O "Parc Fermé" durante o Rali de Sanremo de 1986. Há precisamente 30 anos, nesta quinta-feira, começava o rali italiano, a contar para o Mundial de Ralis desse ano. Contudo, numa temporada cheia de polémicas e tragédias, este rali italiano ficou marcado pela polémica e pela farsa, numa altura em que o Grupo B já tinha marcada a sua extinção na agenda, para o final dessa temporada.
O rali era a "casa" da Lancia que, ferida com a perda de um dos seus pilotos no Rali da Córsega, queria mesmo ganhar, para ter a chance de alcançar o triunfo no Mundial de Cosntrutores e de pilotos, com Markku Alen e o jovem italiano Massimo Biasion. Do outro lado, tínhamos a Peugeot, com o seu diretor desportivo, o francês Jean Todt, e pilotos como os finlandeses Timo Salonen e Juha Kankkunen.
Nesses tempos, os ralis eram longos - este em particular tinha cinco dias de duração - os tipos de asfalto eram mistos - asfalto e terra - e os comissários de pista normalmente não eram totalmente neutros. Principalmente em Itália, que tinha a fama de levar as suas marcas ao colo: na Formula 1 era a Ferrari, nos ralis poderia ser a Fiat ou a Lancia.
Por causa de acontecimentos como os da Lagoa Azul, a organização estava bem severa em relação ao comportamento dos espectadores. Qualquer pessoa a pisar o risco implicava o anulamento puro e simples da especial.
Mas foi no final do terceiro dia que a polémica alcançou o rali. A Lancia protestou as aletas laterais dos Peugeot 205, alegando que estavam ilegais. A organização acedeu aos pedidos e decidiu excluí-los, pura e simplesmente. Só havia três carros da marca presentes nessa altura: os de Kankkunen, o francês Bruno Saby e o italiano Andrea Zanussi. Aparentemente, essas "aletas" estavam a criar um efeito-solo que tinha sido proíbido... na Formula 1 (o famoso anexo J). A Peugeot dizia que isso já estava nos seus carros... desde o Rali de Portugal, seis meses antes. Resultado final: Todt decidiu apelar à FIA, que como sabem, era presidida pelo francês Jean-Marie Balestre.
No fim, os Lancia ganharam o rali, e Markku Alen acabou por ser coroado campeão do mundo de pilotos. Mas apenas por... onze dias. Então, a 18 de dezembro de 1986, a FIA optou pelo mal menor: os resultados do rali foram anulados, fazendo com que este tivesse o estatuto de "extra-oficial" e a Lancia ficou com o Mundial.
Os Grupo B foram "sepultados", mas a partir de 1987, a Lancia passaria a competir "sozinha" no Grupo A (havia os Mazda, Nissan e Toyota mas até ao final da década não eram ameaça aos dominantes Delta), enquanto que a Peugeot iria correr nos "rally-raid", ou seja, o Dakar, com os 2015 e 405, dominando-os até meados da década seguinte. Só voltariam no fim da década de 90, com os WRC, e depois de Todt sair dali para ser o manda-chuva da Ferrari, criando outras páginas de glória no automobilismo.
O rali era a "casa" da Lancia que, ferida com a perda de um dos seus pilotos no Rali da Córsega, queria mesmo ganhar, para ter a chance de alcançar o triunfo no Mundial de Cosntrutores e de pilotos, com Markku Alen e o jovem italiano Massimo Biasion. Do outro lado, tínhamos a Peugeot, com o seu diretor desportivo, o francês Jean Todt, e pilotos como os finlandeses Timo Salonen e Juha Kankkunen.
Nesses tempos, os ralis eram longos - este em particular tinha cinco dias de duração - os tipos de asfalto eram mistos - asfalto e terra - e os comissários de pista normalmente não eram totalmente neutros. Principalmente em Itália, que tinha a fama de levar as suas marcas ao colo: na Formula 1 era a Ferrari, nos ralis poderia ser a Fiat ou a Lancia.
Por causa de acontecimentos como os da Lagoa Azul, a organização estava bem severa em relação ao comportamento dos espectadores. Qualquer pessoa a pisar o risco implicava o anulamento puro e simples da especial.
Mas foi no final do terceiro dia que a polémica alcançou o rali. A Lancia protestou as aletas laterais dos Peugeot 205, alegando que estavam ilegais. A organização acedeu aos pedidos e decidiu excluí-los, pura e simplesmente. Só havia três carros da marca presentes nessa altura: os de Kankkunen, o francês Bruno Saby e o italiano Andrea Zanussi. Aparentemente, essas "aletas" estavam a criar um efeito-solo que tinha sido proíbido... na Formula 1 (o famoso anexo J). A Peugeot dizia que isso já estava nos seus carros... desde o Rali de Portugal, seis meses antes. Resultado final: Todt decidiu apelar à FIA, que como sabem, era presidida pelo francês Jean-Marie Balestre.
No fim, os Lancia ganharam o rali, e Markku Alen acabou por ser coroado campeão do mundo de pilotos. Mas apenas por... onze dias. Então, a 18 de dezembro de 1986, a FIA optou pelo mal menor: os resultados do rali foram anulados, fazendo com que este tivesse o estatuto de "extra-oficial" e a Lancia ficou com o Mundial.
Os Grupo B foram "sepultados", mas a partir de 1987, a Lancia passaria a competir "sozinha" no Grupo A (havia os Mazda, Nissan e Toyota mas até ao final da década não eram ameaça aos dominantes Delta), enquanto que a Peugeot iria correr nos "rally-raid", ou seja, o Dakar, com os 2015 e 405, dominando-os até meados da década seguinte. Só voltariam no fim da década de 90, com os WRC, e depois de Todt sair dali para ser o manda-chuva da Ferrari, criando outras páginas de glória no automobilismo.
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