"Quando a Autosport estava prestes a ir para a impressora, na terça-feira à tarde, recebemos na redação a triste noticia de que Bruce McLaren tinha morrido num acidente durante uma sessão de testes em Goodwood. As primeiras informações dão conta de que o seu motor rebentou a cerca de 180 milhas por hora (290 km/hora) quando Bruce ia de prego a fundo na Lavant Straight, deslizou para um banco de terra e o carro se desintegrou.
É impossível saber onde começar quando recordamos Bruce e a sua contribuição para o automobilismo nos doze anos que esteve na Europa, pois cobriu os sucessos que teve como piloto de Grandes Prémios, provas de Endurance e na CanAm Series, como construtor e astuto homem de negócios, ajudando a construir uma bem sucedida equipa, desenhando e fabricando automóveis para venda, ganhando grandes somas de dinheiro, exportando carros para os Estados Unidos e para o resto do mundo.
Todos conheciam Bruce; era o mais amigável e o mais despretensioso dos pilotos do pelotão. Nós aqui no Autosport conheciamo-nos bem por ter sido o nosso contribuidor regular na nossa coluna 'Do Cockpit' durante muito tempo. (...)"
Era assim que começava o obituário de Bruce McLaren no Autosport da primeira semana de junho de 1970, faz agora 46 anos. A imagem dada pela revista sobre fundador da marca é exatamente igual à aquela que foi dada por todos os que conviveram com ele. Já contei por aqui os testemunhos que Tyler Alexander, outro dos fundadores da marca, deu sobre ele, sobre alguém que não tinha um pingo de inveja, amargura ou ódio, que sempre trabalhou para o seu amor ao automobilismo, alguém que era muito bom em mecânica e tinha jeito para guiar, e pelo meio venceu cinco Grandes Prémios, foi o primeiro a vencer a bordo do seu próprio carro, ganhou a Can-Am e antes disso, as 24 horas de Le Mans.
O obituário de uma revista como a Autosport reflete bem mais do que o mero choque da perda de alguém importante, num desporto particularmente mortal naqueles tempos. Foi também o desaparecimento de alguém único pela maneira como se comportava na vida, do qual todos adoravam por isso. E é por isso que após esse tempo todo, muitos ainda sentem a sua perda. Mas hoje em dia, o legado da McLaren continua presente, mais vivo do que nunca nos seus carros "papaya orange".
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