domingo, 29 de novembro de 2015

Formula 1 2015: Ronda 19, Abu Dhabi (Corrida)

Ainda não tenho uma resposta sobre como encarar Abu Dhabi no calendário. Tanto se pode amar ou odiar, dependendo sempre da corrida que lá acontecer. Os de 2010 e de 2012 está nos anais do memorável por causa da agitação que deu e dos incidentes que aconteceram, que resultaram no primeiro título de Sebastien Vettel ou na primeira vitória de Kimi Raikkonen após o seu regresso à categoria máxima do automobilismo, mas nos outros anos, a corrida árabe é das mais aborrecidas e das mais artificiais do campeonato, o símbolo do que é a Formula 1 atual, onde é mais importante o que está à volta do que o que está na pista.

E num ano em que tudo é previsível - sejamos honestos, a última temporada excitante provavelmente foi 2012 - este final de temporada, depois de tudo decidido, foi uma pequena angustia que nos faz lembrar aqueles garotos que ficam connosco no nosso carro andam a nos questionar com aquela frase clássica: "falta muito para lá chegarmos? E Abu Dhabi faz lembrar a sua vizinha Dubai: tudo cheira a novo, tudo é artificial, sem emoção.

Quando sabemos quem vai ganhar, e em que carro andará, este torna-se no nosso maior teste para saber se vale a pena sentar-se à frente da televisão para ver a corrida, ou procurar pela Net por aquele link clandestino para podermos ver a corrida sem termos de pagar, amaldiçoando Bernie Ecclestone por ser o vampiro sugador de dinheiro que conhecemos. E quem ainda acha que vale a pena ver a corrida por esperar o inesperado, fica a pensar porque é que não estamos nos tempos em que isto era uma corrida de resistência para ver quem chegava ao fim e veríamos seis ou oito carros a chegar ao fim, com um rasto de desistências e onde os mais pequenos, num dia de sorte, estariam a comemorar um quinto lugar como se fosse uma vitória. Mas os tempos de bodo aos pobres já acabaram... 

A largada foi normal na frente, mas atribulada atrás. Sebastian Vettel andava a tentar recuperar alguns lugares, mas quase foi eliminado por Fernando Alonso, que não parou a tempo, tocou no seu carro e no Lotus de Pastor Maldonado, que acabou por eliminar o piloto venezuelano. E se o alemão não teve nada de especial (acabou por recuperar até ao quarto lugar final), o espanhol arrastou-se até às boxes e... continuou! Pior sorte teve Maldonado, que desta vez, foi vitima. Após isso, os comissários de pista analisaram o incidente e decidiram que ele teria de ser penalizado com "drive through", ficando cada vez mais atrás...

Nas voltas seguintes, Rosberg começou a abrir uma diferença para Hamilton, quase a mostrar ao mundo que a Mercedes, depois de resolver a questão do título, resolveu "germanizar" um pouco mais, mostrando ao mundo que eles têm dois pilotos capazes de alcançar títulos. Atrás, Daniel Ricciardo conseguiu livrar-se de Nico Hulkenberg para o quinto posto, enquanto que atrás, Sebastien Vettel recuperava lugar atrás de lugar, para chegar aos pontos.

A primeira ronda das boxes, por alturas da décima volta, estava a acontecer sem grandes problemas até à vez de Valtteri Bottas, que quando saiu do seu lugar, bateu na traseira de Jenson Button e arrancou a frente do seu Williams, perdendo a sua chance de pontuar. E foi nessa altura que Nico Rosberg e Lewis Hamilton faziam as suas primeiras paragens. Aliás, o único que não parava, com uma estratégia diferente, era Vettel. E alcançava o seu objetivo, quando chegou ao quarto posto.

A partir dali, não houve grande história. Apesar de Vettel ter caído para o sexto posto após a sua paragem nas boxes - lugar ocupado por Sergio Perez - ele recuperou rapidamente quando colocou os pneus supermacios. Na frente, apesar das trocas, Hamilton tentou aproximar-se de Rosberg, mas não conseguiu muito. Atrás, Kimi Raikkonen manteve o terceiro lugar, mesmo que na volta 32 as coisas terem corrido um pouco piores na troca de pneus.

No final de uma corrida aborrecida, a hierarquia atual: Nico Rosberg foi o grande vencedor, seguido por Lewis Hamilton e por Kimi Raikkonen, que certamente vai detestar o "pseudo-champanhe" do pódio árabe, e na frente de Sebastian Vettel, Sergio Perez e Daniel Ricciardo. 

No meio do fogo de artificio da noite árabe, terminou a temporada de 2015 da Formula 1, mas uma de dominio dos Flachas de Prata, numa era demasiado artificialista para estas bandas e me faz questionar pela primeira vez em muito tempo sobre se vale a pena seguir esta competição, numa altura em que surgem alternativas interessantes como a Formula E, o Mundial de Endurance, entre outros. 

E é provável que em 2016 iremos ver mais do mesmo, em mais tilkódromos, em lugares de qualidade duvidosa em termos de direitos humanos, numa Formula 1 que está a ser cada vez mais uma caricatura de si mesma. Veremos.

1 comentário:

  1. Ainda bem que a temporada de 2015 terminou.
    Que a temporada de 2016 seja o ano de Nico Rosberg ser campeão, porque um terceiro vice já é demais!!!!

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...