Faz hoje precisamente 30 anos que um piloto português alcançou a sua única vitória no WRC. E as circunstâncias dessa vitória são bastante conhecidas. Joaquim Moutinho foi o grande beneficiário de um rali de Portugal considerado com um dos mais agitados de sempre.
Dois dias antes, o seu grande rival, Joaquim Santos, perdera o controlo do seu Ford RS200, matando três pessoas, na Lagoa Azul, no culminar de um tempo onde os carros eram cada vez mais velozes e os espectadores eram cada vez mais numerosos. Só na Serra de Sintra, onde as classificativas eram feitas, em norma estavam entre 300 e 500 mil pessoas, grande parte delas vindas de Lisboa, para assistir ao espectáculo.
Com o acidente, os pilotos de fábrica tomaram a radical decisão de boicotar o resto do rali, mesmo contra as recomendações da FIA, deixando o resto do rali para os carros de Grupo A, e os melhores portugueses. Santos e Moutinho tinham uma rivalidade que existia desde meados de 1983, com o primeiro, num Ford, e o segundo, num Renault 5 Maxi Turbo como vemos na foto. Santos tinha sido campeão em 1983 e 1984, este último depois de uma decisão controversa no rali do Algarve, onde sabotaram o Renault de Moutinho, colocando troncos pelo caminho, para furar os pneus. Moutinho venceu em 1985, apenas porque o Ford Escort 1800 de Santos já dava sinal da idade, e sofria porque a Ford não tinha feito um carro de Grupo B quando deveria ter feito.
No final, foi um passeio de Moutinho, pois o segundo classificado, o seu compatriota Carlos Bica, ia num Lancia 037, e ambos tinham dado distância ao Fiat Uno de Giovanni del Zoppo, num carro de Grupo A. Moutinho iria correr por mais algumas temporadas, vencendo o campeonato de 1986, mas depois retirou-se, dando lugar aos quatro títulos de Bica, a bordo dos Lancia Delta.
E o carro que vêm já não existe: ardeu durante o Rali dos Açores desse ano.
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