O piloto francês André Guelfi, um dos últimos sobreviventes dos primórdios da Formula 1, morreu ontem aos 97 anos de idade, na ilha de São Bartolomeu, nas Caraíbas. Conhecido também pelo apelido de "Dedê la Sardine", foi também um importante homem de negócios, que fez fortuna na industria de conservas de peixe, que no seu Marrocos natal, quer depois em França, onde se associou com Bernard Tapie, algo que mais tarde o deixou em sarilhos.
Pelo meio, ficou o seu amor ao automobilismo, que resultou na participação no GP de Marrocos de 1958, a bordo de um Cooper de Formula 2. Até hoje, era o piloto mais velho ainda vivo, depois da morte de Robert de la Caze, há quase um ano.
Nascido a 6 de maio de 1919 em Mazagão, Guelfi era filho de um militar corso que estava ali colocado por alturas do seu nascimento. Com muito jeito para os negócios, cedo começou a ganhar dinheiro sendo guia turístico na sua cidade natal. Aos 16 anos, trabalha para um banco local e com os rendimentos, decidiu investir na industria de sardinhas, comprando e modificando barcos para colocar frigoríficos, permitindo conservar as sardinhas por mais tempo em alto mar.
Durante a II Guerra Mundial, alistou-se no exército francês como motorista e a sensação de velocidade o faz pensar no desejo de correr, mas foi apenas no final da guerra que se virou para o automobilismo. Comprou um Delhaye, mas em 1953 trocou por um Gordini e as coisas correram-lhe melhor, especialmente nas pistas marroquinas e europeias. Entrou nas 24 Horas de Le Mans, ao lado de Jean Behra, mas não chegou ao fim. O seu melhor resultado aconteceria em 1954, onde foi sexto, ao lado de Jacky Pollet. No ano a seguir, tornou-se campeão marroquino e venceu as 12 Horas de Casablanca.
Em 1958, Guelfi foi correr à Europa, onde andou num Cooper de Formula 2, conseguindo um segundo lugar em Montlhery, atrás de Henry Taylor, e no final do ano, participou no GP de Marrocos, a prova final dessa temporada, onde acabou no 15º posto.
Passado pelo automobilismo, manteve os seus negócios até ao inicio dos anos 70, quando emigrou para a França, casando-se com uma sobrinha do então presidente, Georges Pompidou - e outro entusiasta pelo automobilismo. Ganhou uma fortuna no imobiliário, que lhe deu para comprar uma elegante mansão no Lago Genebra, na Suíça, e pelo meio, adquiriu a firma de artigos desportivos Le Coq Sportif.
Contudo, foi a sua associação com Bernard Tapie e com a Elf que o colocou nas luzes da ribalta, pelos piores motivos. Os escândalos, que rebentaram ao longo da década de 90, fizeram com que ele passasse pelos tribunais, acabando por ter uma sentença de três anos de prisão e mais de um milhão de euros de multa. Contudo, a pena acabou por ser suspensa, depois de alguns recursos, e Guelfi acabou por se retirar para as Caraíbas, não sem antes escrever as suas memórias da uma vida longa e agitada.
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