(...) Na Córsega, os pilotos tinham pela frente 24 classificativas, todas em asfalto, e que iriam acontecer ao longo de três dias. E aqui, a disputa entre Lancia e Peugeot continuava, com o os italianos a inscreverem três Delta S4 para Toivonen, Alen e o italiano Massimo Biasion, enquanto que a Peugeot tinha três 205 Ti16 para o finlandês Timo Salonen, o campeão do mundo em título, e os franceses Bruno Saby e Michele Mouton.
A Audi estava a deixar os ralis, e não alinhava nesta prova, bem como a Ford, e a Toyota apenas alinhava nas provas africanas. Apenas a MG Rover é que fazia uma aparição, com três carros para os britânicos Tony Pond e Malcom Wilson, e um jovem francês chamado Didier Auriol. (...)
(...) Mal foi dada a bandeira de largada, começou o duelo franco-italiano. Bruno Saby começava a dar nas vistas, dado o seu conhecimento das estradas francesas, mas era Henri Toivonen não só a andar a par, como também a superar os Peugeot. Depois das classificativas iniciais, o finlandês já tinha aberto uma vantagem superior a um minuto, quando chegaram ao final do primeiro dia, em Ajaccio, a capital corsa.
Toivonen, que tinha vencido em Monte Carlo, queria ter mais uma vitória no seu palmarés para que relançasse a sua candidatura ao título mundial. Tinha desistido na Suécia e aderido ao boicote em Portugal, e não participara no rali Safari. Logo, era apenas o quinto classificado, mas com uma forte hipótese de liderar o campeonato, se saísse da Corsega como vencedor. (...)
(...) Na Córsega, Toivonen era visto como um dos favoritos à vitória, mas tinha Markku Alen, cinco anos mais velho do que ele, como uma força a ter em conta. E parecia que ele era o piloto que conseguia lidar melhor com os carros do Grupo B, crescentemente mais velozes… e mais leves. Com chassis tubulares e capas de fibra de vidro, a proporção peso-potência poderia ser de 1 para 1, pois para um carro de 500 cavalos, o peso total muitas vezes rondava… os 500 quilos. Carros crescentemente perigosos, e os pilotos ficavam muito cansados.
E na Corsega, Toivonen tinha um segredo guardado: estava engripado. (...)
Há precisamente 30 anos, terminava a Volta à Córsega de 1986, uma prova que iria mudar o panorama dos ralis para sempre. A quinta prova do Mundial de Ralis desse ano estava a ser dominada pela Lancia, que tinha o finlandês Henri Toivonen como o líder do evento. Contudo, na 18ª classificativa, feita na tarde do dia 2 de maio, revelou-se fatal para ele e para o seu navegador Sergio Cresto, que acabaram por morrer, vitimas do incêndio que se seguiu à queda do seu Delta S4 por uma ribanceira abaixo.
A Lancia retirou-se do rali, em sinal de luto, e a FISA, então comandada por Jean-Marie Balestre, que tinha estado debaixo de fogo por ter criticado a decisão dos pilotos após o seu boicote ao Rali de Portugal, marcado pelo acidente de Joaquim Santos, foi célere, banindo os Grupo B no final dessa temporada, sendo substituído pelos Grupo A.
E é sobre este rali que mudou tudo que falo este mês no Nobres do Grid.
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