segunda-feira, 2 de novembro de 2015

No Nobres do Grid deste mês...


Acerca de Bernie Ecclestone, aprendi a não acreditar em nada do que ele diz, de considerar todas as suas declarações como disparates, porque ele é um manipulador de primeira. Sempre quis mandar as suas intenções a um grupo de jornalistas à sua escolha - que Joe Saward teve a felicidade de os batizar de "papagaios" - para poder agitar o meio no sentido de desviar a atenção de outras coisas mais pertinentes. Nos últimos 45 anos, Ecclestone chegou e moldou a Formula 1 à sua maneira, acumulando imensa riqueza, primeiro como o dono da Brabham, e depois como o dono da Formula 1, chegando ao ponto de ele em 1991 escolher um amigo seu e advogado, Max Mosley, como presidente da FIA, cargo que ocupou durante 17 anos. 

A eleição do britânico Mosley, filho de Oswald Mosley, o presidente dos fascistas britânicos nos anos 30, foi uma espécie de vingança sobre a pessoa que mais dificultou a sua vida, o francês Jean-Marie Balestre, (mas para ser honesto, nem um nem outro foram flores que se cheirem, digo já...) e enquanto ele foi o seu presidente, Mosley fez de tudo para que a FIA quase passasse para a sua insignificância, primeiro diminuindo a concorrência interna - desmantelando o Mundial de Endurance em 1992 para atrair os construtores para a Formula 1, por exemplo - e depois, em 2001, fazer um acordo em que dava à FOM a sua parte do dinheiro das transmissões televisivas, num acordo com uma duração de... cem anos (sim, leram bem, um século!), em troca de cem milhões de dólares, ao longo de dez anos. Uma pechincha, se querem que lhes diga.

Afastado da FIA em 2009 por pressão dos construtores da Formula 1 (a famosa FOTA), Mosley esteve nestes anos mais atento a si mesmo - o famoso caso da orgia sado-maso-nazi gravado pelo infame "News of the World" - mas parece que, aos 75 anos, poderá estar a ensaiar um regresso, de novo levado por... Ecclestone. Uma entrevista passada no passado domingo pelo canal alemão de televisão ZDF, afirmou que pretende "rasgar os regulamentos e começar tudo de novo", mas a razão porque quer fazer tem a ver com a atual situação, onde os construtores tem muito poder, e a FIA só admite motores V6 Turbo híbridos, algo que Ecclestone sempre abominou... depois de entender o que isso poderia fazer, ele que em termos de engenharia, sempre foi um zero à esquerda.

(...)

Quanto à abominação pelo "barulho" dos V6 Turbo é o preço a pagar pelo facto de termos motores híbridos e cada vez mais eficientes, e cada vez menos poluentes. A Formula 1, se quiserem, é uma manifestação de tecnologia, e a tendência atual é de mostrar que esta quer contribuir para a diminuição da poluição e ajudar a combater o aquecimento global, e deixar de ser apontada como uma competição desfasada com o mundo. Contudo, algo do qual poucos falavam se tornou de repente no assunto do momento, em muitos aspectos incentivada pelo próprio Ecclestone.

Sobre este caso em particular, recorro ao jornalista britânico Joe Saward, que no dia 20 de outubro escreveu sobre isso no seu blog: "O tipo de motores [V6 Turbo] são exatamente aqueles que precisa a F1. Eles são relevantes e a sua pesquisa é útil para a indústria. Fabricantes de carros precisam reduzir as emissões, não só para "salvar o mundo", mas também para atender aos rigorosos padrões que os governos emitem. A Formula 1 ainda é barata quando se olha para a despesa em pesquisa e desenvolvimento dentro na indústria automobilística. O problema é que tem de ser necessário que haja regras sobre o abastecimento de motores a clientes a um preço máximo. Mais fabricantes viriam se o desporto mudasse a sua imagem."

O que não se fala por aqui são outras coisas, e uma delas é a abominação que Ecclestone têm com o conceito de democracia. Não tanto sobre a ideia de beijar os pés a ditadores ou a "homens fortes" (o caso de Vladimir Putin no último GP russo é o mais recente exemplo), mas sobre a ideia das decisões colegiais, onde se chegam a consensos sobre determinados assuntos. (...)

No passado dia 28 de outubro, Bernie Ecclestone comemorou 85 anos de idade e andou ultimamente a queixar-se de que não tinha mais o controlo absoluto do passado. um controlo que colocou Max Mosley no poder e fazer os regulamentos à sua maneira. Agora, sem ele, todas as modificações que ele gostaria de fazer não tem efeito, principalmente em relação aos motores V6 Turbo, que os acha "demasiado silenciosos". E para piorar as coisas, a entrada em cena do Grupo de Estratégia, que coloca as seis principais equipas de Formula 1, e onde se define coisas como os carros, motores e até a distribuição de dinheiros, fez com que Ecclestone tenha perdido o pé para coisas como o problema da Red Bull...

Tudo isto e muito mais pode ler este mês no site Nobres do Grid

1 comentário:

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...