Bianchi e agora de Justin Wilson, e começamos a discutir os elefantes na sala, e o maior dele é o cockpit fechado. Não acho que seja "a" solução para resolver os problemas, mas algo tem de ser feito, e já.
Sobre isso, não quero dizer muito - porque escrevi sobre isso num artigo que será publicado daqui a uns dias no Nobres do Grid - mas quero dizer isto: a FIA está - diz-se - há quatro anos a estudar a ideia dos cockpits fechados. Contudo, não tem apresentado resultados nem diz nada sobre se isso é ou não é viável. Vi um video, algures em 2010 ou 2011 (não sei precisar a data) sobre testes de vidros e roll-bars contra objetos como pneus e molas, e desde então, não ouvi nada. Sei que há prós e contras nos vários estilos que tem sido propostos, e ainda por cima, vi um exemplo de como não se deve ter "canopys" quando na Áustria, o carro de Kimi Raikkonen ficou preso no de Fernando Alonso e este teve dificuldades em sair, ainda por cima, quando o socorro demorou mais de um minuto para tirar o finlandês de lá.
Temo também que uma das razões para toda esta demora seja a atitude da própria FIA sobre isso. As queixas que o Gary Hartstein faz recentemente sobre a postura que a FIA tem sobre a segurança com Jean Todt ao leme. Não há muitos dias, ele criticou Jean Todt por dizer que a agenda dele é ele mesmo. Se assim for, é grave. E desde 2011, tivemos o caso de Jules Bianchi.
Temo também que uma das razões para toda esta demora seja a atitude da própria FIA sobre isso. As queixas que o Gary Hartstein faz recentemente sobre a postura que a FIA tem sobre a segurança com Jean Todt ao leme. Não há muitos dias, ele criticou Jean Todt por dizer que a agenda dele é ele mesmo. Se assim for, é grave. E desde 2011, tivemos o caso de Jules Bianchi.
Agora oiço hoje que a FIA vai fazer testes na próxima semana sobre o cockpit fechado. A ser verdade, é por reação e não por ação. Francamente, não gosto, deveriam ser eles a ter a iniciativa e não por pressão popular. E francamente, mesmo não sendo fã do cockpit fechado, sou pragmático e tenho de ceder aos factos, em nome da segurança. Resta saber qual é o sistema mais eficaz.
Contudo, em jeito de conclusão, tenho de dizer que automobilismo será sempre perigoso. Cabe a nós todos colocar um nível de tolerância aceitável nesta atividade.
Querem acabar com as mortes no automobilismo de pistas?
ResponderEliminarÉ bem simples, usem carros telecomandados (há tecnologia para tal) e tirem os espectadores/comissários das imediações das pistas.
Sejamos francos, os acidentes (e as mortes deles resultantes) fazem parte do ADN do desporto motorizado, retirem isto ao desporto e ele próprio morrerá.