O sucesso da Tesla mostrou que os automóveis elétricos será um futuro do qual poucos se atrevem a contrariar. Mas não houve, ainda agora, outras marcas que estejam dispostas a concorrer com a marca californiana fundada por Elon Musk. Para além das marcas ditas tradicionais - que agora começam a construir modelos elétricos, como a Jaguar, Renault, Nissan, Volkswagen e outros - não houve até agora outras marcas de automóveis elétricos capazes de se erguer do zero e acompanha a Tesla nesta revolução. Houve a Fisker, mas esta faliu em 2013, para agora ressuscitar este ano (como Karma) com capitais chineses.
Contudo, desde 2015 que se fala de um potencial concorrente à Tesla. É também californiana, tem capitais chineses e está a construir uma fábrica gigantesca, embora mais pequena que a Tesla. Contudo, há dúvidas e confusão sobre quem são e quem irá dar a cara por eles, e enquanto não lançarem o seu primeiro carro comercial, algures em janeiro, haverá mais dúvidas do que certezas. Falo da Faraday Future.
Fundada em 2014, a sua sede é em Gardenia, na California, e tem cerca de mil empregados. Até agora, anunciou que ia investir mil milhões de dólares na construção de uma fábrica no estado do Nevada, do qual já arrancaram as obras para a sua construção. Entretanto, estão a desenvolver um veículo que anunciam ser o "anti-Tesla", um "crossover" semelhante ao Model X que poderá ter até 15 por cento mais potente do que o Tesla Model S. Para além disso, tem andado a investir na Dragon Racing, na Formula E, que adotou o nome da companha.
Contudo, o seu percurso está chgeio de polémicas. No inicio do ano, a Faraday Future apresentou um "concept" de mil cavalos, um supercarro elétrico cujo desenho faz lembrar o Batmobile dos anos 60. Essa apresentação causou controvérsia, por causa da expectativa sobre o carro, do qual julgavam que seria um carro para competir com o Tesla Model S. E causou ainda mais dúvidas sobre o que seria o projeto Faraday Future.
Desde que se soube do projeto, começou-se a ver quem seriam os seus financiadores. Um deles é a chinesa LeEco, cujo fundador e presidente é Jia Yueting (na foto). O conglomerado de empresas não investe só nos automóveis, como também noutras áreas como o as comunicações móveis e este ano, adquiriu a Vizio, um fabricante de artigos eletrónicos. Contudo, Yuteng, de 43 anos, parece estar numa espécie de "shopping spree" e pode ter avançado mais no passo do que na perna. No passado dia 7 de novembro, admitiu, numa carta aos seus empregados, que houve uma quebra nas receitas devido à exagerada velocidade dos seus investimentos, e por causa disso, a sua fortuna pessoal caiu cerca de 150 milhões de dólares. E que até ao final do ano, estaria disposto a receber apenas "1 yuan", ou 15 cêntimos de euro, até que se resolvam os problemas de liquidez e modere a velocidade de expansão das suas empresas para fora da China.
E o que tem a ver com a Future Faraday? Tudo. Yueting e a sua LeEco apresentaram em abril a LeSEE, um carro autónomo e até agora, tinha arranjado investimentos na ordem dos 1.08 mil milhões de dólares para o seu desenvolvimento. Esse carro seria desenvolvido na California, nas instalações da Faraday - ou pelo menos, com a tecnologia da Faraday - e desde há muito se fala das dúvidas sobre a viabilidade desse projeto como sendo mais um dos projetos demasiado ambiciosos de Jia. Meses antes, em abril, Wang Zheng, analista financeiro de Xangai, advertia para que evitassem as ações da LeEco, enquanto que outro analista dizia que a empresa iria ter problemas de liquidez num futuro próximo.
E quando aconteceu, todos esses problemas vieram à superfície. Uma das consequências é que as obras na fábrica do Nevada foram interrompidas, até que consigam pagar 300 milhões de dólares de garantias para a continuação do projeto.
Em muitos aspectos, o projeto do carro de estrada da Faraday Future tornou-se algo crucial para o sucesso do projeto, sob pena de ser outro Fisker. As desconfianças e o cepticismo são muitos, e as mais recentes noticias fazem ainda perigar mais o projeto. Resta saber se o carro for um sucesso e possa gerar um volume de encomendas suficientemente grande para cobrir as despesas de produção. E numa altura em que há uma enorme procura por carros elétricos - pode-se ver na lista de dois anos de espera que a Tesla tem para o seu modelo 3, o mais barato do marcado - ter mais um ou dois projetos viáveis, para mostrar carros baratos e funcionais, para fazer a transição para um mundo pós-combustivel, seria o ideal.
Contudo, o projeto da Faraday Future apresenta neste momento mais dúvidas do que certezas.
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